Treze por cento dos adolescentes dizem-se vítimas de abuso físico
Faculdade de Medicina do Porto questionou mais de 7500 adolescentes, entre os 15 e os 19 anos, de escolas públicas do país. (...)

Treze por cento dos adolescentes dizem-se vítimas de abuso físico
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Faculdade de Medicina do Porto questionou mais de 7500 adolescentes, entre os 15 e os 19 anos, de escolas públicas do país.
TEXTO: Pode ter sido um insulto na escola ou uma bofetada em casa. Tudo depende do que se entende por violência. Mais de 7500 adolescentes, entre os 15 e os 19 anos, de 16 escolas públicas de todo o país foram inquiridos e 16 por cento afirmaram já ter sido vítimas de abuso emocional, 13 por cento de abuso físico e quase dois por cento de abuso sexual. As perguntas foram feitas em 2000, mas só agora o trabalho foi publicado. Elisabete Ramos, uma das investigadoras envolvidas no estudo, admite que, passada uma década, os números poderiam ser diferentes, mas não por causa de um aumento da violência. "Tenho algumas dúvidas sobre se os números mudaram ou se o que mudou foi a visibilidade deste fenómeno da violência", argumenta. "Alguma vez foste vítima de violência física?" era apenas uma das muitas questões colocadas aos jovens no inquérito anónimo realizado na sala de aula. As respostas dos adolescentes permitiram concluir que o tipo de violência mais referido foi a violência emocional. Possivelmente confirmando as expectativas, os rapazes (sobretudo os mais novos) revelaram estar mais presentes em lutas físicas (13, 6 por cento versus 3, 6 por cento do lado feminino) e queixaram-se mais do que as raparigas de abusos físicos (19, 5 por cento versus 7, 5 por cento). A prevalência nas "queixas" de violência emocional e sexual é similar entre rapazes e raparigas. Da leitura dos dados é possível perceber que, à medida que vão ficando mais velhos, os adolescentes envolvem-se menos em lutas físicas, mas reportam mais situações de abuso emocional. "Talvez isto se verifique porque vão tendo uma percepção diferente do que pode ser violência emocional. Quanto mais velho, mais entende que algumas coisas são abuso", explica a investigadora Elisabete Ramos, usando o mesmo argumento para explicar os números mais elevados de relatos de abuso emocional e físico nos adolescentes com famílias mais escolarizadas. Ainda neste campo, o trabalho mostra que, nas raparigas, as probabilidades de serem vítimas de abuso emocional aumentam quando se encontram inseridas em famílias com maior grau de instrução. O estudo confirmou ainda que o consumo de tabaco e cannabis está associado a todos os tipos de violência em ambos os sexos e não detectou diferenças entre as regiões do país nas prevalências dos vários tipos de abuso. Uma das maiores surpresas foi a ausência de diferenças claras entre os dois géneros no abuso emocional. "O que podíamos supor à partida é que teríamos mais nas mulheres. "Decréscimo do bullyingAlém da obtenção de dados sobre a violência física, emocional e sexual, o trabalho dos investigadores da Faculdade de Medicina e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto quis verificar outras questões como a relação da violência com a religião e com as características socieconómicas da família, entre outras. "Estas questões da violência são extremamente difíceis de medir. Não é como o colesterol ou a glicose. A informação que recolhemos depende da percepção que as pessoas têm sobre o assunto", explica Elisabete Ramos, do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Porto, que justifica o atraso de dez anos na divulgação dos dados com "problemas no tratamento da informação". Ainda do lado das eventuais limitações de um trabalho deste género, a investigadora salvaguarda que é preciso ter em atenção o número de questões colocadas e o tempo que demora o inquérito. É que, quando os investigadores abusam da paciência dos inquiridos, há muitas probabilidades de terem mais desistências ou recusas em participar. Assim - e tendo em conta que o objectivo do estudo era analisar os factores sociais e comportamentais da violência dos adolescentes -, o estudo acaba por não explorar com profundidade o tipo de violência que é denunciado. Não é possível saber, por isso, qual a gravidade do abuso. Assim como não conseguimos perceber quantos agressores poderemos ter entre as vítimas e onde aconteceu o alegado acto de violência. "Não tratamos esses aspectos no estudo. As respostas incluem tudo o que é violência, tudo o que eles entenderam como violência", diz Elisabete Ramos. Porém, consciente da mediatização do fenómeno do bullying, a investigadora nota que os mais recentes estudos internacionais referem um decréscimo deste tipo de violência. "Quando olhamos, vemos", refere para justificar a percepção que pode existir sobre um aumento na ocorrência do fenómeno. Sobre o facto de não se separar as águas entre a violência que acontece na escola e fora dela, a investigadora não hesita: "A principal determinante é estar a viver um ambiente de violência. Não há um muro que separa uma violência da outra. Toda a violência se relaciona entre si. Geralmente, o que se nota é um arrastar do comportamento de um ambiente para o outro. Ser vítima num ambiente vai condicionar o comportamento no outro ambiente. " Elisabete Ramos defende a necessidade de se investigar mais e melhor sobre este fenómeno, mas nota que é preciso que "não se misturem objectivos". "Temos de perceber bem à partida o que queremos estudar", defende. Saber como estão hoje os jovens inquiridos em 2000 é impossível, uma vez que a participação foi anónima. Mas, conclui a investigadora, "seria interessante repetir o estudo, com a mesma metodologia e as mesmas questões".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola violência campo consumo género estudo sexual mulheres abuso
Projecto internacional nota decréscimo
O projecto envolve 27 países da Europa e os Estados Unidos da América, e acompanhou a evolução do bullying desde 1994 até ao último levantamento, em 2006, registando um "decréscimo significativo de envolvimento em comportamento de bullying na maioria dos países". (...)

Projecto internacional nota decréscimo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O projecto envolve 27 países da Europa e os Estados Unidos da América, e acompanhou a evolução do bullying desde 1994 até ao último levantamento, em 2006, registando um "decréscimo significativo de envolvimento em comportamento de bullying na maioria dos países".
TEXTO: Portugal terá sido um dos países onde este decréscimo se verificou, nota a investigadora Elisabete Ramos. Porém, o relatório refere que, em Portugal, não se registaram "mudanças consistentes". O estudo apoia-se em dados recolhidos junto de jovens com idades entre os 11 e os 15 anos, nas escolas. Portugal só entrou no projecto em 1997 e, no que é considerado como bullying ocasional, registou uma redução relativa na ordem dos nove por cento na amostra masculina, notando-se porém um aumento de 11 por cento junto das raparigas. No que se refere ao bullying considerado crónico (o envolvimento em mais de duas situações), o retrato é semelhante, com o país a mostrar, no período entre 1997 e 2006, uma diminuição relativa de mais de 18 por cento nos rapazes e um aumento de 18 por cento nas meninas. Segundo os investigadores deste projecto internacional, em termos gerais, numa análise aos 27 países, a percentagem de crianças envolvidas em "bullying crónico" caiu dos 19 por cento registados em 1993/94 para 10 por cento em 2005/06.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo
Ministro garante "combate veemente" a tortura e tratamentos degradantes denunciados pela AI
O ministro da Justiça, Alberto Martins, garantiu hoje um “combate veemente a todas as formas de tortura e tratamentos degradantes” que possam ocorrer em Portugal. (...)

Ministro garante "combate veemente" a tortura e tratamentos degradantes denunciados pela AI
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: O ministro da Justiça, Alberto Martins, garantiu hoje um “combate veemente a todas as formas de tortura e tratamentos degradantes” que possam ocorrer em Portugal.
TEXTO: Alberto Martins comentava, assim, o relatório da Amnistia Internacional (AI), hoje divulgado, que denuncia a existência de “torturas cometidas por polícias e evidências de impunidade”, relatando os casos de Leonor Cipriano, mãe de Joana, uma menina desaparecida no Algarve em 2004, e de Virgolino Borges, funcionário da CP suspeito de roubo, que terão sido sujeitos a violência por agentes de autoridade. O ministro disse que estes dois casos denunciados ocorreram em 2004 e 2005 e que estão a ser alvo de processos judiciais, ressalvando que “as milhares de investigações da Polícia Judiciária não mereceram nenhuma apreciação negativa da AI”. “O que importa é que temos uma política e queremos aprofundá-la de combate veemente a todas as formas de tortura e tratamentos degradantes e inaceitáveis”, disse. Essa política passa pela prevenção, nomeadamente através da Direcção Geral da Administração Interna. Porém, Alberto Martins frisou que “a própria Polícia Judiciária tem instrumentos de inspecção". “Qualquer facto desta natureza merece a nossa preocupação, combate, inspecção e intervenção judicial”, disse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência
Sondagem: PSD perto da maioria absoluta
O novo líder do PSD surge, segundo o barómetro de Maio da Marktest, à frente nas intenções de votos dos portugueses. Pedro Passos Coelho conseguiria, se as eleições fossem por estes dias, 43,9 por cento dos votos contra 27,6 por cento do PS. (...)

Sondagem: PSD perto da maioria absoluta
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O novo líder do PSD surge, segundo o barómetro de Maio da Marktest, à frente nas intenções de votos dos portugueses. Pedro Passos Coelho conseguiria, se as eleições fossem por estes dias, 43,9 por cento dos votos contra 27,6 por cento do PS.
TEXTO: O inquérito, que auscultou a opinião de 804 pessoas entre 18 e 20 de Maio – depois da apresentação das medidas de austeridade -, confirma a tendência que já se verificou em barómetros anteriores. O PSD consolida a sua liderança, tendo aumento quatro pontos percentuais em relação a Abril e 13 pontos se se comparar com o barómetro de Março, indicam a TSF e o Diário Económico, para quem o inquérito foi feito. O PS perde, em relação a Abril, 6, 4 por cento. O CDS sobe também de 4, 5 para 7, 5 por cento. O BE sobe residualmente, para os 7, 7 por cento e a CDU consegue 7, 1 por cento, ocupando assim no último lugar entre os partidos com assento parlamentar. A amostra do estudo é de 804 inquiridos, que foram entrevistados por telefone depois dos números serem escolhidos aleatoriamente. O barómetro, com uma margem de erro de 3, 46, inquiriu 381 homens e 423 mulheres. 157 entrevistas foram feitas na grande Lisboa, 93 no Grande Porto, 93 no Sul, 129 no litoral centro e 332 no Norte.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD BE
No Centro Comercial do Rock
Cerca de 83 mil pessoas fizeram a festa no terceiro dia do Rock In Rio, ao som dos Muse e Xutos & Pontapés, num recinto que é um misto de parque de atracções e centro comercial ao ar livre. (...)

No Centro Comercial do Rock
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2010-05-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cerca de 83 mil pessoas fizeram a festa no terceiro dia do Rock In Rio, ao som dos Muse e Xutos & Pontapés, num recinto que é um misto de parque de atracções e centro comercial ao ar livre.
TEXTO: O que há de novo? Mais atracções. Mais marcas a inventarem divertimentos para atraírem os potenciais clientes. Mais sensação de estarmos num misto de parque de atracções e centro comercial ao ar livre. E um cartaz que consegue ser ainda menos conseguido do que nas edições anteriores. Menos mundo melhor. Um mundo como o de todos os dias. Onde contam os números. Como os de ontem. Diz a organização, 83 mil pessoas. Nem todas iguais. Há Vips. Muitos Vips. A maior parte do tempo estão muito longe do palco, na tenda que domina o sopé do Parque da Bela Vista. Não estão lá para verem concertos – embora Vip que se preze ande sempre de binóculos – mas sim, claro, para serem vistos. Na edição deste ano há Vips intermédios. Acomodam-se nos espaços dos chamados parceiros comerciais e de imprensa. Sentam-se em cadeiras, um luxo, e olham cá para baixo, para os outros, com algum paternalismo. Os jornalistas, esses, continuam a não ter espaço próprio para poderem assistir, com o mínimo de condições, aos concertos. E o que fazem os outros? Há quem venha logo ao final da tarde, normalmente os mais novos, para desfrutar de tudo, como quem vai, em simultâneo, ao Centro Comercial e à Feira Popular, enquanto ouve, distraidamente, em fundo, a RFM. Há também quem venha só depois de jantar. Ver as montras. O rebuliço. A gente. Querem comprar uma camisa no Tommy Hilfiger, mas acham caro e têm razão. Querem comprar um CD na FNAC, mas acham caro e têm razão. Acabam à procura da barraca de farturas, mas desiludem-se, porque não há. Não deve ter cachet. O que vale é que no El Corte Inglês, enquanto se ouve em fundo Jorge Palma, voz embargada pela emoção, só pela emoção, há um desfile de moda com meninas. E se mesmo assim não saiu satisfeito do Rock In Rio é porque não soube procurar. Há filas para tudo. Brindes para todos. Guitarras insufláveis. T-shirts com os mais diversos dísticos. Actores da TV que se mostram, sorrindo, sempre alegres, nos espaços das diferentes marcas. Passatempos em que o objectivo do cavalheiro-concorrente é seduzir uma menina evanescente, enquanto o locutor de serviço da marca, grita aos ouvidos dos dois, perante a algazarra em redor, sem compreender que sem privacidade eles não vão lá. Depois há as fotografias. Muitas. A toda a hora. Para colocar no Facebook amanhã. E a música. Ontem, os cabeças de cartaz eram os Muse. Iguais a si próprios. Um rock barroco, opulento, cheio de pirotecnia – aliás, a primeira canção, foi sublinhada por fogo de artificio – reiterando quase todos os clichés do rock. Fazendo-o, é verdade, com profissionalismo, entrega e sentido de espectáculo, mas destituídos de qualquer criatividade. O mar de gente responde a cada momento com entusiasmo. Cada acorde de guitarra é celebrado. Cada gesto do vocalista Matt Bellamy é sublinhado com gritos de fervor. Quando o baterista faz o número habitual de colocar a bandeira portuguesa aos ombros é o delírio. Quase todas as canções são reconhecidas (“Map of the problematique”, “Neutron star collision”, “United states of eurásia” ou “Plug in baby”). Tudo como manda o figurino. Há quem ache que os Muse são a maior banda rock da actualidade, como há quem ache que o Rock In Rio é o maior festival. Ao nosso lado alguém diz “grande som!” Lá grande é. Antes tinham tocado os Snow Patrol, banda da terceira divisão inglesa dentro da especialidade rock-de-estádio, muito atrás dos U2 ou Coldplay. Também piscaram o olho a Portugal – convidando Rita Redshoes para uma canção e ela saiu-se bem – mas quanto ao resto, nem sim, nem não. Muito pelo contrario. O cantor Gary Lightbody pede ao público que puxe do telemóvel e este faz-lhe a vontade, com milhares de ponto de luz a confundirem-se com o arraial publicitário. Há canções de sentido épico (“Shut your eyes” ou “Run”) e algumas baladas como convêm, mas tudo mastigado, previsível, sem chama. Valham-nos os Xutos & Pontapés, que vão acumulando vitórias no Rock In Rio – são totalistas – apesar de ficar a sensação que também é por falta de comparência de adversários à altura. Claro, já não existe espaço para a surpresa. Mas a verdade e a intensidade são as mesmas de sempre na interpretação das canções que toda a gente conhece (“Contentores”, “À minha maneira”, “Não sou o único” ou “Circo de feras”), cantadas a plenos pulmões. Em palco e na plateia, uma só entidade, Xutos. À mesma hora, um velho cúmplice do grupo português, Jorge Palma, também faz o seu habitual desfile de sucessos. Ele diz “Dá-me lume”, pede “Encosta-te a mim” e diz que é capaz de fazer “Tudo por um beijo” e a verdade é que pela reacção, o público parece acreditar nas suas palavras. Depois subiu ao palco o brasileiro Zeca Baleiro e, lá para o final (não vimos, mas confirmámos), Rui Veloso, João Gil e Lúcia Moniz, fizeram uma surpresa a Palma, interpretando em conjunto “Frágil. ” Sai-se do recinto e fica-se a pensar se não é isso que falta ao Rock In Rio. Fragilidade. Organicidade. Vida. O problema não é querer ser festa, celebração, riso. É ser riso pepsodent. O problema não é querer ser entretenimento. É ser mau entretenimento.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Pelo menos 19 mortos em ataque israelita a barcos que levavam ajuda a Gaza
Pelo menos 19 pessoas morreram depois de a Marinha israelita ter disparado sobre alguns barcos que activistas pró-palestinianos tinham fretado para levar ajuda à Faixa de Gaza, diz a televisão israelita. Há também 26 feridos. (...)

Pelo menos 19 mortos em ataque israelita a barcos que levavam ajuda a Gaza
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.25
DATA: 2010-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pelo menos 19 pessoas morreram depois de a Marinha israelita ter disparado sobre alguns barcos que activistas pró-palestinianos tinham fretado para levar ajuda à Faixa de Gaza, diz a televisão israelita. Há também 26 feridos.
TEXTO: A UE já pediu um inquérito ao incidente e os palestinianos pediram uma reunião urgente na ONU. O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, classificou o ataque como um “massacre”. Os Estados Unidos lamentaram as vítimas e disseram estar “actualmente a trabalhar para compreender as circunstâncias que rodearam a tragédia”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, manifestou o "seu inteiro apoio" ao Exército. Netanyahu falou do Canadá, onde se encontra e tem uma reunião prevista com o primeiro-ministro Stephen Harper antes de partir para Washington, amanhã. A rádio israelita noticiou que o primeiro-ministro israelita iria interromper a viagem para regressar a Israel, mas essa informação foi entretanto desmentida pela delegação que o acompanha. Os mortos eram activistas pró-palestinianos. Os barcos partiram ontem de Chipre, desrespeitando o aviso israelita de que todos os barcos que tentassem entrar nas suas águas territoriais seriam interceptados. A bordo estavam dez mil toneladas de ajuda humanitária. "Quinze pessoas foram mortas durante o ataque, na sua maioria cidadãos turcos", afirmou Mohammed Kaya, responsável pela divisão de Gaza da IHH, uma organização turca de defesa dos direitos humanos, que fazia parte da operação naval. Entretanto, o Canal 2 da televisão israelita confirmou que os mortos são já 19 e os feridos 26. A correspondente do diário “Guardian” em Jerusalém está num hospital em Ashkelon, onde diz que estão a chegar alguns dos feridos. “O xeque Rayed Salah, figura de peso entre os árabes israelitas, está a ser submetido a uma cirurgia de urgência. É um homem importante”, escreveu Harriet Sherwood através do site Twitter. Algumas embarcações estavam assinaladas com a bandeira turca, país que já fez saber que condena veementemente esta operação militar, classificando-a de inaceitável. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, de visita ao Chile, cancelou a sua viagem à América Latina e fará declarações nas próximas horas. Manifestações na Turquia“Israel vai sofrer as consequências por este seu comportamento”, frisou o Ministério turco dos Negócios Estrangeiros. Ancara convocou o embaixador israelita, Gaby Levy, para lhe pedir explicações. Um comunicado do Governo turco denuncia que o Exército israelita usou a força contra um grupo de ajuda humanitária, incluindo "idosos, mulheres e crianças". Milhares de pessoas manifestaram-se já na praça principal de Istambul, num protesto contra o raide israelita contra a frota humanitária, anunciou um jornalista da AFP presente no local. “Morte a Israel”!”, “Soldados turcos, parti para Gaza”, gritavam os manifestantes concentrados ao fim da manhã na Praça Thaksim. Em Ancara, um pouco menos de 200 pessoas manifestaram-se frente a residência do embaixador de Israel, protegida também ela por forças policiais. Enquanto isto, em Jerusalém, os israelitas era convidados a não mais visitar a Turquia. UE pede inquérito e fim do bloqueioEste ataque está, de resto, a provocar uma onda de levantamentos diplomáticos. A União Europeia quer um inquérito completo ao incidente. "A Alta Representante [Para a Política Externa] Cahterine Ashton expressou o seu profundo repúdio face às notícias de perda de vidas e feridos", afirmou um porta-voz de Ashton. "Em representação da União Europeia, exigiu uma investigação sobre as circunstâncias em que ocorreu o acidente. Reclamou a abertura imediata, contínua e incondicional do bloqueio à circulação de ajuda humanitária, bens comerciais e pessoas desde Gaza e para Gaza. "ONU “chocada” com o ataqueA Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou-se “chocada” com o assalto do Exército israelita aos barcos de activistas pró-palestinianos que se dirigiam para Gaza. “Estou chocada pelas informações que indicam que uma missão humanitária foi atacada causando mortes e feridos quando a frota de aproximava da costa de Gaza”, disse Pillay. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, afirmou-se também "profundamente chocado" pelo assalto israelita. "Nada justificaria o emprego de uma tal violência", afirmou entretanto o Presidente Nicolas Sarkozy. Mesma opinião tem Berlim: "Os governos alemães sempre reconheceram o direito de Israel se defender, mas esse direito deve ser exercido no quadro de uma resposta proporcional. À primeira vista, parece não ter sido o caso", disse o um porta-voz do Governo alemão, Ulrich Wilhelm. A Suécia qualificou o incidente de "completamente inaceitável" e já convocou o embaixador israelita em Estocolmo para lhe dizer exactamente isso. Na sequência do ataque, a Grécia anulou uma visita do chefe do Estado-Maior da Força Aérea israelita prevista para terça-feira, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Atenas. Na única reacção até ao momento que não condena Israel, o secretário de Estado adjunto dos Negócios Estrangeiros italianos, Alfredo Mantica, considerou que a tentativa dos barcos de romperem o embargo israelita foi "uma provocação". "Este assunto é uma provocação com um objectivo político preciso. É possível discutir a reacção israelita, mas pensar que tudo se iria passar sem nenhuma reacção seria uma interpretação ingénua dos que provocação este acidente", disse Mantica em declarações à rádio CNR media. O chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, condenou aquilo que classificou como um "crime contra uma missão humanitária" e o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, apelidou o incidente de "massacre"e decretou três dias de luto nos territórios palestinianos. As autoridades israelitas estão determinadas em manter o bloqueio ao território palestiniano de Gaza, controlado pelo Hamas, e onde vive um milhão e meio de pessoas, alegando recear o envio de armas por meio marítimo. Notícia em actualização
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU UE
“Marcha Contra a Fome” junta hoje seis mil pessoas em Lisboa e no Porto
Cerca de seis mil pessoas deverão caminhar hoje contra a fome, em Lisboa e no Porto, numa marcha de sensibilização e angariação de fundos para o Programa Alimentar das Nações Unidas (PAM). (...)

“Marcha Contra a Fome” junta hoje seis mil pessoas em Lisboa e no Porto
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cerca de seis mil pessoas deverão caminhar hoje contra a fome, em Lisboa e no Porto, numa marcha de sensibilização e angariação de fundos para o Programa Alimentar das Nações Unidas (PAM).
TEXTO: Denominada “Marcha Contra a Fome”, esta iniciativa é realizada à escala global, sendo que, este ano, vai decorrer “em mais de 200 cidades de 65 países”, afirmou o coordenador da caminhada em Portugal, Eduardo Queijo. Segundo referiu, a marcha global vai decorrer em todos os fusos horários do mundo, iniciando-se na Austrália e terminando na Samoa. No Porto e em Lisboa, disse, a “Marcha Contra a Fome” está marcada para as 10h00 de hoje, com início no Cais de Gaia e Torre de Belém, respectivamente. “Estamos alinhados para fazer face aos mil milhões de pessoas que, neste momento, as Nações Unidas contabilizam com carências alimentares graves”, salientou Eduardo Queijo. O coordenador adiantou que, “destas mil milhões de pessoas, uma em cada sete vai dormir com fome e a cada seis segundos morre uma criança de fome”. Em 2009, as marchas nacionais renderam cerca de 50 mil euros, mas este ano, face à retracção da economia, a organização apontou como tecto os 40 mil euros. O valor da inscrição na marcha é de cinco euros, o que permite dar uma refeição diária a uma criança durante quase um mês. “Uma refeição custa 20 cêntimos e a inscrição custa cinco euros, o que dá 25 refeições”, afirmou Eduardo Queijo. As verbas angariadas em Portugal têm sido canalizadas para a Tanzânia, onde cada refeição dada funciona também como um incentivo de permanência das raparigas na escola. “Este dinheiro é direccionado para o programa de refeições escolares do PAM e permite que as crianças continuem a ter educação. Além de estarmos a alimentar, estamos a contribuir para que possam aprender”. Eduardo Queijo esteve em 2009 na Tanzânia, enquanto embaixador das Nações Unidas, a acompanhar o projecto, tendo percebido que esta iniciativa “faz a diferença para quem efectivamente nada tem”. “A alegria das crianças é indescritível”, disse, acrescentando que, com o dinheiro angariado, foi já possível construir cozinhas em escolas e reservatórios de água, “coisas pequenas e simples que permitem a sobrevivência das pessoas”. A inscrição na marcha, que conta com a parceria das empresas TNT e Unilever, pode ser feita no próprio dia, nos locais de partida. Todos os anos, o PAM alimenta mais de 90 milhões de pessoas em mais de 70 países.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola educação fome criança
Manuscritos inéditos de Stieg Larsson encontrados na Suécia
Stieg Larsson, o fenómeno literário, parecia ter-se esgotado nos livros da trilogia Millenium e no esboço de um quarto volume dessa saga, retido no computador pessoal da companheira do autor à altura da sua morte em Novembro de 2004. Mas Larsson começou a escrever cedo e agora foram descobertos vários manuscritos do autor na Biblioteca Nacional Sueca (Kungliga biblioteket), em Estocolmo. (...)

Manuscritos inéditos de Stieg Larsson encontrados na Suécia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Stieg Larsson, o fenómeno literário, parecia ter-se esgotado nos livros da trilogia Millenium e no esboço de um quarto volume dessa saga, retido no computador pessoal da companheira do autor à altura da sua morte em Novembro de 2004. Mas Larsson começou a escrever cedo e agora foram descobertos vários manuscritos do autor na Biblioteca Nacional Sueca (Kungliga biblioteket), em Estocolmo.
TEXTO: De acordo com a AFP, os manuscritos datarão de cerca de 1970, quando o autor tinha 17 anos. "Recebemos material de um pequeno arquivo de uma publicação chamada Jules Verne Magazine e nesse pequeno arquivo havia alguns manuscritos do Stieg Larsson que nunca foram publicados", disse à AFP uma das responsáveis da biblioteca, Magdalena Gram. Os inéditos são de ficção científica e tinham sido enviados à revista na esperança de serem publicados por um Stieg Larsson adolescente. Terão sido enviados na mesma altura em que Larsson andou à boleia pela Argélia e se juntou, 14 meses depois, aos rebeldes da Eritreia na sua luta. A Biblioteca Sueca já tinha conhecimento da existência dos textos há algum tempo, mas só agora pôde analisá-los, precisam os responsáveis à AFP. Agora cabe aos gestores do legado de Larsson decidir se os textos serão publicados ou não. O irmão e o pai do escritor, Joakim e Erland, têm estado envolvidos numa disputa pelos direitos sobre a propriedade intelectual e material de Larsson com a sua companheira de anos, Eva Gabrielsson. Magdalena Gram fez notar que os responsáveis terão certamente algumas cautelas sobre a publicação destes trabalhos do autor enquanto jovem, já que podem danificar a sua reputação. Eva Gabrielsson tem na sua posse o computador portátil em que Larsson tinha começado - e avançado até cerca de três quartos da obra - o quarto volume de Millenium (que deveria ter sido uma série de dez livros). A polémica que a opõe aos familiares de Larsson foi tal na imprensa sueca que Gabrielsson está cada vez mais arredada de entrevistas e declarações públicas e lançará o seu próprio livro sobre o caso este Outono. Stieg Larsson morreu sem deixar em testamento os seus desejos quanto ao seu espólio e obra. Aos 50 anos, morreu de ataque cardíaco fulminante, um ano antes de o primeiro livro Millenium ter sido editado e de ter alcançado os tops de vendas, com o mundo fascinado pelas aventuras de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist. Coube aos familiares directos, neste caso ao irmão e pai, os direitos pelos seus livros, dinheiro e metade do apartamento que ele dividia com Gabrielsson. Só o computador e os três quartos de um quarto livro estão na posse de Gabrielsson, que não parece ter qualquer intenção de o publicar - disse ao New York Times que só está interessada na sua metade do apartamento que dividia com o companheiro de mais de 30 anos e no controlo do seu legado literário. A trilogia Millennium é um fenómeno de vendas mundial, com uma circulação de cerca de 27 milhões, tendo o terceiro volume chegado aos Estados Unidos no mês passado através da Knopf. Está traduzida em mais de 30 idiomas e já tem versões cinematográficas em curso - a primeira sueca e a segunda feita em Hollywood pelo produtor Scott Rudin e pelo realizador David Fincher, com estreia marcada para Dezembro de 2011. "Os Homens que Odeiam as Mulheres", "A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e Um Fósforo" e "A Rainha no Palácio das Correntes de Ar" estão editados em Portugal pela Oceanos (uma chancela do Grupo Leya) e já tiveram várias edições.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens ataque rainha adolescente mulheres rapariga
Trabalho infantil: Mais de 200 milhões de crianças têm de trabalhar para sobreviver
O director geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, aproveitou hoje o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil para defender a necessidade de “uma campanha revitalizada” contra esta realidade que afecta cerca de 215 milhões de crianças em todo o mundo. (...)

Trabalho infantil: Mais de 200 milhões de crianças têm de trabalhar para sobreviver
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2010-06-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: O director geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, aproveitou hoje o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil para defender a necessidade de “uma campanha revitalizada” contra esta realidade que afecta cerca de 215 milhões de crianças em todo o mundo.
TEXTO: “Enquanto milhares de pessoas desfrutam da excitação do Campeonato Mundial de Futebol, cerca de 215 milhões de crianças trabalham para sobreviver. A educação e os jogos são um luxo para eles. Os progressos relativamente ao fim do trabalho infantil estão a enfraquecer, e nós não estamos no bom caminho para pôr fim às piores formas de trabalho infantil até 2016”, considerou Somavia. “Temos de ganhar um novo fôlego. Vamos aproveitar a inspiração do Mundial de Futebol, e enfrentar este desafio com a energia, a boa estratégia e a determinação para atingir este objectivo”, defende o líder da Organização Internacional do Trabalho numa mensagem alusiva à data. No prefácio do terceiro Relatório Global sobre o Trabalho Infantil, Somavia defendeu a necessidade de “esforços renovados e ampliados” para que ainda possam ser atingidos os objectivos traçados para 2016. O último relatório global, elaborado há quatro anos, mostrou que o trabalho infantil estava em declínio devido à mobilização generalizada dos governos, organizações de empregadores e de trabalhadores, empresas e consumidores. “Face a estes desenvolvimentos, fomos suficientemente optimistas para definir o objectivo de abolir as piores formas de trabalho infantil até 2016”, lembrou o líder da OIT no mesmo documento. Juan Somavia reconheceu que foram conseguidos “progressos substanciais a nível mundial” mas refere que as conclusões do novo relatório global “são contraditórias” e suscitam motivos de preocupação. Por um lado apontam para um declínio do trabalho infantil entre as meninas e as crianças envolvidas em trabalhos perigosos e por outro mostram que o trabalho infantil aumentou no grupo etário dos 15 aos 17 anos. “Este relatório descreve um abrandamento do ritmo de redução global desde 2006”, disse Somavia, acrescentando que “a persistência do trabalho infantil é um dos maiores fracassos dos esforços de desenvolvimento”. O director geral da OIT considerou que “o declínio económico não pode tornar-se uma desculpa para menor ambição e para a inércia”, relativamente ao combate ao trabalho infantil. Assim, para o futuro defendeu o reforço da garantia e ampliação do acesso à educação básica universal, a criação de uma plataforma de protecção social básica e a promoção de oportunidades de emprego para os progenitores, de modo a evitar situações de pobreza e de trabalho infantil.
REFERÊNCIAS:
Entidades OIT
Irão: Um ano depois das eleições, um país domado pelo medo
O som de uma música a sair de um carro pode ser a expressão máxima de protesto no Irão. Um post no Facebook pode ser o suficiente para ter um pai preso. A violência da repressão e o clima de medo deixaram mais silenciosa a maioria dos que protestaram contra o resultado das eleições de há um ano. Os dois líderes reformistas retiraram o apelo a uma manifestação pacífica e silenciosa, para protecção "da vida e dos bens das pessoas". (...)

Irão: Um ano depois das eleições, um país domado pelo medo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: O som de uma música a sair de um carro pode ser a expressão máxima de protesto no Irão. Um post no Facebook pode ser o suficiente para ter um pai preso. A violência da repressão e o clima de medo deixaram mais silenciosa a maioria dos que protestaram contra o resultado das eleições de há um ano. Os dois líderes reformistas retiraram o apelo a uma manifestação pacífica e silenciosa, para protecção "da vida e dos bens das pessoas".
TEXTO: O medo impera na República Islâmica de hoje. E uma e outra vez, ouve-se a comparação: parece o Iraque de Saddam. Ainda não é tão mau como o regime do xá, derrubado pela revolução islâmica de 1979, embora esta referência possa surgir ocasionalmente. Mas é tão mau como na "república do medo" de Saddam. A comparação é feita por iranianos aos raros jornalistas ocidentais que conseguiram visitar o país desde as manifestações populares contra as eleições - o Irão expulsou os jornalistas ocidentais e recusa dar vistos alegando que os media estrangeiros estão a incitar aos protestos. Mas fez uma excepção, convidando alguns para uma cimeira sobre o nuclear em Abril. O regime conseguiu "uma ditadura discreta mas eficaz", diz Dieter Bednarz, da revista alemã Der Spiegel, um destes jornalistas que conseguiram visitar Teerão. "Os rufias do Governo, os pasdaran [Guardas da Revolução] e a milícia Bassij não são especialmente visíveis nas ruas. Mas o medo de ser observado, de ter as conversas escutadas e de ser preso por críticas ao regime asfixiaram a vida política relativamente liberal sob o predecessor do Presidente [Mahmoud] Ahmadinejad, Mohammad Khatami". A jornalista do diário britânico The Independent Katherine Butler demorou algum tempo a perceber por que é que as pessoas tiravam as baterias do telemóvel antes de falarem com ela. "As pessoas têm medo [de que os telefones sejam usados para escutas]. Temos memórias da Savak", a temida polícia política do xá, disse um dos seus entrevistados. "Entra-se num táxi partilhado e o volume da música é logo aumentado", exemplifica. A jornalista quis ver o local onde morreu Neda Agha Soltan, que se tornou o símbolo da brutalidade da repressão depois de ter sido morta numa manifestação pacífica. Foi aconselhada a mudar de táxi duas vezes. "Não pergunte pelo cruzamento entre as Ruas Khosravi e Salehi ou levantará suspeitas", disseram-lhe ainda. "Metade dos taxistas são espiões. "Ameaças no estrangeiro"O medo é palpável dentro do Irão", diz Rudi Bakthiar, director de comunicação da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no país. Na verdade, é palpável dentro e fora do Irão. Um artigo recente no Wall Street Journal contava como vários iranianos a viver no estrangeiro (EUA, Europa) foram ameaçados por mostrarem apoio aos protestos em redes sociais como o Facebook ou o Twitter. Um irano-americano contou como recebeu um e-mail anónimo ameaçando-o caso continuasse a escrever comentários críticos do regime no Facebook. Não ligou. Dois dias depois, a mãe telefonou-lhe do Irão: o pai tinha sido preso. Noutros casos, iranianos que regressaram a Teerão foram interrogados no aeroporto sobre as suas páginas no Facebook ou sobre participação em manifestações nas suas cidades. Um jovem conta que negou ter conta no Facebook, mas foi levado para uma sala por um guarda com um portátil. O guarda pesquisou o seu nome, e lá estava a sua página. "Tive de assinar um papel a dizer que daria informação sobre outras pessoas", contou ao Wall Street Journal. "Já recebi e-mails deles; nunca respondi. "Um dos raros entrevistados que dão o nome no artigo do Wall Street é Omid Habibinia, que vive na Europa há sete anos. O dissidente conta que foi criada uma conta falsa do Facebook em seu nome - ele diz que pelos serviços secretos, que contactaram pessoas através desta conta para aceder aos perfis destas pessoas e obter informações. Rumores contra o regimeA República Islâmica é ainda, por estes dias, fértil em rumores. "Agora estão a espalhar boatos contra eles próprios", diz uma fonte à jornalista do Independent. "Eles falam de mudança, de que algo vai acontecer em breve", diz uma entrevistada. A jornalista não percebeu por que havia o regime de espalhar um rumor contra si próprio. "Porque faz baixar a actividade", explicou-lhe a jovem. "Um condenado a prisão perpétua cava um túnel; outro que vai sair dali a pouco não faz nada - só espera". O candidato reformista Mehdi Karroubi acha que as pessoas aguardam, sim, mas algo as vai inflamar. "As pessoas estão apenas à espera de uma faísca", disse à Spiegel. Analistas dizem que a faísca poderá ser a situação económica: com uma inflação na casa dos 20 por cento e o desemprego a aumentar, o descontentamento popular, especialmente das camadas mais baixas que são a base de apoio de Ahmadinejad, poderia significar uma perda de apoio significativa. Enquanto isso, os dois líderes do movimento verde estão "isolados", praticamente sob prisão domiciliária, e quando saem é sob "protecção" de forças de segurança. Karroubi viu o seu jornal fechar e o seu partido ser proibido. Um dos seus filhos teve o passaporte revogado, outro foi impedido de deixar o país para receber tratamento médico em Londres (foi gravemente ferido na guerra contra o Iraque) e o mais novo foi detido, interrogado e agredido. Apesar disso, continua a dizer que Ahmadinejad tem de ser combatido "sem violência mas com toda a nossa força". Mir Hossein Mousavi, o líder natural do movimento (o verde era a cor da sua campanha), teve um sobrinho assassinado numa manifestação em Teerão. E o ex-Presidente reformista Khatami foi impedido, ou aconselhado (a formulação varia conforme as fontes), a não sair do país para uma cimeira sobre nuclear no Japão. Mas o cancelamento dos protestos, feito numa declaração na quinta-feira, apanhou todos de surpresa. Os líderes invocaram a proibição das autoridades; mas uma autorização não era esperada. No site de Karroubi, uma explicação lacónica: o cancelamento visa "proteger as vidas e bens das pessoas". Numa das manifestações canceladas, logo a 15 de Junho, milhares de iranianos foram ainda assim protestar. Mas este protesto seguiu-se a enormes manifestações - algumas chegaram a ter milhões de pessoas. Já passou um ano, e o medo das consequências poderá paralisar muitos. A última grande manifestação decorreu em Dezembro; morreram oito pessoas. Execuções em antecipaçãoA brutalidade é o meio de dissuasão dos protestos, diz a Amnistia Internacional, indicando que foram executadas 115 pessoas este ano, e que as "execuções com motivações políticas" aumentam antes de dias de aniversário, quando se esperam manifestações. No relatório Dos Protestos à Prisão, divulgado esta semana, a Amnistia chamou a atenção para os prisioneiros pós-manifestações. Há ainda 500 nas prisões, incluindo activistas, jornalistas, cineastas, estudantes, defensores de direitos humanos, advogados. Grupos que eram já ilegalizados e alvo de repressão viram a perseguição aumentada: é o caso dos baha"í, monarquistas ou do grupo Mujahedin e-Khalk. A Amnistia conta algumas histórias de detidos, que relatam mais uma vez os espancamentos, confissões forçadas, violações. "Os que me violaram riram-se de mim. Eram três. Todos sujos e com barba", contou Bahareh Maghami, de 28 anos, numa carta aberta. "Mesmo vendo que eu era virgem, obrigaram-me a escrever uma carta a dizer que era prostituta. " A violação acabou por forçá-la a si e aos pais a sair do país - agora moram na Alemanha. Maghami termina a sua carta com uma pergunta ao Supremo Líder, o pai da nação: "Eu sou uma filha do Irão. Os teus filhos violaram-me. Quem pagará pela perda da minha dignidade?"Apesar de muitos opositores terem saído do país, de outros terem assinado confissões sob tortura, de muitos se terem calado e de se terem passado muitos meses sem protestos, parece que há ainda pequenos meios de mostrar oposição. Um deles, conta um artigo no New York Times, é a música. Ainda que os artistas vivam no exílio, as tentativas das autoridades impedirem a disseminação de canções de Mohsen Namjoo, o Bob Dylan iraniano, ou de Shahin Najafi, cujas músicas seriam o equivalente persa dos temas-protesto dos norte-americanos Rage Against the Machine (segundo o Times), não têm resultado. Passadas por tecnologia Bluetooth de telemóvel para telemóvel ou vendidas em CD-pirata por dois ou três dólares nas ruas de Teerão, as canções de protesto têm conseguido passar através da fina malha de restrições do regime. Diz o New York Times: "Música alta a sair das janelas abertas dos automóveis num semáforo vermelho tornou-se uma das formas mais públicas ainda disponíveis para assinalar que o espírito da luta está vivo".
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA