Noite dos Museus gratuita regressa este sábado
Para comemorar o Dia Internacional dos Museus, a 18 de Maio, o Instituto dos Museus e da Conservação (ICM) propõe várias actividades nos museus e palácios sob a sua tutela, por todo o país. No próximo sábado, dia 15, o ICM apresenta a Noite dos Museus, uma iniciativa anual que abre as portas de museus e palácios durante uma noite de acesso gratuito em que decorrem actividades. As portas abrem às 18 horas e os visitantes terão visitas guiadas, concertos, leituras, ateliers para crianças e animações históricas. (...)

Noite dos Museus gratuita regressa este sábado
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2010-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para comemorar o Dia Internacional dos Museus, a 18 de Maio, o Instituto dos Museus e da Conservação (ICM) propõe várias actividades nos museus e palácios sob a sua tutela, por todo o país. No próximo sábado, dia 15, o ICM apresenta a Noite dos Museus, uma iniciativa anual que abre as portas de museus e palácios durante uma noite de acesso gratuito em que decorrem actividades. As portas abrem às 18 horas e os visitantes terão visitas guiadas, concertos, leituras, ateliers para crianças e animações históricas.
TEXTO: Em Lisboa, aderiram à iniciativa vários museus, como o dos Coches, que vai organizar visitas a sete peças com histórias curiosas. Já o Museu de Arte Antiga promove, às 19h30, um jantar inspirado na história e no património do museu. O jantar é pago, mas as visitas guiadas são gratuitas. Os visitantes poderão escolher explicações sobre os marfins afro-portugueses, os Painéis de São Vicente, os biombos Namban ou a custódia de Belém, entre outras obras do acervo do museu. No Museu do Chiado realizam-se visitas guiadas à exposição “Um Percurso, Dois Sentidos” e ainda uma conversa com o artista João Onofre, às 18 horas. No Museu Nacional do Azulejo e no Museu Nacional do Teatro há ateliers e visitas temáticas. Ainda em Lisboa, a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Museu da Música, Museu da Marioneta, Museu do Fado, Museu do Teatro Romano, Museu Arpad Szénes/Vieira da Silva e Palácio Nacional da Ajuda também realizam actividades. No Porto, o Museu do Carro Eléctrico faz um desfile anual e o Museu Nacional de Soares dos Reis organiza visitas guiadas às suas exposições. Já no dia 18, terça-feira em que se comemora o Dia Internacional dos Museus, estes espaços continuam a ser dinamizados com actividades especiais. Em Lisboa, por exemplo, o Museu de Arte Popular, Museu do Chiado, Museu Nacional do Azulejo e Museu Nacional de Etnologia organizam ateliers para crianças. O Museu Nacional do Traje e o Museu Bordalo Pinheiro organizam visitas temáticas. O Palácio Nacional da Ajuda vai projectar filmes e documentários. Também o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian abre as suas portas até à meia-noite, com o DJ Mr. Mitsuhirato vai passar música dos anos 1920 até hoje. Também se juntam à iniciativa o Paço dos Duques de Bragança (Guimarães), Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa (Braga), Museu de Aveiro, Museu Grão Vasco (Viseu), Museu Monográfico de Conímbriga, Casa-Museu de Leal da Câmara, Museu Anjos Teixeira e Museu do Ar (Sintra), Museu de Arte Sacra e de Etnologia (Fátima), Museu de Cerâmica e Museu de José Malhoa (Caldas da Rainha), Museu de Évora, Museu de Angra do Heroísmo (Açores), Museu da Quinta das Cruzes (Madeira), Palácio Nacional de Mafra, Palácio Nacional de Queluz e Palácio Nacional de Sintra, entre outros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha ajuda
Milhões afectados nos EUA e Reino Unido
À luz do caso de António Manuel Ribeiro, o fenómeno de assédio e perseguição de terceiros surge como um caso que começa pela fama, pela exposição pública. Mas o stalking, na expressão inglesa, é um fenómeno que tanto pode afectar personalidades públicas quanto particulares. (...)

Milhões afectados nos EUA e Reino Unido
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: À luz do caso de António Manuel Ribeiro, o fenómeno de assédio e perseguição de terceiros surge como um caso que começa pela fama, pela exposição pública. Mas o stalking, na expressão inglesa, é um fenómeno que tanto pode afectar personalidades públicas quanto particulares.
TEXTO: Pessoas alvo de diferentes tipos e graus de obsessão que, pela via do cinema, se associaram aos extremos do filme Atracção Fatal ou ao caso verídico do perseguidor de Jodie Foster, John Hinckley Jr, que acabou por alvejar o Presidente Ronald Reagan no meio da sua fixação pela actriz. Números norte-americanos e britânicos citados pela agência Lusa reúnem famosos e cidadãos anónimos - há milhões de pessoas afectadas física e psicologicamente. De acordo com a Lusa, um milhão de mulheres e 400 mil homens sofreram danos de diferentes tipos devido ao stalking. No Reino Unido, os registos policiais referem cerca de 600 mil homens e 250 mil mulheres vítimas de danos produzidos pelo assédio (no país não existe uma lei que defina stalking) ao longo de um ano - invasão de privacidade, injúrias, danos à integridade psicológica e emocional. A mesma fonte indica ainda que é em Inglaterra que são mais comuns as ordens judiciais que proíbem que o infractor se aproxime da vítima. O estudo do Gabinete de Estatísticas Judiciais do Departamento de Justiça norte-americano Stalking Vitimization in the United States, de 2009, indica que as mulheres estão em maior risco de ser vítimas de assédio do que os homens, mas que tanto homens quanto mulheres são igualmente propensos a ser vítimas de stalking. O mesmo documento indica que cerca de uma em cada quarto vítimas de perseguição e assédio foi alvo de ciberstalking - através de e-mails (83 por cento) ou de mensagens em chats (35 por cento).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens lei estudo mulheres perseguição assédio
“Dizem que ele é trombudo, afinal, ri-se o tempo todo!”
Talvez não seja preciso entendê-lo para gostar dele. Talvez baste vê-lo como “uma mancha dourada no meio de uma mancha branca”. (...)

“Dizem que ele é trombudo, afinal, ri-se o tempo todo!”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Talvez não seja preciso entendê-lo para gostar dele. Talvez baste vê-lo como “uma mancha dourada no meio de uma mancha branca”.
TEXTO: Uma mulher passa as lojas da Praceta de Santo António em revista – à cata de uma “lembrancinha” em conta. “Está a ser melhor do que na televisão”, comenta, com o rosto virado para trás. Segue-a o marido, costas dobradas, boné enterrado na cabeça, não vá ela abrir os cordões à bolsa em tempo de crise: “Dizem que ele é trombudo, afinal, ri-se o tempo todo!”“Ele” é Bento XVI, que o casal da Maia acabara de ver, no Santuário de Fátima. A sua popularidade parece ter crescido por estes dias – embora o antecessor, João Paulo II, continue na boca de qualquer um a quem, neste 13 de Maio, se pergunte pelo Papa. E nem é preciso perguntar. Basta ouvir as impressões trocadas depois da missa – ou durante: enquanto ele faz a homilia e a homilia ecoa numa das maiores lojas de recordações da cidade. - Você acha que ele faz isto sozinho ou alguém o ajuda?- Alguém ajuda. Está tão velhinho!- O Miguel viu-o em Lisboa e disse: ‘Tenho de ir lá!’- É. As pessoas ficaram com mais carinho. Os lojistas não estavam preparados para esse aumento de capital simbólico: feita a análise de risco, poucos encomendaram produtos com o rosto de Joseph Alois Ratzinger. “A imagem de Fátima vende este ano, para o ano, daqui a dez anos – o Papa é agora e depois passa”, explicava a comerciante Maria José, numa loja sem nome, virada para ao Museu de Arte Sacra. Aqui e ali, um terço, uma moldura, um chaveiro, uma pulseira ou um lenço do adeus. Muitos viriam, com ele ou sem ele. Maria Fernanda Pimenta proclamava-o junto à camioneta que a trouxera de Aveiro: “A minha fé é em Nossa Senhora – gosto tanto dela!” O marido ficou em casa: “Ele dá-me ordem para eu fazer o que eu quero. ” E ela veio com os pais. Sobra experiência à mãe: “Ainda sou do tempo de vir, três dias a pé, com a cesta à cabeça!” As cestas foram substituídas pelas geleiras e os termos. Não faltam peregrinos assíduos a circular nestas ruas. Um comia sentado na bagageira da camioneta que trouxera Fernanda e a mãe. Duarte Crêoulo já aqui veio 36 vezes a pé e três de carro: “Tomo dez comprimidos por dia. Hoje não quero tomar nenhum! Estou num lugar sagrado. ” Parece haver aqui qualquer coisa de viciante para alguns. Adolfo Mesquita e uns amigos já combinavam voltar domingo: “Vamos ao Estádio do Jamor ver o Chaves jogar com o F. C. Porto; se o Chaves ganhar, passamos por aqui. ” Vem cá “três ou quatro vezes por ano”. “Sinto-me bem aqui dentro – não sei explicar. ”Não fora essa sensação inexplicável, Glória Fernandes não voltaria saciada para o seu lar distante. Viu Bento XVI lá ao longe. E, lá ao longe, Bento XVI era “uma mancha dourada no meio de uma mancha branca”. O marido não ficou com uma imagem tão poética: “Ninguém entende o Papa! Aquilo é português?’” A mulher retoma a palavra, sem tirar os olhos do marido, que com ela saíra de Fafe às cinco da manhã, como se lhe pedisse autorização: “Já gostava dele e agora gosto mais. ” Para alguns, não é preciso entender. Duas primas, da Póvoa de Varzim, que comiam uma sopita feita no parque de campismo que não é parque de campismo – é zona ajardinada entre parques de estacionamento – provavam isso mesmo . “O Papa? É bonito! Por acaso, é bonito”, comentava a mais velha, Alexandrina Gabriel, rapariga para 78 anos, menos cinco do que o Papa. Esteve desde as 7h30 a guardar lugar para a missa das 10h00 – perto do altar. Percebeu o que ele disse? “Percebi tudo. Falou de Portugal, dos países. Não foi mais fraco do que o outro. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher ajuda rapariga
Governo tailandês impõe recolher obrigatório para dispersar manifestantes
O Governo tailandês impôs a partir de hoje o recolher obrigatório em Banguecoque, depois de três dias de violentos confrontos na capital, que provocaram já 24 mortos e lançaram a cidade num ambiente de guerra. (...)

Governo tailandês impõe recolher obrigatório para dispersar manifestantes
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Governo tailandês impôs a partir de hoje o recolher obrigatório em Banguecoque, depois de três dias de violentos confrontos na capital, que provocaram já 24 mortos e lançaram a cidade num ambiente de guerra.
TEXTO: O primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva acredita que a medida vai ajudar a dispersar os manifestantes que pedem a demissão do executivo. O recolher obrigatório deverá durar entre as 11h00 e as 5hoo da madrugada de segunda-feira. “Não podemos retirar agora”, adiantou o primeiro-ministro. Os militares reconhecem que não pensaram que os manifestantes “camisas vermelhas” resistissem ao cerco que lhes foi imposto por tanto tempo. A violação do recolher obrigatório pode custar dois anos de prisão. “Ficarei aqui. Não vamos embora”, adianta por sua vez Jatuporn Prompan líder dos manifestantes à Reuters. Os manifestantes ocupam uma área de 3, 5 quilómetros quadrados da capital num acampamento de onde não contam sair. Contam-se ainda cerca de cinco mil manifestantes no acampamento, incluindo mulheres e crianças, mesmo depois das forças fiéis ao Governo terem abatudo ontem um deles com um tiro na cabeça. As retaliações contra os militares com bombas de fabrico artesanal e pneus queimados são uma constante também. Os militares atiram a matar quando algum manifestante se aproxima a menos de 36 metros das linhas de defesa montadas. Nem jornalistas estão a salvo. Os líderes do movimento enfrentam acusação de acto terrorista, punível com pena de morte. Os alimentos e água entre os manifestantes escasseiam.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte prisão violação mulheres alimentos
Manifestantes tailandeses têm de “deixar acampamento”
Os manifestantes anti-Governo na Tailândia receberam ordens para abandonar o acampamento onde se foram reunindo em Banguecoque desde que os protestos começaram, em Março. (...)

Manifestantes tailandeses têm de “deixar acampamento”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os manifestantes anti-Governo na Tailândia receberam ordens para abandonar o acampamento onde se foram reunindo em Banguecoque desde que os protestos começaram, em Março.
TEXTO: Aparentemente, poucos estão a cumprir essa ordem, não acreditando na “passagem segura” oferecida pelas autoridades. No interior acampamento, cercado pelas forças de segurança, estão cerca de cinco mil pessoas, incluindo mulheres e crianças. O Governo disse hoje que conversaria com os manifestantes desde que eles mostrassem “sinceridade”, abandonando o campo. Da outra parte, aceitam-se conversações mediadas pela ONU se o Executivo fizer retirar as suas tropas. A morte de um dos líderes do movimento dos “camisas vermelhas”, ferido com um disparo nos protestos da semana passada, foi entretanto confirmada. Desde que o general Khattiya Sawasdipol foi ferido, na quinta-feira, já morreram 36 pessoas e ficaram feridas 250. Muitos dos manifestantes são apoiantes do antigo primeiro-ministro Thaksim Shinawatra e vêm de áreas pobres do Norte rural da Tailândia. Thaksim foi afastado por acusações de fraude eleitoral e vive no estrangeiro – os manifestantes consideram que o Governo actual, escolhido por voto parlamentar, é ilegítimo.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Uma em cada três crianças entre 2 e 5 anos com excesso de peso
Quase um terço das crianças portuguesas entre os dois e os cinco anos estão em estado de pré-obesidade ou obesidade, revelou o coordenador da Plataforma Nacional de combate a este problema, já denominado como uma "pandemia do século XXI". (...)

Uma em cada três crianças entre 2 e 5 anos com excesso de peso
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-05-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quase um terço das crianças portuguesas entre os dois e os cinco anos estão em estado de pré-obesidade ou obesidade, revelou o coordenador da Plataforma Nacional de combate a este problema, já denominado como uma "pandemia do século XXI".
TEXTO: Um estudo realizado o ano passado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, em parceria com a Plataforma Nacional Contra a Obesidade, mostra que na faixa entre os dois e os cinco anos há 27, 4 por cento de rapazes e 30, 8 por cento de meninas em pré-obesidade ou obesidade. "É uma prevalência significativamente elevada. Em cada três crianças, uma é criança de risco", sublinhou à agência Lusa o coordenador da Plataforma, Pedro Graça. De acordo com o mesmo estudo, na faixa etária entre os 11 e os 15 anos, a percentagem de rapazes com pré-obesidade e obesidade é de 28, 6 por cento, descendo para os 27, 8 por cento no caso das raparigas. Na população adulta, Pedro Graça revela que os vários estudos apontam que metade dos homens portugueses tenha peso em excesso, prevalência considerada "elevada", mas que melhora entre a população feminina. Serão cerca de 30 por cento as mulheres com pré-obesidade, o que o especialista encara como "um indicador de que estejam a combater melhor o problema da obesidade do que os homens". "Parece que esta diferença entre homens e mulheres tem vindo a aumentar. As questões estéticas podem ser reconhecidas, tal como as de saúde. Mas acima de tudo creio que os homens não estarão a fazer tanto investimento neles próprios. Há factores pessoais e sociais misturados", comentou Pedro Graça. Estes são alguns dos dados que deverão ser debatidos no IX Congresso de Nutrição e Alimentação, da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN), que começa quinta-feira em Lisboa e tem como tema central "Pandemias do Século XXI". Além da obesidade, também a diabetes e a hipertensão se enquadram neste conceito de novas pandemias, como notou à Lusa a presidente da APN, Alexandra Bento. A nutricionista recordou ainda que os estudos recentes estimam que existam mais de 900 mil portugueses a sofrer de diabetes, dos quais quase 400 mil desconhecem ser portadores desta doença crónica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens criança doença estudo mulheres feminina
Morreu Paulo Eduardo Carvalho, homem de teatro
O professor da Faculdade de Letras do Porto, encenador e tradutor de textos de teatro Paulo Eduardo Carvalho morreu ontem numa praia de Matosinhos num acidente no mar. O afogamento do tradutor, de 45 anos, ocorreu ao final da tarde de ontem na Praia do Cabo do Mundo. (...)

Morreu Paulo Eduardo Carvalho, homem de teatro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: O professor da Faculdade de Letras do Porto, encenador e tradutor de textos de teatro Paulo Eduardo Carvalho morreu ontem numa praia de Matosinhos num acidente no mar. O afogamento do tradutor, de 45 anos, ocorreu ao final da tarde de ontem na Praia do Cabo do Mundo.
TEXTO: O acidente ocorreu na Praia do Cabo do Mundo, em Leça da Palmeira. Segundo a Lusa, o alerta para o acidente foi dado por um amigo que se encontrava com Paulo Eduardo Carvalho e que tentou salvá-lo, sem êxito. O corpo do professor foi recolhido do areal, cerca das 20h00 de ontem, pelos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, após a confirmação do óbito por afogamento. Paulo Eduardo Carvalho era professor do Departamento de Estudos Anglo-Americanos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigador no Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa. O docente é autor de vários livros, entre os quais uma monografia sobre Ricardo Pais, "Ricardo Pais, Actos e Variedades", editada em 2006 pela Campo das Letras quando o encenador era também director do Teatro Nacional São João, e também “Identidades Reescritas – Figurações da Irlanda no Teatro Português” (Colecção Estudos de Literatura Comparada). Escreveu também "Identidades Reescritas – Figurações da Irlanda no Teatro Português" (Edições Afrontamento, 2009), livro que retoma sua a tese de doutoramento sobre a presença da dramaturgia irlandesa na dinâmica da criação teatral portuguesa dos últimos 50 anos. Traduziu peças de Harold Pinter, Samuel Beckett, Brian Friel, Caryl Churchill, Tom Murphy, Marina Carr, entre outros. Segundo a actriz Carla Miranda, da companhia As boas raparigas vão para o céu. . . , disse à Lusa, recordou o último texto de teatro traduzido por Paulo Eduardo Carvalho é da autoria de Howard Barker e está a ser ensaiado por aquela companhia portuense. No campo académico, era membro integrado do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da Universidade do Porto e colaborador do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa e do Centre for English Translation and Anglo-Portuguese Studies da Universidade do Porto. Foi membro do Conselho Redactorial da revista Sinais de Cena, da direcção da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e do Comité Executivo da sua congénere Internacional, tendo sido nos últimos anos o Director de Seminários daquele organismo. O funeral de Paulo Eduardo Carvalho realiza-se amanhã, dia 22 de Maio, pelas 14h00, no Cemitério do Prado do Repouso. O seu corpo estará em câmara ardente na Igreja do Bonfim, a partir das 18h00 de hoje. Notícia actualizada às 11h57
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo corpo
Festa familiar com Sir Elton John
Ao segundo dia, com cerca de metade do público contabilizado no arranque, o Rock In Rio transformou-se em festival familiar. Nada de “levantar poeira”. Um digníssimo Elton John e o reencontro com os Trovante. (...)

Festa familiar com Sir Elton John
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao segundo dia, com cerca de metade do público contabilizado no arranque, o Rock In Rio transformou-se em festival familiar. Nada de “levantar poeira”. Um digníssimo Elton John e o reencontro com os Trovante.
TEXTO: O segundo dia do Rock in Rio, ontem, foi em tudo diferente do anterior. Ou melhor, não em tudo, que a procura por sofás vermelhos insufláveis continuou a originar as maiores filas em todo o recinto. Sofás à parte, as diferenças foram notórias. Entre o público, a frenética juventude, em maioria na abertura, foi equilibrada com a serena meia idade de olhos postos em Elton John. O saltitante “levanta o pé do chão” desapareceu sem deixar rasto e, por comparação, tivemos um piquenique pacato para 41 mil pessoas em vez do festim para 81 mil do dia anterior. A excepção? João Pedro Pais. Quando surgiu para inaugurar o Palco Mundo, às 19h, tinha perante si escassas centenas de pessoas, mas não pareceu minimamente preocupado. O homem berrou tudo o que pode berrar, o rocker rockou na sua Telecaster como se se imaginasse Bruce Springsteen, o instigador pediu ao público que gritasse os seus gritos (e o público gritou), o músico emocionou-se e lançou reptos enigmáticos como - citamos de cabeça - “nada disto faria sentido se não fossem vocês, os restos de vocês e das vossas almas”. Pausa: “Portugal!”Nas canções do autor de “Nada de nada” – foi a última que lhe ouvimos -, o mundo são pequenas tragédias à espera de acontecer, o mundo é sempre salvo com estrépito por um solo de guitarra. Não vimos mais nada assim. Como canta João Pedro Pais em “Não há”, “antigamente, era diferente”. Antigamente foi o dia da loucura ginasticada com Ivete Sangalo. Ontem, apesar dos esforços de João Pedro Pais, foi outra coisa. Elton John atravessou toda a sua década de 1970 com prazer notório e foi bonito vê-lo iniciar o concerto, pelas 22h15, com a longa suite de abertura de “Goodbye Yellow Brick Road”, “Funeral for a friend / Love lies bleeding”. Foi esse o mote para uma actuação em que mostrou tudo o que realmente interessa na sua carreira (e também, a destoar, uma foleirada chamada “Sacrifice”). Enfiado no seu casaco comprido com lantejoulas embutidas (uma maior discrição não apaga a exuberância natural do Sir), tocou o rock dos bons velhos tempos, como diria José Cid, de “Saturday’s night alright for fighting”, atirou-se ao proto-disco de “Philadelphia freedom” e fez de “Rocket man” um imenso espaço de virtuosa diversão com pianada blues (à atenção de John Mayer: há que pôr o saber instrumental ao serviço da canção, não o contrário). Perante a estrela, que se levantava do piano para reclamar aplausos e que denunciou a veterania quando um salto mais arrojado quase redundava em queda aparatosa (o que, de resto, só acentuou o à vontade com que se apresentou), o público foi reagindo sem excessos. Milhares de braços a ondular ao sabor das baladas (“Daniel”, por exemplo) e os muitos pares de meia idade já abraçados, a aproveitar “Don’t let the sun go down on me” para se abraçarem um pouco mais. Lá em cima, no ecrã sobre o palco, sucediam-se coloridas estilizações muito pop de velhas fotos de jovem Elton. Cá em baixo, todos estavam visivelmente agradados mas sem grandes manifestações de euforia. Fez-se coro para acompanhar os “na nanana nana” de “Crocodile rock” e, já em encore, acompanhou-se em surdina “Candle in the wind” (ilustrada com excertos vídeo da sua inspiração, Marylin Monroe) e “Your song”. Foi com ela que o digníssimo Sir Elton, acompanhado no concerto por uma muito competente banda de veteranos, se despediu do Rock In Rio. Sem deslumbrar, mas protagonista de um serão bem passado – e o momento alto do segundo dia de festival. Foi, digamos, um dia familiar, com a inglesa Leona Lewis, vencedora do Ídolos local e depois transformada em estrela r&b, a dedicar-se aos malabarismos vocais habituais a quem se quer destacar nos Ídolos de qualquer sítio – a cantora de “Bleeding love” actuou antes de Elton John e do seu concerto não se guardará memória. E um dia de regressos familiares, com os Trovante, reunidos propositadamente para o Rock in Rio, a tocarem perante uma plateia consideravelmente mais despida – muito público decidiu rumar a casa após o concerto de Elton John. Os resistentes, animados e emocionados com o reencontro – até deu para Luís Represas andar em corrida pelo corredor que se estende do palco à plateia -, acompanharam o revisitar de uma carreira que, na viragem da década de 1970 para a de 1980, ignorou o boom do rock português para se concentrar na releitura da música popular portuguesa (com acento no pop de popular). Seguiram assim as “caravelas” de “Xácara das bruxas” ou a aproximação ao fado, com sax e mandolim, de “Travessa do Poço dos Mouros”. Luís Represas, na Cidade do Rock onde tudo o que luz é outdoor publicitário ou stand de patrocinadores, falou da importância do palco que pisava, porque “não é só de música, é de solidariedade, de causas, de ecologia”, e apresentou “Memórias de um beijo”. Referiu-o novamente em encore, quando “Perdidamente” já tinha sido cantado por ele e pelo público e “125 Azul” já tinha originado um mini baile. Fê-lo para apresentar a penúltima canção da noite, “Timor”. Aproximavam-se as duas da madrugada e os Trovante estavam prestes a despedir-se com “Prima da chula”. Horas antes, quando o sol ainda brilhava, já ganhava forma a ideia de dia familiar no Rock In Rio. Vejamos. No Palco Sunset, pelas 18h30, Tim convidava Mariza a juntar-se-lhe. Mariza que um dia antes actuara no outro extremo do recinto, onde cantara a “Rosa branca” que ontem lhe ouvimos novamente. Hora e meia depois, o cantor brasileiro Toni Garrido subia a palco para acompanhar Rui Veloso. Boss AC chegava pouco depois. Entre clássicos de Veloso, como o inevitável “Paixão”, e a chegada da convidada principal, Maria Rita, cantaram “Rimas de saudade” ou “Boa vibe”. Duas que AC incluíra no concerto que, no dia anterior, dera naquele mesmo palco. Quem era um dos seus convidados? Toni Garrido, precisamente. Tudo em casa no Rock In Rio. O festival prossegue para a semana, dias 27, 29 e 30 de Maio, com concertos de Muse, Myley Cyrus ou Motörhead. * Mário Lopes é crítico de música no PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homem cantora
Sem eles, estamos perdidos
Não precisa de ser fã de Perdidos para ler este texto, nem para saber o que é a série-fenómeno da década e que ela chega hoje ao fim. Sem revelações sobre o final, há quem aqui admita que pensar no que vai acontecer esta noite traz lágrimas aos olhos. Tanto quanto o casamento da própria filha que... também é hoje. (...)

Sem eles, estamos perdidos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não precisa de ser fã de Perdidos para ler este texto, nem para saber o que é a série-fenómeno da década e que ela chega hoje ao fim. Sem revelações sobre o final, há quem aqui admita que pensar no que vai acontecer esta noite traz lágrimas aos olhos. Tanto quanto o casamento da própria filha que... também é hoje.
TEXTO: Nesta década, um dos grandes desafios para a ficção é o telemóvel - ajuda nuns contextos, mas prejudica noutros. Na sitcom, tira a surpresa; no drama, diminui os longos suspenses da era das cabines. E se toda uma série, em plena idade das ligações, se baseasse na ausência de contexto, no segredo, no corte? E se ela nos desse três FF: Flannery O"Connor, frango frito e fãs? E o que fazer se a nossa filha se casar no dia do final televisivo mais aguardado dos últimos anos?Todos os homens (e mulheres) são uma ilha nesta ilha que é Perdidos. É uma série sobre grupos de pessoas ligados a uma ilha misteriosa onde se mistura o imaginário Robinson Crusoé com o de Stephen Hawking. Os protagonistas não partilham segredos, não vêem os episódios para saber o que dos outros nos foi dito pelos flashbacks, forwards e sideways (sim, flashsideways). E hoje é o seu fim. Alguns de nós, espectadores, estão muito preocupados. Mesmo depois de termos lido Flannery O"Connor a conselho da personagem Jacob, de termos apreciado o amor de outra personagem pelo frango frito ou ainda de nos assumirmos como fãs. Do que somos fãs? De uma série maravilhosamente complexa e paradoxal: baseia-se numa bolha fora dos tempos modernos e só é o que é através dos recursos dos tempos modernos (leia-se a interacção na Web). Um grupo de aparentes desconhecidos entre si sobrevive numa ilha após a queda do seu avião. Já lá estão desde 2004. Ao longo destes seis anos, mais de cem horas e outras tantas de extras de DVD e conteúdos paralelos, dificilmente podemos dizer qual é o tema de Perdidos. "Esta série tem tanto investido no seu final. A sua única razão de existência em seis anos é provocar-nos e levar-nos até um certo tipo de solução", resume Robert Thompson, director do Centro Bleier de Televisão e Cultura Popular da Universidade de Syracuse. Podemos dizer quem está do lado de quem, que há grupos, que há desígnios. Quais? Bom, é ver as próximas duas horas e meia de série, mais duas horas de recapitulação e, nos EUA e na ABC, um Jimmy Kimmel especial com o elenco a seguir ao final de The End, passe a redundância. Em Portugal, passa às 05h00 no primeiro directo de uma série a partir dos EUA no Fox do Meo, em que também está disponível o final no VideoClube nos próximos sete dias. Ou então no Fox a 1 de Junho. A RTP1 passa a penúltima temporada aos sábados. Fora da série, também se forjaram alianças. Perfeitos desconhecidos trocam impressões sobre um livro de Stephen King e uma pista sobre o panóptico de Jeremy Bentham. Longas conversas intercontinentais aproximaram gente de idades e origens díspares cujas vidas se cruzaram por causa da queda ficcional de um avião numa ilha algures no Pacífico Sul (apostamos em Tonga e no Triângulo das Bermudas desde o início, mas quem está a apontar tais minudências?). Falemos, mero exemplo, de um entrevistado regular e de uma jornalista que ainda não se conhecem pessoalmente depois de tantas conversas sobre cultura popular, a vida, a América, livros, filmes e TV. "Sinais dos tempos", diz-nos ele. David Lavery foi ouvido em 2006 para um artigo da Time que se propunha a enunciar "Por que é que o futuro da televisão é Perdidos". Vivia em Londres, leccionando na Universidade de Brunel e já tinha escrito Unlocking the Meaning of Lost. Na altura despontavam em Portugal as séries da terceira era dourada da TV americana que nos espantavam. Dexter, Perdidos, Donas de Casa Desesperadas, Prison Break, Sob Escuta, 24. . . Lavery via toda a sua televisão made in America em diferentes suportes. "Assim que desligar esta chamada, vou ver oPerdidos de ontem à noite. Desde que a Sky comprou a série, só temos de esperar até domingo. E o 24 tem só uma semana de diferença", contava-nos na altura, a propósito de um texto para o Ípsilon. O resto apanhava no iTunes e só Os Sopranos lhe escapavam - "A minha filha está a copiá-los em casa e vai enviá-los pelo correio a cada duas semanas. " O dilemaQuatro anos e muitas conversas mais tarde, já a viver e a leccionar no Tennessee, a mesma filha, Sarah, vai casar-se. Este domingo. Ao fim do dia. O problema foi discutido em família. É que hoje também se vive o acontecimento televisivo do ano, postula a imprensa americana, com 30 segundos de publicidade nos intervalos das cinco horas e meia de programação especial a custar 725 mil euros (só suplantado em valores pelas tabelas praticadas nos Óscares e no Superbowl). "Não seria capaz de o dizer à minha mulher, mas como vai ser escrito em português, posso ser citado: a importância do casamento da minha filha não é comparável com a do final de Perdidos - mas está lá muito perto!", ria-se Lavery, 60 anos, ao telefone depois de ultrapassadas as perguntas sobre as vidas de cada lado da linha telefónica. A solução vai ser ver em diferido - e para Sarah vai ser ainda pior, porque parte imediatamente para lua-de-mel. Pior porque também é fanática da série - mas está em paz com as suas prioridades. Perdidos foi um dos primeiros êxitos watercooler da ABC numa década - traduzindo para português, é daquelas séries que juntam as pessoas a trocar ideias ao pé da máquina do café do emprego ou no seu equivalente virtual. Nos fóruns da Lostpedia ou no oficial The Fuselage. Trocam-se dúvidas. Eternas dúvidas. Como dizia a misteriosa Mulher do episódio que os canais Fox exibiram na semana passada, "cada pergunta a que eu responda apenas levará a novas perguntas". É um piscar de olho aos fãs de Perdidos e simultaneamente um dos seus truques mais típicos - como um videojogo que nunca acaba, como uma criança na idade dos porquês, como um epistemólogo com distúrbio obsessivo-compulsivo, como um daqueles truques de magia em que os lenços coloridos não param de sair do chapéu (pedimos desculpa pela sofreguidão da enunciação, a culpa é da iminência do fim), só nos traz mais perguntas. "Não me lembro de alguma vez ter estado tão ansioso por um episódio final de uma série", diz-nos Robert Thompson. E ele já viu umas quantas - nomeadamente, escreveu o livro Television"s Second Golden Age. Para Thompson, nunca é demais frisar como tudo, tudo está em jogo naquilo que se vai passar esta noite. Especialmente porque os próprios criadores admitem que umas 15 horas desta viagem foram. . . mazinhas. Não é uma série perfeita. "Nunca uma série adiou tanto as suas respostas. Esta não é a melhor série alguma vez feita neste país - mas é definitivamente a série mais complexa, em termos de narrativa, de sempre", garante. "Claro que há outros exemplos: Twin Peaks, Ficheiros Secretos, a ultima temporada de Praia da China, que se movia entre quatro décadas diferentes. Mas nada se aproxima da complexidade narrativa de Perdidos. E o facto de não ter sido feita num canal de cabo, mas num generalista é significativo. "Romance modernoNão haja dúvidas: há aqui uma história de amor com Perdidos, um romance moderno à laYeah Yeah Yeahs, em que o tempo desaparece, pára quem quiser e em que nada dura para sempre. O contacto mais recente com Thompson, a troca de pistas e ideias com Lavery, tudo mimetiza o que se passa com milhões de outras pessoas mais ou menos empenhadas, de anónimos a Stephen King, George Lucas ou Marilyn Manson. Uma imensa minoria de espectadores (caiu para uma média de 11 milhões de espectadores nos EUA) à luz de gigantes como CSI, House ou Investigação Criminal. Mas ainda assim um culto de massas - pelos temas, pelos seguidores. "Nem sempre o culto é uma questão de número", lembra Lavery. O professor universitário, que entretanto já co-assinou mais um livro sobre Perdidos, admite ficar emocionado ao pensar no dia de hoje. Há o casamento da filha, sim. Mas ele refere-se mesmo a Perdidos, tal como o crítico da Time James Poniewozick assume ter ficado de olhos enevoados na reportagem durante as filmagens do último episódio. Lavery está a rever os mais de cem episódios que ficaram para trás ("Quero saber quase tudo sobre Perdidos, mas acho que estou nas ligas amadoras") e usa a série como exemplo para convencer os seus alunos de Literatura Inglesa da actualidade dos clássicos. "Este semestre ensinei Édipo e estava a tentar explicar o conceito de ironia dramática. Sugeri-lhes que vissem Perdidos - deve ser a versão mais épica da ironia dramática!" Do lado de cá desta página, a solução para a terrível percepção da iminência do fim (da série) foi o prolongamento da experiência de cada episódio com a leitura do maior número possível de recapitulações de qualidade ou de comédia (altamente recomendáveis para relativizar tudo isto), cada podcast relevante e notas inúteis em caderninhos ou envelopes rasgados. E muitas buscas na Lostpedia. E o prazer dos livros, claro, porque, como nos recorda Thompson, esta série transcendeu a televisão não só porque está na Web, mas também porque alguns de nós andaram a reler Flannery O"Connor ou Steinbeck ou Carroll ou a Odisseia - que surgem na série, que parecem relevantes para a dita e que fazem Lavery regozijar-se porque estudou Ulisses e a Bíblia e sabe que o episódio 3:16 tem tudo a ver com isso. E voltando a este lado da página, houve incursões pelo desconhecido com, por exemplo, Thomas Mann e um noutras circunstâncias intocado José e Seus Irmãos. Porque se há um Jacob nesta temporada de temática tão bíblica, também tem de haver um Esaú. E que um monstro de fumo nos engula se isto não será útil nas derradeiras horas de Perdidos. Ou não. . . Ah, a dúvida. Deveríamos ter ido pelo lado Caim e Abel?(Abrimos parêntesis para dizer que os criadores explicam que o baptismo de personagens e os livros que saltam de uma qualquer escotilha ou tenda improvisada na praia são tributos às suas influências, aos produtos culturais que engoliram. "Mencionar apenas um livro influente na série seria injusto, mas em termos temáticos estamos sempre a voltar a Alice no País das Maravilhas", admite Lindelof ao Los Angeles Times. Cuse considera Flannery O"Connor a sua maior influência pelos temas religiosos e violência acutilante que perpassam Perdidos e em que a escritora sulista era mestra. E, claro, a Bíblia. Um molho de arquétipos que muitas vezes parece um molho de brócolos e que nos faz mandar os caderninhos com notas às malvas, mas cuja intenção maior é pôr-nos a pensar. Se quisermos apenas afundar-nos no sofá, também pode ser. Perdidos não discrimina. Sugere. Fim de parêntesis. )Seis anos de relaçãoMas talvez seja Thompson quem melhor espelha esta relação tumultuosa dos fãs com esta série especial, ao mesmo tempo que nos garante que o espaço pedido nesta revista junto dos editores é justificado, e que simultaneamente nos diz que é normal ter abandonado ou questionado Perdidos nestes seis anos - o que em nada diminui a sua relevância. "Esta série exige uma atenção extraordinária, requer entrar numa relação com ela. Praticamente tínhamos de comprar-lhe flores e levá-la a jantar", ri-se. Também está a rever a série toda. "Tal como quando acabei Moby Dick, que reli para ver como as peças se encaixavam. "Porquê? Ele explica o "seu" namoro: "É uma relação disfuncional, amo-a terrivelmente no início, depois frustra-me ao ponto de querer mandar algo à televisão, a meio prometo acabar com aquilo e nunca mais a ver e depois, claro, como um cachorrinho, volto a pedir-lhe que volte a amar-me. O que o Perdidos consegue fazer, e que Twin Peaks não conseguiu, é dar-nos um daqueles episódios de fazer cair o queixo e. . . voltamos a bordo de corpo e alma. É a série com que não conseguimos acabar - provoca-nos constantemente e depois dá-nos algo que nos obriga a ficar com ela. "Mas tudo isto é demasiado pessoal, irrita-se o prezado leitor (muito prezado, que nestes tempos de crise dos velhos media, e com gente como o guru Mike Walsh a dizer que "um jornal é uma mão-cheia de árvores mortas", não se deve arriscar enervá-lo sem motivo). Sim, mas também é global. Há milhões de leitores, de jogadores, de investigadores ou, e sem qualquer desprimor, meros espectadores em torno desta série. A tal que levou ao limite a noção de jogo, a provocação. Tudo culpa do "génio de Carlton Cuse e Damon Lindelof", a dupla de responsáveis pela série desde meados da primeira temporada, diz Lavery. Deste lado do Atlântico, isto parece-nos um mash-up de guloseimas da cultura pop do século XX, empacotadas e enviadas em attachment para a audiência televisiva do século XXI. As personagens com nomes evocativos (Locke, Hume, Rousseau, Shephard, Lapidus), uma "infecção", momentos Shyamalan "Eu vejo gente morta" e os elementos tipicamente coleccionáveis, essenciais numa mitologia (seja ela à moda de Indiana Jones, Tolkien, Os Cinco, Joseph Campbell ou Fox Mulder): os símbolos, que surgem sorrateiramente em revistas de moda ou noutras séries como prova da sua penetração cultural, os números, os livros, os coelhos e os espelhos recorrentes, a ideia de um mapa, de uma caça ao tesouro. E sim, você que não viu Perdidos sabe o que é Perdidos. Para o bem e para o mal. A Fox Portugal disse à Pública, sem avançar números, que as audiências no país são diferentes das do resto da Europa - "a série nunca teve um consumo maciço. Esta aproximação à emissão americana ajudou a subir os resultados, embora Perdidos não esteja no top 3 das mais vistas do canal. Ainda assim, a massa de seguidores é fiel e muito estável". Uma coisa culturalParalelo com os EUA, onde a série passa num canal generalista às terças em horário nobre: "Não há 300 milhões de pessoas a ver Perdidos. Mas há certos fenómenos culturais, que acontecem de tanto em tanto tempo, cuja penetração cultural e importância excedem em muito o seu público - Perdidos é um deles. A sua penetração cultural, especialmente nas últimas semanas, é enorme - as pessoas falam disso, os pivots de telejornal mencionam-no", relata Robert Thompson. Exemplo: o site do Discovery Channel aborda a possibilidade de o satélite Galaxy 15, afectado em Abril por uma tempestade solar e em estado pouco recomendável a vaguear no espaço, interferir este fim-de-semana com o funcionamento de outros satélites. O título da notícia: "Satélite pode interromper o final de Perdidos". Este "é um daqueles momentos de cultura popular que costumávamos ter a toda a hora, antes da era de fragmentação do cabo, do satélite e da Internet. "Um momento que faz alguém interromper uma conversa de espectadores de Perdidos (que sim, estão frenéticos, confusos e sempre a falar em código binário aos ouvidos de leigos) e lançar a sacramental e seminal questão: "Mas eles não sabiam como iam acabar isto, pois não? Estão a inventar", para enfado dos mais acríticos, daqueles que põem o "fã" em "fanático" (e não revelaremos se algum dos intervenientes neste texto pertence a esta digna categoria). Versão oficial: os criadores dizem que sabiam o que era a cena final desde 2004, mas que os acontecimentos que lá desaguam obviamente foram sendo construídos ao longo dos anos. E esta é uma série que transcendeu a televisão, repetimos. "A Fox, a determinada altura [meados dos anos 1990], foi tão estúpida que processou toda a gente que tinha um site a falar dos Ficheiros Secretos. Os canais podem ser muito densos nestas coisas", recuperamos da conversa com Lavery nos idos de 2006. E agora, o que mudou? Tudo. Em 2004, o MySpace era "o" fenómeno e o Second Life o local onde a abertura de uma agência de publicidade virtual era notícia. Quando em Novembro de 2004 esse núcleo de cultura pop que é Times Square exibia anúncios gigantes de Perdidos e Donas de Casa Desesperadas, as prateleiras de DVD de séries nas lojas ainda eram diminutas. E "as duas coisas que não se podia fazer em 2004 na TV eram programas serializados e ficção científica", recorda Bryan Burk, produtor executivo de Perdidos, na Time. O streaming ainda não era o que é hoje, a pirataria começava a voltar-se para a TV e esperávamos. As séries chegavam tarde, nos canais abertos ou de cabo. Meses depois. Em Portugal, o canal Fox tinha um ano de vida e a RTP esperaria até estrear Perdidos. Hoje, no átrio da era da Cultura de Convergência de Henry Jenkins (que prevê que novos e velhos media se integrem, sobretudo ao nível do hardware), o Second Life parece tão ultrapassado quanto um Tamagotchi e Perdidos passa na Fox uma semana depois de ser exibida nos EUA e está no VideoClube do Meo 24 horas depois. A retrospectiva de meros seis anos e as mudanças que eles trouxeram provam como já não estamos no Kansas - nem sequer no Havai. A evolução tecnológica (o HD, a TDT) não influenciou o acto de ver televisão - foi a atitude dos espectadores, que partilham, criticam, fazem pausa na TV em directo, diz-nos Mike Walsh em Futuretainment. Isso mudou a televisão. A importância da NetA Internet permite toda uma outra actualização dos conteúdos made in America e "desde os anos 1980 que os dramas americanos não dominavam o mundo desta maneira. A sua criação foi uma resposta ao domínio europeu de formatos como Quem Quer Ser Milionário ou X-Factor", acrescenta Peter Bazalgette, antigo director criativo da Endemol ao Independent. No ano passado, FlashForward foi vendida (não oficialmente) pela ABC como "o novo Perdidos" e estreitou ainda mais o intervalo das séries que nos chegam dos EUA. Mas Heróis e FlashForward, canceladas na semana passada, são também exemplos de como o legado de Perdidos não será visível tão cedo. É preciso que as séries sejam boas e inteligentes, avisa Lavery. E "a televisão mudou muito. O que vende hoje: procedurals policiais episódicos", suspira Lavery - coisas rentáveis no mercado de syndication (repetição), cheios de episódios independentes entre si. "Será difícil vender Perdidos assim, e neste mercado. . . ", atenta Lavery, que aposta mais na sua influência nos futuros criadores, tornando-se o Twin Peaks inspirador de outra geração. Robert Thompson mistura a intriga com o contexto audiovisual para pensar na herança de Perdidos. "A forma como acabar vai ter um grande impacto na forma como a série permanecerá na consciência pública. É muito difícil julgar esta série antes de ver o fim. Com Seinfeld ou Friends não interessava muito o que acontecia nos últimos episódios. " Se correr bem, abrirá as mentes dos futuros programadores. Se não. . . Cuse e Lindelof também não fogem ao tema, numa das muitas entrevistas antes de emudecerem a partir de hoje. E pensam em cifrões. "É o fim de uma era. A paisagem mediática mudou de forma dramática desde que estamos a fazer esta série. Esta é a série mais cara do mundo. E, nesta paisagem mediática, é incrivelmente difícil capitalizar algo como Perdidos capitalizou. Temos um ambiente mediático fracturado (. . . ) e menores recursos para cada série, por isso sentimo-nos um pouco os ferreiros na era da Internet. " O episódio-piloto custou perto de dez milhões de euros, há quase 500 pessoas envolvidas, um elenco principal multirracial, viagens, película, HD. . . "Três [Perdidos, 24 e Heróis] das cinco ou seis séries dramáticas norte-americanas mais emblemáticas estão a acabar e não é claro o que as vai substituir, porque o investimento [no sector] caiu qualquer coisa como metade ou um terço", firma Peter Bazalgette. O Independent previa na semana passada que a partir de hoje "a Internet ficará um pouco mais silenciosa e que as conversas junto à máquina do café do emprego de todo o mundo serão um pouco afectadas". A ideia base está certa - Perdidos ocupou muita largura de banda. A sua importância é palpável na Web: escolha-se um qualquer site com crítica e recapitulação de episódios, do Chicago Tribune ao AV Club. Compare-se o número de comentários. É qualquer coisa como Anatomia de Grey 20 - Perdidos 1200. Mas quem pensa que tudo isto acaba hoje engana-se. Nas próximas semanas há muito para discutir. Sobre um final que pode ser falhado (por favor não), incompleto (aposta mais segura e que os próprios deixam antever, convidando-nos a "interpretar") ou tão perfeito que a catapulte para os anais da história (altamente improvável, mas Cuse e Lindelof definem-se como "espectadores com controlo" e, por isso, enquanto há fandom/culto há esperança). Thompson, Lavery e esta página têm medo, muito medo. Agora é esperar que a noite caia, que a madrugada se levante e que um ecrã, alimentado por uma qualquer fonte mítica (com ou sem brilho dourado e conotações freudianas), forneça o capítulo final. Por enquanto, em tributo a David Chase e em contraciclo (figas, figas) com o final de Perdidos, fade to black.
REFERÊNCIAS:
Reportagem: "O meu filho é que me doía"
Atrasou-se. Atrasou-se muito. A culpa foi da doença que o apanhou e que o ia levando. A mãe mal saía de ao pé dele. O pai fotografava os amigos que ele ia fazendo na Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Hospital de São João (Porto) e que iam morrendo - quase, quase todos. O regresso à vida dita normal nada teve de normal. O regresso à vida dita normal trouxe violência. (...)

Reportagem: "O meu filho é que me doía"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.25
DATA: 2010-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Atrasou-se. Atrasou-se muito. A culpa foi da doença que o apanhou e que o ia levando. A mãe mal saía de ao pé dele. O pai fotografava os amigos que ele ia fazendo na Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Hospital de São João (Porto) e que iam morrendo - quase, quase todos. O regresso à vida dita normal nada teve de normal. O regresso à vida dita normal trouxe violência.
TEXTO: Tantas vezes, vindo das aulas, o rapaz entrou em casa a chorar. Um dia, os pais fartaram-se, accionaram o Programa Escola Segura. E os agentes apareceram, dentro das suas fardas, e ofereceram um raspanete a quem o agredia. Quando os agentes se enfiaram no carro-patrulha, a directora de turma ralhou: "Não era preciso chamar a polícia!" A mãe indignou-se com aquela postura, que lhe parecia mais protectora de quem agredia do que de quem era agredido: "Cada vez que ele chegava a casa a chorar, chamava a Escola Segura. O meu filho é que me doía. O meu filho ainda hoje me dói. Ele tem 16 anos, mas não quero que lhe façam mal - nem quero que faça mal a ninguém. "Tinha dez anos quando lhe diagnosticaram cancro. Fez quimioterapia - o cancro entrou em recessão. Sofreu uma recaída - tornou a fazer quimioterapia. Sujeitou-se a um transplante de medula óssea. Fez o 4. º ano de escolaridade em casa. Regressou à escola aos 13 anos. A escola era outra: quem com ele partilhara sala ia lá à frente. E ele foi agredido por um matulão e encheu-se de medo. Pediu aos médicos que o deixassem ficar em casa. Ficou até ao fim do ano. Tornou a tentar a escola aos 14. Tornou a querer ficar: "Todos os dias, um miúdo metia-se comigo. Vinham mais. Davam-me pancada. Uma vez, trouxe um cadeado daqueles de pôr nas calças. "É um rapaz de poucas falas e de poucos amigos. Talvez se tenha cansado de ver morrer. Por ele, estava sempre fechado em casa, sentado à frente do computador, a jogar ou a ouvir música. Habituou-se a ouvir a mãe falar nele - falar por ele. Habituou-se a ouvir o pai falar nele - falar por ele. Sentado à mesa da sala e ouve o pai dizer: "Eram mais novos. Conheciam-se todos. Vieram todos da 4. ª classe. Juntavam-se três ou quatro e viravam-se para ele. " E a mãe completar: "Lembro-me de o ver deitar sangue. Chegaram a vir atrás dele até casa. Ainda os ouvi dizer que a mãe dele era esta, era aquela, que o pai dele era este, era aquele; que se fosse à escola lhe iam cortar a coisa e que ia no INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica]. "Os pais vão levá-lo, vão buscá-lo. Se pudessem, até cruzariam o portão da escola e iriam até à porta da sala. Certa ocasião, o pai enfureceu-se: "Vi um indivíduo dar-lhe um chapo e os seguranças não fizeram nada. " Até queria saltar para cima de quem com o seu filho se metera. Fintara a morte, mas parecia incapaz de lidar com a vida. Ficava os intervalos dentro da sala - como se estivesse de castigo. Pedia atestado ao médico. E a mãe, atrás dele, a fazer sinal: não. Atendendo ao "clima" e às "dificuldades de integração" na turma, em Novembro de 2008 a psiquiatra pediu à escola que tomasse medidas. Como não notou melhorias alertou, já em 2009, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do Porto Oriental: um doente oncológico, com um ligeiro défice cognitivo, estava a desenvolver sintomatologia ansiosa por ser vítima de bullying - abuso mental e físico, intencional, repetido. A CPCJ aplicou uma medida de acompanhamento junto dos pais e envolveu a escola, que se comprometeu a vigiar e a integrar o rapaz. Houve alguma resistência. A escola argumentou que já o fazia com todos. E a CPCJ lembrou-lhe que aquele era um miúdo especial - sem estratégias de defesa, até pela superprotecção parental. E ouviu a escola advogar que o rapaz não era um anjo. Não quis mudar de escola - não mudou. A CPCJ entendeu que forçá-lo a mudar de escola seria penalizá-lo - e impedi-lo de aprender a lidar com aquilo. Mudou de turma - e a turma foi sensibilizada para o sofrimento do rapaz; os pais não se cansam de elogiar a nova directora de turma. Este ano, os pais não andaram a correr para a escola semana-sim-semana-sim por o filho ter caído nas mãos de um "valentão". Só esta semana houve sobressalto. Uma rapariga deu-lhe um estalo. Os óculos caíram - uma lente soltou-se. No dia seguinte, logo pela manhã, a directora de turma avisou a miúda: se fosse preciso pagar algo pelo arranjo, ela é que pagaria. Os pais puseram-se logo em sentido, mas este episódio parece ser de natureza bem diferente. Alguém escreveu uma carta de amor a uma rapariga e assinou com o nome dele. Corado de vergonha, o rapaz negou a autoria do escrito, pedindo que reparassem não ser sua aquela letra. O debate aqueceu e uma amiga da destinatária da carta deu-lhe um estalo. "O Conselho Executivo já disse que não pode ter um segurança em cima de cada aluno", reconhece a mãe. E o rapaz já não quer estar ali. O rapaz já nem quer frequentar o ensino regular. Já só quer fazer um curso de educação e formação de informática que lhe dê equivalência ao 9. º ano. E viver em paz.
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