Desconfiados do seu Governo, romenos mantêm protesto pela democracia
Executivo tentará manter algumas provisões da lei que descriminaliza abuso de poder e anula algumas penas de prisão. (...)

Desconfiados do seu Governo, romenos mantêm protesto pela democracia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Executivo tentará manter algumas provisões da lei que descriminaliza abuso de poder e anula algumas penas de prisão.
TEXTO: Sete dias de protestos consecutivos em noites de temperaturas negativas, que chegaram a ter cerca de 300 mil pessoas na Praça da Vitória, em Bucareste. A dada altura os manifestantes accionam as luzes dos telemóveis e a praça ilumina-se em flashes. Uma menina tem um cartaz que diz: “Estou numa aula de História”. Os romenos mantiveram-se na rua a protestar contra o Governo. Mesmo apesar de este se comprometer a retirar uma polémica lei que descriminalizava abusos de poder cujos prejuízos financeiros fossem menores do que 44 mil euros. “Não acreditamos em vocês!”, gritava-se nos protestos. “Não vamos desistir. ” Manifestantes e analistas concordavam que há uma grande hipótese de o Governo tentar manter uma parte da lei, que para além da descriminalização do abuso de poder ainda previa um perdão para penas inferiores a cinco anos. A rejeição da lei terá de ser levada a plenário para ser votada. “Não acredito que o Parlamento rejeite a anulação da lei”, comentou o professor de ciência política Sergiu Miscoiu, da Universidade Babes-Bolyai, à Reuters. “Mas [o Governo] pode tentar pôr algumas das medidas contestadas num projecto de lei na alteração ao código penal. ” O comentador Christian Patrasconiu resumia o sentimento geral: “Tudo parece suspeito. ”Duas provisões da lei parecem feitas à medida de uma pessoa: Liviu Dragnea, o líder do partido Social-Democrata. Dragnea foi condenado a uma pena suspensa de dois anos por fraude eleitoral, e só por isso não pôde ser primeiro-ministro: após ter vencido as eleições de Dezembro de 2015, o partido escolheu um seu protegido, Sorin Grindeanu, para a chefia do Executivo. Dragnea está ainda a ser julgado por suspeitas de ter pago a funcionários do partido pelos cofres do Estado – em que lesou o erário público em 24 mil euros, menos do que o limite da nova lei. O líder do partido tem sido uma das vozes dos sociais-democratas mais presentes durante este período de protestos: foi ele (e não o primeiro-ministro) quem primeiro pôs hipótese de um recuo do Governo no sábado. Foi também ele que garantiu esta segunda-feira que o Governo – acabado de vencer as eleições em Dezembro de 2016 – não tinha qualquer razão para se demitir. Os sociais-democratas venceram as eleições com promessas de aumentar o salário mínimo; em Janeiro este passou para 1450 lei (um aumento de cerca de 44 euros para um total de quase 320 euros). Não esperavam despertar tão depressa um movimento de protesto com as maiores manifestações desde a queda do regime comunista em 1989. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas para muitos romenos esta última acção do Executivo, que tentou na semana passada aprovar a medida de noite e sem debate ou anúncio público, é uma questão tanto de corrupção como de democracia. Na parte da corrupção, o país não quer voltar atrás na luta que tem vindo a ser levada a cabo e que tem valido ao país elogios internacionais. Em 2015, o gabinete dedicado a investigar corrupção iniciou 1250 processos incluindo o então primeiro-ministro, cinco ministros, cinco senadores, 16 deputados, e 97 presidentes ou vice-presidentes de câmara, num montante total de cerca de mil milhões de euros de prejuízo para o Estado romeno. Quanto à democracia, o professor de ciência política Cristian Pirvulescu sublinhou ao diário norte-americano The New York Times que numa região com democracias iliberais como a Hungria ou Polónia, os romenos temem esta atitude do Governo “achar que venceu a eleição e pode fazer o que quiser”. Os manifestantes querem dizer ao Governo que não. “É uma luta em defesa da democracia. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei social abuso salário
Na Coreia do Norte com as mãos nos bolsos
Estreia neste domingo A Viagem de Michael Palin na Coreia do Norte no National Geographic. (...)

Na Coreia do Norte com as mãos nos bolsos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estreia neste domingo A Viagem de Michael Palin na Coreia do Norte no National Geographic.
TEXTO: Uma das histórias que Michael Palin contou quando estava a promover o seu Viagem à Coreia do Norte foi o momento em que os seus acompanhantes do governo obrigaram a sua equipa a repetir uma filmagem às gigantescas estátuas sorridentes de Kim Il-Sung e Kim Jong-Il em Pyongyang por um motivo banal. “Há muitas regras para captar imagens das estátuas”, contou o ex-Monty Python. “Tínhamos de filmar de longe porque as tínhamos de mostrar no seu todo. E no final vieram ter comigo a dizer, ‘ Não, não, não! Tem de fazer tudo outra vez porque estava com as mãos nos bolsos e isso é falta de respeito’. ” E Palin filmou tudo outra vez. Vamos poder ver neste domingo (23h20), no canal National Geographic, a primeira de duas partes do documentário Viagem à Coreia do Norte com Michael Palin – a segunda parte passa a 9 de Dezembro, no mesmo horário. E este episódio das mãos nos bolsos que Palin contou à imprensa britânica mostra bem o que é a tarefa de filmar um documentário num dos países mais fechados do mundo. Não era por Palin ser uma celebridade mundial (poucos na Coreia do Norte saberão que foram os Monty Python) que teve mais acesso ou mais liberdade de movimentos. Mas Palin é um viajante paciente, generoso e com mente aberta, um espírito crítico e com genuína capacidade de deslumbramento, mesmo sabendo que aquela realidade está a ser fabricada para os seus olhos ocidentais. A Pyongyang que Michael Palin mostra não é muito diferente da que tem sido mostrada por várias equipas de documentários nos últimos tempos. Palin anda por ruas e estações de metro seleccionadas, vai aos monumentos que quase parecem estar abertos só para ele e mais meia dúzia de visitantes, e até passa por um “spa” controlado pelo governo, que tem piscinas – e vemos um breve número de natação sincronizada – e barbeiro – e vemos um cartaz com os cortes de cabelo recomendados. Palin opta por uma massagem ao couro cabeludo. Também come um churrasco de carne num restaurante para não fugir à narrativa da abundância que Pyongyang quer passar para o mundo exterior. E passa por uma escola seleccionada em que os alunos falam das suas ambições para o futuro, uma sala de aula cheia de futuros cientistas, professores e militares, prontos a servir o líder, e pelo centro de arte onde pintam os cartazes de propaganda. “Não há cartazes de publicidade na rua”, diz Palin a certa altura. “Só de ideias. ”Há um momento que remete de imediato para um dos sketches mais famosos dos Python, aquele em que Palin pedia a John Cleese um subsídio governamental para o ajudar a desenvolver o seu silly walk. Há qualquer coisa de silly naquela coreografia das mulheres que fazem de polícia-sinaleiro nas pouco movimentadas ruas de Pyongyang. E também há um momento em que Palin se junta à festa do 1 de Maio, um piquenique dançante com centenas de coreanos a comer, a beber, a cantar e a dançar. Talvez seja um dos momentos mais genuínos e menos encenados, mas também ficamos com a sensação de que faz parte da narrativa oficial.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola carne mulheres
Bill Gates adora esta sanita
Foi desenhada para ser usada em países onde não existem redes de água canalizada, saneamento ou energia eléctrica. Para além disso, esta sanita transforma urina em água potável e fezes em cinzas, que podem ser usadas como fertilizante. O desafio de reinventar a sanita foi lançado por Bill Gates e esta é a proposta da Universidade de Cranfield, no Reino Unido. O engenheiro português Pedro Talaia deu uma ajuda. (...)

Bill Gates adora esta sanita
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.03
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi desenhada para ser usada em países onde não existem redes de água canalizada, saneamento ou energia eléctrica. Para além disso, esta sanita transforma urina em água potável e fezes em cinzas, que podem ser usadas como fertilizante. O desafio de reinventar a sanita foi lançado por Bill Gates e esta é a proposta da Universidade de Cranfield, no Reino Unido. O engenheiro português Pedro Talaia deu uma ajuda.
TEXTO: Há quase dois anos que Pedro Talaia, engenheiro mecânico na área de mecatrónica e investigador na Universidade de Cranfield, no Reino Unido, trabalha numa sanita inovadora. Afinal, há mais de dois séculos que a sanita tal como a conhecemos não muda, mas, apesar da longevidade, ainda é uma solução que não chega a todas as partes do mundo — especialmente aos sítios onde não há rede de esgotos nem água canalizada. Talaia faz parte de uma equipa multidisciplinar que criou um protótipo funcional de uma sanita que não depende nem de uma rede de saneamento nem de electricidade. Esta invenção é uma das respostas da comunidade científica ao desafio lançado em Setembro de 2012 pela Fundação Bill e Melinda Gates. O protótipo da Universidade de Cranfield, baptizado “sanita de nanomembrana”, foi uma de entre 20 soluções apresentadas pelo próprio Bill Gates durante uma cimeira dedicada ao tema do saneamento, que decorreu entre 8 e 9 de Novembro, em Pequim, na China. Estes 20 projectos de retrete são o culminar de sete anos de trabalho de centros de investigação, universidades e empresas. Mas o que faz ser esta sanita tão especial? Quando olhamos de frente, não é muito diferente da sanita convencional: tem uma bacia, um assento e uma tampa. É na parte de baixo e de trás que acontece a “magia”. “A parte de trás é a de processamento e a que vai garantir uma grande capacidade de higienização”, explica Pedro Talaia ao P2, em conversa por telefone. O engenheiro lembra que não pode revelar “os segredos” que estão na base de todo o mecanismo por serem propriedade intelectual da universidade, mas levanta um pouco o véu sobre o que se passa no interior do “centro de processamento” desta sanita inovadora. “Na parte da frente, temos um tanque dividido em dois: a parte tradicional e por baixo uma espécie de malga que roda”, descreve o investigador. Quando o utilizador quer despejar os dejectos, tudo o que tem de fazer é fechar o tampo da sanita — um mecanismo que funciona mesmo sem electricidade nem canalização. A bacia é limpa nesse movimento, graças a uma lâmina de silicone, independentemente da natureza dos resíduos — papel higiénico, pensos higiénicos, urina ou fezes. Por baixo há um tanque para recolha, onde os resíduos líquidos permanecem até transbordar. Quando isso acontece, são conduzidos para uma nanomembrana, aquecidos e, pela condensação, transformar-se-ão em água — que em teoria deve ser potável. Os sólidos ficam na zona traseira da sanita, para onde são transportados através de um parafuso de Arquimedes — um mecanismo usado para conduzir materiais entre dois pontos com elevações diferentes. Neste caso, seguem do fundo da retrete para a parte traseira, onde é feita uma pré-secagem dos materiais que a seguir serão incinerados. “Há um pequeno incinerador por trás, e a energia que captamos desse pequeno incinerador será suficiente para auxiliar os sistemas de secagem e pré-aquecimento da urina para a membrana”, explica ainda o investigador. No final, os dejectos passam a cinza, que pode ser usada como fertilizante, “tal e qual como acontece nas aldeias em Portugal onde as cinzas da lareira são usadas na horta”, lembra Pedro Talaia. Próximo passo: industrializaçãoEsta solução já foi testada em Durban, na África do Sul, com o apoio da Universidade UKZN (University of KwaZulu-Natal). “Estive na equipa que deu apoio aos testes de campo deste protótipo”, recorda Talaia. O objectivo era recolher informação e sugestões que depois pudessem ser usadas para melhorar o protótipo que já existe. E o facto de haver testes de campo já é, por si, um bom sinal: “Quando se está a fazer testes de campo, quer dizer que se está a caminhar a passos largos para a industrialização”, explica, adiantando, contudo, que ainda não se pode “prometer datas”. O objectivo é “olhar para esta retrete como se fosse uma white appliance, como um electrodoméstico, um frigorífico ou uma máquina de lavar”, resume. Foi o fundador da Microsoft que lançou o repto e avançou com uma soma de dinheiro que ultrapassou os 200 milhões de dólares para financiamento de ideias como a da Universidade de Cranfield. E, como todos os desafios, também este teve as suas regras. “A Fundação [Bill e Melinda Gates] apresentou uma série de pré-requisitos” para os projectos de retrete, conta Pedro Talaia. Por exemplo: estas sanitas “não podem depender de infra-estruturas locais de base e deverão ter o tamanho necessário para serem instaladas numa latrina ou dentro de uma casa”. O constrangimento do tamanho tornará a solução mais inclusiva, pois ao ser instalada numa casa permite que crianças e mulheres usem a casa de banho durante a noite em segurança. Isto mesmo “em zonas onde existem ratos ou violações; onde não existe respeito perante menores e mulheres; ou mesmo onde, por questões sociais, não é admitido que as mulheres possam sair à noite para ir à casa de banho”. A forma de usar também “não deve ser muito diferente de uma retrete convencional, tal como a que usamos em casa, numa estação de serviço ou mesmo num aeroporto”, continua o engenheiro. “O objectivo de um projecto como este, o desafio de reinventar a retrete é criar um sistema o mais compacto possível para resolver problemas de saneamento básico em países onde água canalizada, saneamento e mesmo energia são parcas ou mesmo completamente inexistentes. ” É “extremamente complicado” implementar estas infra-estruturas em centros urbanos onde, na maioria das vezes, nunca existiram. Essas redes são dados adquiridos nos países de nível quatro — isto é, os países europeus e da América do Norte – mas não existem numa grande parte de África, Ásia e “numa parte não desprezável da América Latina”, explica o engenheiro. À falta de água canalizada e saneamento, juntam-se outros problemas: estas zonas são, por norma, densamente povoadas e ainda usam “a retrete antiga, um buraco”, descreve o investigador, originando dejectos a céu aberto e dificuldades na limpeza. Outro problema é o facto de estas sanitas estarem situadas, muitas vezes, em leito de cheias: “Quando um sistema destes está numa zona de leito de cheia, todos os dejectos são apanhados nas cheias. O Bangladesh é um bom exemplo”, aponta Pedro Talaia. Mas desengane-se quem acha que esta solução só serve para países em desenvolvimento: “Incrivelmente, já fomos contactados pelo menos por um português que tem um monte no Alentejo, que achou a solução interessante e mais fácil do que usar uma retrete química. ”Um copo com cocóBill Gates, o mecenas desta iniciativa, está consciente de que isso é um problema de saúde pública. Em Pequim, apresentou esta sanita reinventada ao lado de um recipiente com fezes humanas com um propósito — o de ilustrar o perigo que podem constituir os dejectos não tratados. E exemplificou com números: dentro daquele recipiente cabiam “quase 200 mil milhões de rotavírus, 20 mil milhões de bactérias shigella e 100 mil ovos de larvas parasitárias”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Todos os anos, mais de meio milhão de pessoas morrem por não terem saneamento básico — algo a que pelo menos 2, 3 mil milhões de pessoas de todo o mundo ainda não têm acesso, de acordo com os números da Organização Mundial de Saúde (OMS) referentes a 2017. Um número inferior ao de há dez anos, quando o número de pessoas sem saneamento básico ascendia aos 2, 6 mil milhões, mas ainda assim preocupante: a falta de saneamento é a principal causa de transmissão de doenças como a cólera, a diarreia e a disenteria, algumas das causas de morte evitáveis que mais matam por ano. Sem uma rede de saneamento eficiente, os dejectos acabam, muitas vezes, na água de consumo e de rega de alimentos que, de acordo com os dados da OMS, acabam no prato de pelo menos 10% da população mundial. Transformar esta realidade é um dos objectivos do milionário. “Há uma década, nunca achei que ia saber tanto sobre cocó”, admitiu Gates durante a apresentação. “E nunca pensei que a Melinda teria de me dizer para parar de falar sobre sanitas e material fecal à mesa de jantar. ”
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Entidades OMS
Carteirista de 81 anos novamente detido pela PSP de Lisboa
Em cinco dias, o comando metropolitano deteve 11 carteiristas na capital. Todos aguardam julgamento em liberdade. (...)

Carteirista de 81 anos novamente detido pela PSP de Lisboa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181231192355/https://www.publico.pt/n1839155
SUMÁRIO: Em cinco dias, o comando metropolitano deteve 11 carteiristas na capital. Todos aguardam julgamento em liberdade.
TEXTO: É um velho conhecido das autoridades, tanto que até lhe chamam o carteirista mais antigo da cidade de Lisboa. Esta terça-feira, aos 81 anos, foi novamente detido pela PSP da capital, quando furtava um telemóvel a um turista que viajava no eléctrico 25. A experiência acumulada, com várias condenações pelo crime de furto, fez com que tudo se passasse sem que a vítima desse por isso. Mas o octogenário acabou traído pela fama, que o coloca como um alvo das equipas do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP especializadas neste fenómeno criminal. O comunicado divulgado esta quarta-feira pela PSP dá conta que os polícias surpreenderam o suspeito “a colocar o telemóvel da vítima no bolso das calças que trajava”. Apesar de repetente nas lides criminais, o octogenário parece ter mudado, pelo menos parcialmente, a actuação. É que, no âmbito de um outro processo, está proibido, de frequentar o metro Baixa-Chiado e os eléctricos 15 e 28, onde habitualmente operava. E desta vez, provavelmente para não violar as medidas de coacção, optou pelo 25. Em cinco dias, entre sexta-feira passada e esta terça-feira, a PSP de Lisboa deteve 11 carteiristas (o comunicado refere 13, mas por lapso repete uma situação que envolve dois suspeitos) entre os 17 e os 81 anos a furtar em locais turísticos ou nos transportes públicos. Todos foram presentes às autoridades judiciárias e libertados sujeitos à medida de coacção mínima, o termo de identidade e residência, enquanto aguardam o julgamento. Dois são portugueses e os restantes estrangeiros. A primeira detenção aconteceu na tarde de sexta-feira, na Rua da Prata. Os polícias da Divisão de Investigação Criminal detectaram dois suspeitos a retirar uma carteira do interior de uma mochila que uma turista trazia às costas. “Os bens furtados, avaliados em 160 euros, foram restituídos à vítima”, refere o comunicado. A mesma sorte teve um turista que passeava ao início da tarde de domingo, na Rua Garrett, e recuperou sensivelmente a mesma quantia. Os agentes da PSP monitorizavam dois suspeitos enquanto estes roubavam a carteira à vítima, impedindo a fuga destes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não fosse a pronta actuação de outros polícias e um casal ter-se-ia apropriado de bens avaliados em mais de 1100 euros que uma turista trazia numa mochila. Tal aconteceu a meio da tarde desta terça-feira na freguesia de Santa Maria Maior, igualmente em Lisboa. Ao fim da tarde desse dia, na mesma freguesia foram surpreendidas três suspeitas que roubaram mais de 230 euros de uma carteira que estava na mochila que outra turista trazia às costas. Cada uma das mulheres, diz a PSP, tinha uma função definida: enquanto uma roubava a mochila, outra encobria o acto com um lenço aberto e a terceira controlava a eventual presença de policias nas imediações. Na segunda-feira, na Amadora, já tinha sido detida uma outra mulher que aproveitando-se de um descuido furtara uma mala, com 600 euros e vários documentos no interior.
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Entidades PSP
Um quarto, 250 euros: a odisseia de uma jornalista na pele de estudante
O desafio: encontrar um quarto no Porto para arrendar por 250 euros. Missão impossível? Fomos estudante por dois dias e, muitos telefonemas, senhorios e visitas depois, ainda não temos nova morada. (...)

Um quarto, 250 euros: a odisseia de uma jornalista na pele de estudante
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O desafio: encontrar um quarto no Porto para arrendar por 250 euros. Missão impossível? Fomos estudante por dois dias e, muitos telefonemas, senhorios e visitas depois, ainda não temos nova morada.
TEXTO: Combinámos às 11h, mas à hora marcada ninguém apareceu para abrir a porta. Esperava um homem que, depois de um telefonema rápido, acordou mostrar-me um quarto – ou antes, uma cama num dos quatro quartos partilhados que estava a arrendar. No apartamento, viveriam 11 estudantes. Por pessoa, pedia-se uma renda mensal de 230 euros. Volto a tocar à campainha. Do apartamento no último andar do prédio, muito próximo do cemitério de Pedrouços, na Maia, volta a não chegar qualquer resposta. Um morador, que se esforçava por parecer indiferente enquanto remexia na caixa de correio, pergunta, antes de entrar de vez no edifício: “Então, não está ninguém em casa?”Explico-lhe o que me trouxe ali: era estudante e queria arrendar um dos quartos no terceiro piso. O sorriso de boas-vindas fecha-se com a porta. “Eu moro no apartamento ao lado. Não vai querer ir para esse”, atira, baixinho. Abre-me a porta um dos estudantes que ali vivem desde o início de Outubro. O jovem inscreveu-se num mestrado num instituto a 20 minutos a pé dali, mas devido à dificuldade em encontrar alojamentos a preços acessíveis equacionou até mudar-se para Vila Nova de Gaia. “Não digas a ninguém, mas isto é provisório”, anuncia, ao mesmo tempo que nos deixa entrar. O apartamento não é o mesmo que as fotografias no OLX publicitavam. A cozinha, antiga, tinha louça suja por todas as bancadas, a toalha da mesa estava no meio do chão, coberto de lixo. Foi nessa mesa que o estudante assinou o “contrato de arrendamento”. A senhoria – que diz gerir outras propriedades semelhantes “nas zonas do Marquês, Hospital de São João e Figueira da Foz” – ter-se-á recusado a passar um recibo (conforme já nos teria dito por telefone). Em vez disso, arrancou uma página do caderno de um outro inquilino que tinha estado na mesa a estudar, pegou na caneta e escreveu: “Alugo por 230 euros”. Entregou-lhe o pedaço de papel. “Pronto, assina então, disse-me. ”O quarto dele, garantiu, “é o melhor da casa”. É difícil de acreditar: além das duas camas, dispostas uma em frente à outra, resta apenas “um pequeno espaço para arrumação, que mais nenhum dos outros tem”. Uma das paredes foi ali posta para dividir a sala e conseguir assim ter mais dois quartos num apartamento T2 — o outro, também para duas pessoas, não tem janelas. Para uma capacidade máxima de 11 pessoas, há duas casas de banho. Uma delas reservada para os quatro habitantes do quarto onde foram postos dois beliches. Dentro do quarto, com as roupas ainda todas dentro da mala, admite: “Isto é o degredo. Não te aconselho. Eu não queria vir para aqui. Acho que não vou aguentar nem até ao final do mês, mas tinha de encontrar um sítio rapidamente e 230 euros por mês é diferente de 400 ou 500 euros. ”Meia hora antes visitámos um desses quartos: 405 euros para arrendar um quarto individual num T3 de 90 metros quadrados (os outros dois custavam 425 e 450). Um casal jovem, ele inglês, ela portuguesa, compraram o apartamento no Bonfim, a 800 metros do Campo 24 de Agosto, há três meses. O mobiliário por estrear e as paredes pintadas de fresco contrastam com o resto do edifício. Enquanto subimos as escadas (o prédio não tem elevador) diz-me que um dos quartos já está arrendado por uma estudante. Roda a chave e entra, sem bater à porta. Lá dentro, a estudante de psicologia e os três familiares que a ajudavam a instalar-se, espreitam, surpreendidos. Não esperavam a visita e queixam-se da sanita, a única na casa, não estar a funcionar. Pergunto-lhe se não achou o preço muito elevado. A resposta: “É a minha segunda opção. Estive num a 300 euros, mas os quartos das raparigas não tinham fechadura, só o do rapaz. ”O senhorio corta a conversa. “Temos três quartos, assumo que vás para o mais barato. A maior parte das pessoas iria”, ri-se. Apesar de espaçoso e equipado com uma outra cama para visitas, tem “um problema”, avisa. Uma porta de vidro, ainda sem cortinas, que abre para a marquise, “um espaço público”. À saída, o senhorio revela estar “com falta de interessados”. “Posso perguntar como está o mercado? Quer dizer, eu sei que somos caros. Mas recheámos isto com coisas boas”, justifica-se. “Achas que vamos ter dificuldades?”O desafio era encontrar um quarto para estudantes a menos de 250 euros por mês, no Porto. Depois do arranque do ano lectivo, as opções escasseiam. Dentro do orçamento estipulado entram propostas facilmente recusáveis como um quarto “sem janelas exteriores, mas com uma janela interior, voltada para a sala” (próximo do metro de Salgueiros). Ou um apartamento na zona da Sé em que o segundo andar, onde está a cozinha e a sala, pode ser ocupado por até quatro turistas — “uma nova experiência” do senhorio. A maior parte, são, no entanto, cubículos improvisados em casas com mais de três quartos (alguns partilhados ou para casais), onde despesas como água e luz quase nunca estão incluídas. “Se passo recibo? Talvez, mas não vai ser o mesmo preço, como deve imaginar…”Há diversos anúncios em plataformas como o Bquarto, Custo Justo ou OLX — ficou de fora a Uniplaces, uma vez que não permite visitas, não dá a morada exacta nem o contacto com o proprietário antes de se avançar dinheiro —, onde se “dá preferência a pessoas vegetarianas ou veganas”. Onde não se “permite a entrada de visitantes” (a não ser que se pague mais 20 euros por noite). Ou a “utilização intensiva do quarto”. Isto é, “não queremos alguém que fique permanentemente dentro do quarto, percebe?” Não. “Teria de ir a casa durante algumas das férias lectivas ou dos fins-de-semana, uma vez que a filha da proprietária poderá usufruir do quarto (a 300 euros) nessas alturas”. As minhas “coisas”, explica-me, “podiam ficar lá”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos anúncios mais caricatos divulga um quarto ao Hospital de São João (350 euros) que só pode ser arrendado por “um rapaz estudante” — excluindo “estrangeiro/Erasmus” ou “das ilhas”. Quando pedi a um colega de São Miguel que ligasse para o número disponibilizado, a interpelação chegou mal denotou o sotaque: “Desculpe, mas é açoriano? Não percebo por que me está a fazer perder tempo. ” Disse que não “tinha de se justificar”, que se recusava a aceitar estudantes madeirenses ou açorianos “por razões pessoais”. Tive dois dias para encontrar um quarto. É um processo longo, desnecessariamente frustrante. A maior parte dos telefonemas ficaram sem resposta. Mas achei ter um vencedor: um quarto com casa de banho privada num T4, em Francos (250). O único senão: o senhorio “só pode passar recibo a três das quatro pessoas porque é, na verdade, um T3”. Quando perguntei como decidia quem ficava de fora, desligou a chamada.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha campo homem
Aconteceu. Estou num dia mau e respondi a um piropo
Arrancou como um desabafo. Três frases que fazem a introdução para um diálogo não requisitado. "Aconteceu. Estou num dia mau e não deu para filtrar." O que veio depois disso espelha a naturalidade com que o assédio se repete e a importância de não o ignorar. (...)

Aconteceu. Estou num dia mau e respondi a um piropo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.69
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Arrancou como um desabafo. Três frases que fazem a introdução para um diálogo não requisitado. "Aconteceu. Estou num dia mau e não deu para filtrar." O que veio depois disso espelha a naturalidade com que o assédio se repete e a importância de não o ignorar.
TEXTO: Foi na terça-feira, a meio da tarde. Estava a regressar do trabalho, a subir em direcção ao Jardim da Estrela, em Lisboa. A rua movimentada, cheia de cafés e lojas de comércio. Ia sozinha, com o rosto para baixo, agarrada ao telemóvel. Do meu lado esquerdo ouço um "Olá, princesa". Não precisava de olhar para saber que não era ninguém conhecido. Quem me conhece sabe que não gosto particularmente que se dirijam a mim com um "princesa". E o historial de experiências deixava antecipar que era mais um piropo. Houve uma voz, a de sempre, que me disse baixinho "Liliana, ignora e segue". Não o fiz. Parei, voltei-me para o homem. A descrição dele aqui pouco importa. Os assédios e abusos acontecem sob todas as formas e com todos os géneros e orientações. Todas as idades. "Não voltes a fazer isso", disse-lhe, num tom calmo, mas assertivo. O espanto apoderou-se da cara dele. Não estava à espera de uma resposta e isso foi claro quando me devolveu, rispidamente e com um ar de rejeitado ofendido: "Porquê? Não te posso cumprimentar?" "Não, não podes, não me conheces de lado nenhum. " A gaguejar, lá deixou que ouvisse um "Já vi que és dessas", depois de tentar um "Gostas, gostas". "Somos todas destas. Ninguém gosta disso. É desagradável. É escusado. É mal-educado. " Mandou-me embora. Disse-lhe que ia, mas que esperava que pensasse duas vezes antes de voltar a fazer o mesmo. Virei-lhe as costas e segui caminho. Soube-me bem. Porque senti, pela primeira vez, a olhar nos olhos dele, que o tinha deixado desconfortável também. E que lhe dava pelo menos uma amostra do incómodo que me fez sentir. Partilhei o resto da conversa, resumidamente, no Twitter. Por nenhuma razão em particular, sem presunção de causar o que quer que fosse. Escrevi e pronto. A publicação arrancou com o título desta crónica. O que daí resultou é o que me leva a escrever este texto. E não foram reacções geracionais, o que me preocupou ainda mais em relação ao futuro. Vamos por pontos. Não aceito que me digam como me devo sentir. Na terça-feira, aquela frase mexeu com a minha tranquilidade, o meu corpo e a minha consciência de espaço. Como alguém me dizia, a privacidade, enquanto direito individual, não depende do espaço físico que a pessoa ocupa. E assédio é isso. Não é "uma simpatia". Um "princesa" nunca é só um "princesa". Não é a frase. É o que vem com ela. É o olhar nojento e o sorriso lascivo. É o arrasto na intervenção. É o tom jocoso com que é feito. Porque a base do piropo é igual. Seja ele mais explícito ou menos explícito, mais disfarçado ou mais visual. Seja um "Olá, princesa", "Lambia-te a cona" ou até um #grabthembythepussy. Em todos os exemplos, é cuspir testosterona. A primeira vez que me senti assediada tinha 14 anos. Estava na primeira semana de aulas e fui, com umas colegas de turma, passear durante a hora de almoço. Numa rua perto do Castelo de Leiria, um homem baixou as calças quando passámos e começou a masturbar-se. Porque nos é dito desde sempre que "Não tem mal, não ligues, é gente doida, o melhor é ignorar", não contámos a ninguém. Demorei 13 anos a fazê-lo. E tenho mais coisas a dizer. Isto não se esquece. A sensação de insegurança constante não se esquece, ainda que recalcada num cantinho. Não pára. Não desaparece o desconforto e a opressão social do "Não ligues, ignora, o melhor é não fazer nada". Enquanto não se fizer nada, enquanto dissermos a nós mesmas que "não tem mal", que "princesa nem é ofensivo", não se perde esta concepção de que nos devemos sentir lisonjeadas por um perfeito desconhecido elogiar o nosso corpo. "É uma simpatia. " Não é. E há formas elegantes de abordar alguém. Um piropo não é um elogio. Um piropo é um exercício de poder. De quem acha que pode — e não pode. De quem acha que as pessoas querem ser objectivadas pelo seu corpo e que estão à disposição de quem quer. Ou queria. Não estão. Ninguém tem de estar sujeito a lidar com os comentários causados pela "atracção sexual" que estimula. "Mas deu-lhe conversa porquê? Porque respondeu ao piropo? Não tem mal, não ligues, é gente doida, o melhor é ignorar. " Repitam comigo: responder não é dar conversa. Tal como piropo não é um cumprimento. Se querem cumprimentar alguém, digam-lhe bom dia. Aliás, venho de uma aldeia e por isso cresci e regresso frequentemente a um sítio onde, mesmo entre desconhecidos, se trocam "boas tardes" e "bons dias" em caminhos cruzados. Ninguém está a impor um apartheid entre homens e mulheres, homens e homens e mulheres e mulheres. As únicas pessoas que têm receio disso são as que não têm qualquer integridade e noções básicas de interacção social. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No meio dos energúmenos, muitas raparigas e mulheres (e homens) partilharam as suas experiências. E isso recordou-me de duas outras recentes. No último ano e meio, dois estranhos, ambos mais velhos, tocaram-me de forma imprópria e deliberadamente em plena luz do dia. O primeiro foi há cerca de um ano, no comboio de Alcântara-Terra. Estava sentada do lado da janela, quando um homem se sentou ao meu lado. Colocou o casaco entre o espaço que separava os nossos assentos, cobrindo-me uns centímetros da coxa. Não dei importância. Não passaram dez segundos até começar a sentir um corpo quente em cima da minha perna. Berrei-o imediatamente. Levantou-se e saiu a correr na estação seguinte. À minha volta houve umas cabeças que se voltaram, mas a curiosidade não chegou para perguntar se estava bem ou o que tinha acontecido. Lembro-me que durante dias senti repulsa. Durante dias conseguia sentir a mão daquele tipo na minha perna. O segundo caso foi numa viagem de autocarro entre Lisboa e Porto. O homem, que não falava português ou inglês, pediu-me ajuda para lhe explicar onde é que devia sair. Dei-me ao trabalho de abrir o mapa de Portugal no telemóvel para lhe explicar. Começou a diminuir a distância, eu ia-me afastando para a ponta do meu assento. Pôs a mão na minha perna. Disse-lhe: "Stop. " Tirou. Momentos depois, a mesma abordagem. Olhei para ele, para a mão e novamente para ele "No". Fingiu que não percebeu. Com a minha mão, tirei a dele e mudei de lugar e esforcei-me para que ele não percebesse que me tinha deixado insegura. Só ontem, quando contava a alguém esta história é que me apercebi que nem contei ao motorista. Que a guardei porque "Não tem mal, não ligues, é gente doida, o melhor é ignorar". Obviamente que o "Olá, princesa" não foi o pior que me aconteceu. Mas isso não lhe tira importância. Talvez pela frequência da sua repetição, ou talvez por acompanhar de perto denúncias de assédio, abuso e violência sexual. Cheguei ao meu limite em relação à normalização e não admito dar espaço à mínima tentativa. Mesmo que nos digam "Não tem mal, não ligues, é gente doida, o melhor é ignorar".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens violência ajuda homem social sexual mulheres corpo princesa abuso assédio
Toda a obra de Vermeer, num exemplo do museu do futuro
Google e museu de Haia criaram um tecto digital sob o qual se reúne pela primeira vez toda a pintura de Vermeer. Incluindo uma obra roubada há 28 anos. (...)

Toda a obra de Vermeer, num exemplo do museu do futuro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Google e museu de Haia criaram um tecto digital sob o qual se reúne pela primeira vez toda a pintura de Vermeer. Incluindo uma obra roubada há 28 anos.
TEXTO: Da meia centena de quadros atribuídos a Johannes Vermeer, 35 foram até agora unanimemente autenticados. Não foi dos pintores mais prolíficos da geração dele. Mesmo assim, ver a obra completa obrigaria a viajar por dois continentes. Mas o Google e o museu Mauritshuis (Haia) uniram esforços e reuniram todos os quadros – incluindo um que está desaparecido desde 1990 – num só museu e que cabe no bolso. Chamam-lhe "a exposição impossível" de Vermeer. Único requisito: ter um smartphone capaz de trabalhar com realidade aumentada. "Isto é um daqueles momentos em que a tecnologia permite algo que seria impossível de fazer na vida real, porque estes quadros nunca poderiam ser reunidos num sítio na vida real", comenta Emilie Gordenker, directora do Mauritshuis. Isto porque, segundo a mesma responsável, alguns destes quadros do século XVII não podem viajar devido ao estado de fragilidade em que se encontram. A solução foi, por isso, pedir autorização para fazer imagens de alta resolução aos 18 museus e donos de colecções privadas que têm obras do pintor no espólio. E depois reuni-los num espaço virtual que se percorre como se fosse um museu real, graças à realidade aumentada. Vermeer foi um artista "esquecido" durante quase dois séculos. A importância da obra dele foi resgatada em meados do século XIX, pelo crítico e coleccionador francês Théophile Thoré-Bürger, sendo hoje um autor popular e celebrizado por reproduções que vão desde memes na Internet ao cinema de Hollywood, sem esquecer roupas, mochilas ou guarda-chuvas. Além dos quadros mais conhecidos, esta "galeria de bolso" acessível por telemóvel tem um aliciante extra: inclui o quadro O concerto, desaparecido há 28 anos, avaliado em 200 milhões de dólares. Foi roubado do museu Isabella Stewart Gardner, de Boston, a 18 de Março de 1990, em conjunto com mais 12 obras, num valor total de 500 milhões de dólares. O museu tem uma página na Internet dedicada a esse episódio, que até hoje continua por resolver. Oferece uma visita virtual às obras roubadas e promete dez milhões de dólares a quem der informações que conduzam à identificação dos autores do roubo e à recuperação das obras, que estão na lista do FBI das obras de arte roubadas. Para começar é preciso instalar a aplicação Google Arts & Culture (iOSe Android). Dentro da app, escolhe-se a Pocket Gallery (Galeria de Bolso) que liga a câmara e requer ao utilizador que aponte a lente para uma superfície plana e bem iluminada e faça um movimento circular. A partir desse momento, vê-se o layout do museu. A primeira sala é dedicada aos primeiros trabalhos de Vermeer. O resto é organizado tematicamente. Toca-se num ponto do ecrã para escolher uma sala ou corredor. É aí que começa a visita. Uns passos para o lado e o ecrã diz-nos que estamos na sala n. º 7. Diante de nós, numa parede em tom azulado, está pendurado Rapariga com Brinco de Pérola. "Todos os quadros são em tamanho original e perfeitamente iluminados. À medida que se aproxima, o utilizador pode ver cada uma das obras de forma detalhada e saber mais acerca de cada uma delas", explicam os promotores do projecto. A experiência confirma-o: assim que paramos em frente ao quadro, na parte inferior da imagem aparece uma curta legenda que se pode expandir para mais informações, com curadoria dos especialistas do Maurithsuis, que tem três das obras do "mestre da luz" a quem também chamam a "esfinge de Delft". Mais uns passos para o lado e entramos num corredor que nos conduz à sala n. º 6. "Narração, Simbolismo e Alegorias" escreveram na parede esverdeada. Logo ao lado, a Arte da Pintura (também traduzido como o Estúdio do Artista), que se encontra em Viena. Mais adiante, está O Geógrafo, cujo original se encontra em Frankfurt, na Alemanha. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No início deste percurso, pode ser difícil de gerir movimento e câmara ao mesmo tempo. Cada passo real corresponde a um movimento, cada ângulo da câmara mostra uma coisa diferente. Mas assim que se ganha controlo, somos levados a perguntar se isto que vemos é também o futuro dos museus. "É um ponto de inflexão. Tecnologia, arte, narrativa, realidade virtual e aumentada juntam-se nesta mesma criação", comenta Lauren Gaveau, responsável pelo laboratório de Google Arts and Culture, em Paris. O mesmo responsável comenta que se imagina a levar esta experiência mais longe. "Podemos pensar em qualquer tipo de museu que nunca tenha existido. "
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Palavras-chave rapariga
Foi o primeiro hotel a abrir em Aveiro e não pára de rejuvenescer
Requalificou-se, mudou de nome e subiu de categoria. Aos 81 anos, o Aveiro Palace exibe um vigor invejável, mantendo o trunfo de sempre: está virado para uma das principais praças da cidade e para o canal Central da ria. (...)

Foi o primeiro hotel a abrir em Aveiro e não pára de rejuvenescer
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.125
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Requalificou-se, mudou de nome e subiu de categoria. Aos 81 anos, o Aveiro Palace exibe um vigor invejável, mantendo o trunfo de sempre: está virado para uma das principais praças da cidade e para o canal Central da ria.
TEXTO: Romper com a tradição não tem de ser, necessariamente, uma coisa má. Muito pelo contrário. O corte com o passado pode até ser sinónimo de um salto em frente, de uma mudança para melhor. É este o rumo que o Aveiro Palace tem vindo a trilhar, depois de ter deixado de ser Hotel Arcada. Mais do que adoptar um novo nome, aquele que foi o primeiro hotel a abrir na cidade de Aveiro, em 1937, tem vindo a ser alvo de um profundo processo de rejuvenescimento. Mantendo aquilo que sempre teve de bom – a fachada do imóvel desenhado por Ernesto Korrodi e as vistas privilegiadas -, a histórica unidade hoteleira aveirense quer ser, cada vez mais, palace. A missão tem vindo a ser assumida pela terceira geração da família que ousou criar um hotel na cidade da ria – Aristides Tavares Ferreira, capitão do Exército, foi o seu fundador. E ainda que a unidade já tenha conseguido conquistar mais uma estrela (passou de três para quatro) e ver todo o seu interior e exterior requalificado, a aposta é para continuar, segundo assegura João Pedro Clemente, administrador do Aveiro Palace e um dos netos do fundador. A mais recente melhoria – e talvez uma das intervenções mais ousadas – incidiu na recepção do hotel, que ganhou muito mais espaço e luz. No fundo, o hotel passou a contar com mais uma sala virada para o centro da cidade, complementando a proposta da sala de estar do primeiro piso. Uma área com dimensões generosas, de decoração moderna e com uma varanda que oferece uma vista única para o canal Central da ria. Nalgumas paredes, são apresentadas fotografias com imagens antigas da cidade e também do próprio hotel. Porque há uma história que nem todos conhecem e que merece ser contada. Exemplos? No local onde hoje está a chamada Ponte-Praça (para a qual o Aveiro Palace tem virada a sua entrada) existiam, anteriormente, duas pontes – é por isso que, ainda hoje, muitos locais falam na zona “das pontes”. Outra fotografia histórica que prendeu o nosso olhar retrata a época em que o rés-do-chão do hotel era ocupado pelo Café Arcada, que chegou a ser “o centro de tertúlia da cidade”, recorda João Pedro Clemente. Há muito que ele fechou portas, mas a sua existência está perpetuada numa imagem de grandes dimensões onde é possível apreciar o toldo, às riscas, que protegia a esplanada e uma rua praticamente deserta de automóveis. Testemunho da longevidade do hotel é, também, o belo painel de azulejos pintados à mão que decora a sala de pequenos-almoços. É originário de 1937, ano de abertura do hotel, e foi produzido na Aleluia, histórica fábrica de cerâmicas da região. “Estava escondido debaixo de uns painéis de madeira. No âmbito desta requalificação, decidimos recuperá-los e fazer deles um elemento central desta sala”, conta Mário Albuquerque, arquitecto responsável pelo projecto de requalificação e decoração do Aveiro Palace. A aposta seguida no espaço reservado para os pequenos-almoços acaba por retratar aquela que foi a linha orientadora do projecto: “Fazer a conjugação entre o clássico e o moderno”, destaca Mário Albuquerque. A esta fórmula foi, depois, associada a variável do conforto. “Tivemos um grande cuidado na escolha dos colchões, roupa de cama e atoalhados”, evidencia o administrador do hotel que também quer ser, cada vez mais, um espaço onde reina o sossego. Razão pela qual não aceita crianças com idade inferior a quatro anos, nem reservas de grupos. O Aveiro Palace dispõe de um total de 48 quartos, entre os quais estão cinco suítes e dois singles. A Fugas ficou alojada numa confortável suíte, de áreas bastante generosas e com vistas para a Ponte-Praça, Canal Central e Praça Joaquim Melo Freitas. Um cenário que combina com um bom despertar e que até ficou mais bonito com aquele nevoeiro típico de algumas manhãs na cidade da ria. Para trás, tinha ficado uma noite de puro descanso e de tal forma sossegada que nem dava para acreditar que o hotel está situado junto à área mais concorrida da cidade – a zona da Praça do Peixe, com vários restaurantes e bares, está ali bem próxima. Rua de Viana do Castelo, 4 3800-275 Aveiro Tel. : 234 421 885 E-mail Site Preços por noite a partir de 70€Para além das suítes e dos singles, o hotel diferencia as suas habitações consoante a área do quarto e a dimensão da cama. Standard, superior e conforto são as opções disponíveis no Aveiro Palace, sempre com esses elementos em comum: o conforto e a decoração moderna. Restaurante À Portuguesa Rua Tenente Resende, 32 3800-269 AveiroNa sala de estar do primeiro piso funciona também um bar (com chás, cafés, refrigerantes e outras bebidas) em regime self-service, mas apenas entre as 14h e as 20h – já o dissemos: este hotel quer primar pelo sossego. No serviço de pequenos-almoços, a aposta passa uma grande variedade de produtos, atenta às novas exigências e preferências dos consumidores (nomeadamente no que concerne às intolerâncias à lactose e ao glúten). Sumos de fruta natural, pães e bolos variados, juntam-se às várias opções de iogurtes, fiambre, queijo e compotas, entre outros produtos disponíveis. A oferta é muita mas convém reservar algum espaço para o doce típico da cidade. Afinal, algumas das melhores casas de ovos moles de Aveiro estão a poucos passos do hotel, assim como algumas das principais atracções da cidade. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A partir do Aveiro Palace – o hotel dispõe de lugares de estacionamento a 100 metros, no parque do centro comercial Forum - pode facilmente caminhar até ao Museu de Aveiro/Santa Joana Princesa ou à Sé. Os famosos passeios de moliceiro também têm o seu ponto de partida ali mesmo ao lado, e em cinco minutos (ou menos) consegue alcançar o Museu Arte Nova, sediado num dos mais bonitos edifícios da cidade e também ele resultante de um projecto assinado por Ernesto Korrodi – o arquitecto de origem suíça foi o responsável pelo desenho da Casa Major Pessoa juntamente com Francisco Augusto da Silva Rocha. Não muito longe do hotel, e igualmente alcançáveis a pé, estão as famosas salinas da cidade, algumas delas transformadas em espaços de lazer e de degustação de produtos típicos da ria. Haja tempo e vontade para calcorrear a envolvente, que propostas não faltam. A Fugas esteve alojada a convite do Aveiro Palace
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Palavras-chave princesa
O que este campeão dos caminhos off-road andou para aqui chegar
Rui Cardoso é um exemplo de resistência do off-road. Nunca correu um Dakar mas, aos 65 anos, o jornalista e aficcionado do todo-o-terreno acaba de vencer a maratona de 24 horas de Fronteira. “O que importa não é ser rápido; é estar lá quando a bandeira desce”. (...)

O que este campeão dos caminhos off-road andou para aqui chegar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Rui Cardoso é um exemplo de resistência do off-road. Nunca correu um Dakar mas, aos 65 anos, o jornalista e aficcionado do todo-o-terreno acaba de vencer a maratona de 24 horas de Fronteira. “O que importa não é ser rápido; é estar lá quando a bandeira desce”.
TEXTO: A uma semana do arranque de Dakar, a maratona-mor do todo-o-terreno, Rui Cardoso é, aos 65 anos, um exemplo de resistência do off-road, mesmo sem nunca ter corrido na prova-rainha. Tudo começou por uma carolice que terminou com a vitória, este ano, na sua categoria (Promoção A, em que correm jipes mais parecidos com os de série) em Fronteira, uma maratona de 24 horas que se cumpre por uma pista de 16 quilómetros que, “a cada volta, é diferente”. Entre a descoberta do todo-o-terreno e este pódio passaram-se três décadas de um caminho sinuoso, ao longo do qual ninguém, nem o próprio, poderia antever que tudo viria a encaixar-se qual puzzle perfeito. Mas, com o bichinho do TT sempre a roer, não poderia ser de outra forma. Nascido em Lisboa, em 1953, cresceu em Tomar e só regressaria à capital por altura do liceu, seguindo depois para Engenharia Electrotécnica, no Instituto Superior Técnico, durante os turbulentos anos de 1970. Nessa altura, estava longe de imaginar que o seu futuro estaria mais ligado às letras do que às engenharias e muito menos acreditava ver-se enfiado num fato de corridas. Mas, em plena época de movimentos estudantis, não tardou a envolver-se nas lutas — o que lhe valeu ser um dos 70 expulsos em Novembro de 1973 — e os estudos foram deixados um pouco de lado. Foi, assim, que teve o seu primeiro contacto com a escrita: através da redacção de panfletos e comunicados. Regressaria à faculdade já depois da revolução de Abril de 1974, com um ano perdido, mas nem por isso com menos bagagem. É por esta altura que conhece João Garcia, com que se iniciaria nas lides dos jornais. “Em 1977, não era muito diferente do que é hoje; acabava-se o curso e a questão do que se iria fazer na vida colocava-se. ” Ainda tentou um estágio na CP, seguindo os passos do avô ferroviário, mas não havia vagas. Acabaram ambos, por um acaso, nas vindimas de Alenquer, o que deu origem a uma reportagem que lhes abriu a porta do Diário Popular, onde, lembra Rui, tinham um director que defendia que “trabalhadores não saneiam trabalhadores”. A posição de José Manuel Rodrigues da Silva, que destoava do que acontecia em algumas redacções pelo país, deu-lhes o conforto de se iniciarem no jornalismo sem medo de expor as suas ideias. Durante a década de 80, ainda passou por projectos como o 24 Horas ou o Independente. É na época em que está de passagem pela revista Face que descobre as viagens fora de estrada, quando é convidado a integrar um passeio de UMM com o seu Citroën Dyane. “Não fazia ideia sequer do que era tracção às quatro… A primeira descida não correu lá muito bem”, confessa. Mas a semente estava lançada: comprou o seu primeiro UMM e tem a sua primeira experiência no mundo da competição quando é convidado para ir à pendura na segunda edição da Baja de Portalegre, numa altura em que “não eram precisos fatos, em que os capacetes eram os que havia lá por casa ou que os cintos usados eram os de origem”. “O carro”, conta, “desfez-se pelo caminho”, mas foi a diversão que o levou a nunca mais abandonar as corridas. “Não tinha nem dinheiro, nem talento, para ser profissional”, mas não perdia uma oportunidade para alinhar na grelha de partida: correu o Troféu UMM, a Baja 1000 (com direito a banho de 7Up que “era o champanhe dos pilotos da treta”) e as 24 Horas de Soure, prova realizada já depois de os UMM terem perdido a homologação para correr em provas internacionais e que daria origem às de Fronteira, com José Megre à cabeça. A dada altura, alinha numa grande viagem off-road, de Trancoso, concelho de Viseu, a Santiago de Compostela, Galiza: “Quando voltei, a revista onde trabalhava tinha fechado”, graceja, o que o levou a vender o trabalho ao semanário de Pinto Balsemão. A sua entrada para o Expresso coincide com a saída de vários pesos pesados para a criação do PÚBLICO, e a sua formação em Engenharia vale-lhe um lugar na secção de Ciência. Mas as corridas não foram postas à margem. Ao mesmo tempo que fazia o seu caminho no Expresso, de onde saiu há um ano e onde editou a secção do Internacional, tendo acumulado funções de director da Courrier Internacional, ia conhecendo outros caminhos. Entre 1994 e 1998, coordenou os Guias do Expresso, tarefa que o levou a conhecer o país de ponta a ponta e pelo avesso. “Costumo dizer que fazer todo-o-terreno é um pouco como ir à descoberta do que acontece quando saímos para ‘trânsito local’”. Mesmo assim, a vontade de correr não esmoreceu, numa busca pela superação, quer física, quer mental. “Em Fronteira, o que pode fazer a diferença é a capacidade de adaptação porque o que é verdade numa volta já não é na seguinte. ” Pela pista alentejana, que inclui subidas acentuadas, descidas rápidas, curvas sinuosas, linha de água ou saltos cegos, o pensamento rápido, a capacidade de desenrascar (como naquela vez em que ficaram sem luzes e acabaram a corrida graças a lanternas a pilhas) e de encontrar soluções fora da caixa são, por vezes, factores mais decisivos que ter motor. À medida que o dia vai passando, também a pista se torna mais difícil. E quando a noite chega tudo se complica. “As sombras, as luzes, a falta de visibilidade” juntam-se ao frio e ao cansaço. Mas também “é à noite que a prova se vence”, quando a lama quase engole os carros e não se vê nada para lá do vidro pára-brisas. Quem conseguir chegar ao raiar do sol em pista e sem problemas de maior, quase de certeza que conseguirá chegar ao fim. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Rui admite não ser o mais veloz. Nem ele nem o seu actual carro, um Patrol GR que “deve ser o mais antigo que lá anda”, com 120cv a puxarem por duas toneladas. Mas, sublinha, em Fronteira, “o que importa não é ser rápido; é estar lá quando a bandeira desce”. E, ao fim de 21 anos, a bandeira desceu. O que é mais memorável, uma corrida vencida ou perdida?A vencida, claro!. É que sabe muito bem ser bom desportista, mas a vitória tem um gosto muito melhor. Depois de tantos quilómetros feitos por Portugal, ainda é possível encontrar surpresas nas viagens pelo país?Sim, definitivamente. Ainda há pouco tempo, estive nas serras de Aires e Candeeiros e dei por mim num caminho que mais parecia uma pista marroquina. Isto apenas a cerca de 100km de Lisboa. Foi realmente surpreendente essa sensação. Depois de três décadas de todo-o-terreno e 21 edições de Fronteira, incluindo a vitória na edição de este ano, ainda há mais estrada para fazer ou já começa a apetecer parar?Parar só no dia em que tiver de trocar a baquet por uma cadeira de rodas. Até lá pretendo alinhar na grelha de partida e ver a bandeira a descer no fim de cada prova.
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Palavras-chave rainha medo
Sindicato considera aprovação do estatuto do bailarino "relevante mas insuficiente"
O diploma "não se pode traduzir numa lei que discrimine negativamente os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado", impondo-lhes uma "reconversão cega", defende o CENA/STE. (...)

Sindicato considera aprovação do estatuto do bailarino "relevante mas insuficiente"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O diploma "não se pode traduzir numa lei que discrimine negativamente os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado", impondo-lhes uma "reconversão cega", defende o CENA/STE.
TEXTO: O Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA/STE) considerou esta sexta-feira que a aprovação, na Assembleia da República, do regime dos bailarinos profissionais é "um avanço relevante, mas insuficiente". O regime foi aprovado por unanimidade a 21 de Dezembro, respondendo a uma reivindicação antiga daquela classe, que já tinha visto consagrada no Orçamento do Estado para 2019 a equiparação a profissão de desgaste rápido. Para o CENA/STE, a aprovação "é um primeiro passo importante para a aprovação de regulamentação laboral e social no sector", mas o diploma "não se pode traduzir numa lei que discrimine negativamente os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado" (CNB), impondo-lhes uma "reconversão cega": "É importante referir que este projecto de lei, ao contrário do inicialmente previsto, vai abranger todos os bailarinos profissionais, e esse é um facto que muito valorizamos", vinca o comunicado distribuído esta sexta-feira. O sindicato defende porém que os bailarinos da CNB não devem ficar automaticamente sujeitos à reconversão profissional a partir do ano em que completem 45 anos. Em vez de uma "imposição", argumentam, os bailarinos da CNB devem poder beneficiar de "uma alternativa". Genericamente, avalia o sindicato, o novo regime é uma oportunidade perdida" quanto ao "reconhecimento de um sistema próprio de reforma que faça justiça a esta carreira profissional": "O único reconhecimento justo para uma carreira onde o desgaste físico e a dedicação quotidiana são exaustivos é a criação de um sistema de reforma antecipada sem penalizações", lê-se no comunicado. O CENA/STE reconhece como avanços positivos, entre outros, a criação de pensões por danos emergentes de acidentes de trabalho, incluindo assistência médica especializada e a definição de uma lista específica de incapacidades, e a criação de sistemas de reconversão e requalificação com creditação da experiência profissional e formação académica. Pese embora o avanço, o sindicato defende que "este regime não é ainda o prometido Estatuto do Bailarino", mas sim "a base sobre a qual o futuro Estatuto deverá assentar", e adianta que vai "continuar a lutar para alcançar um estatuto do bailarino, pleno", e que "reconheça verdadeiramente a especificidade da profissão". Segundo o texto final, que reúne projectos de lei do PCP, do Bloco de Esquerda, do PSD, do CDS-PP, e de Os Verdes, o regime é aplicável a todos os profissionais de bailado clássico ou contemporâneo, referindo-se, logo no segundo artigo, aos integrados na CNB. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os bailarinos lutam há décadas pela criação de um estatuto próprio que reconheça as especificidades da profissão de desgaste rápido. O Grupo de Trabalho criado no parlamento para tratar esta situação ouviu, desde a anterior sessão legislativa, representantes dos bailarinos, nomeadamente a Comissão de Trabalhadores da CNB, o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA/STE), e também o presidente do Organismo de Produção Artística (Opart), Carlos Vargas, que tutela a CNB e o Teatro Nacional de São Carlos. De acordo com dados do Opart divulgados no parlamento sobre o perfil da CNB, a companhia reúne atualmente 69 bailarinos (26 homens e 43 mulheres) com uma idade média de 36 anos.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD PCP