Mortes evitáveis baixaram mais de 30 por cento na região norte
As mortes evitáveis diminuíram substancialmente na região norte nos últimos anos (31,4 por cento entre 1989 e 2005) e para este resultado contribuiu decisivamente a queda acentuada nos óbitos de crianças. (...)

Mortes evitáveis baixaram mais de 30 por cento na região norte
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2010-06-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: As mortes evitáveis diminuíram substancialmente na região norte nos últimos anos (31,4 por cento entre 1989 e 2005) e para este resultado contribuiu decisivamente a queda acentuada nos óbitos de crianças.
TEXTO: A taxa de mortalidade infantil apresentou, aliás, valores inferiores aos do continente e dos "melhores a nível mundial" em 2008 e 2009, revelaram ontem os responsáveis da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, durante a apresentação dos resultados preliminares de dois estudos e de ferramentas informáticas que permitem o acesso fácil a uma multiplicidade de indicadores de saúde. Disponíveis no portal da Internet da ARS (http:// portal. arsnorte. min-saude. pt), estas aplicações incluem dados sobre mortalidade (Mort@lidades), internamentos hospitalares (Morbilid@des. hospitalar) e perfis de saúde (indicadores que permitem traçar um retrato populacional). É a primeira vez que uma ARS oferece um serviço deste tipo, mas os responsáveis do organismo mostram-se disponíveis para transferir estas ferramentas para o resto do país. Analisando os dados, percebe-se que a redução da mortalidade evitável foi ligeiramente superior à registada em Portugal continental e que foi nas mortes evitáveis relacionadas com os cuidados médicos que se verificou a evolução mais positiva (menos 45, 6 por cento no período considerado). Já nas mortes que dependem de factores ligados à promoção da saúde a redução ficou-se pelos 19, 8 por cento. "Os dados evidenciam que avançámos muito, mas também que ainda estamos longe do que pretendemos", defendeu o presidente da ARS Norte, Fernando Araújo. Há óptimas notícias - os óbitos evitáveis por doenças hipertensivas e cerebrovasculares baixaram 51, 1 por cento -, mas persistem lacunas preocupantes. Um exemplo: apesar de as mortes evitáveis por tuberculose terem baixado 18, 8 por cento neste período, em 2001-2005 verificaram-se mais 11, 8 por cento mais óbitos do que os esperados. "Queremos que a diminuição aumente, ainda há uma margem para ganhos em saúde", explicou Manuela Felício, do Departamento de Saúde Pública da ARS. Outros problemas que a análise destes dados pôs a descoberto: o tumor maligno de mama continua a ser a principal causa de morte evitável nas mulheres e os óbitos que podiam não ter ocorrido por tumor maligno de traqueia, brônquios e pulmões também sofreram um aumento até 2005, apesar de os responsáveis da ARS esperarem que tenha havido uma inversão desta tendência nos últimos anos, graças à lei do tabaco e à multiplicação de consultas de apoio à cessação tabágica (9282, em 2009). Face à dimensão da mortalidade do cancro de mama, Fernando Araújo aproveitou para pedir às mulheres que não deixem de participar no rastreio de base populacional já em curso nalgumas zonas do Norte (e que até ao final do ano vai ser alargado a toda a região). As mulheres, apelou, não devem faltar às convocatórias para as mamografias que a ARS está a patrocinar em colaboração com a Liga Portuguesa contra o Cancro.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte lei mulheres infantil
Manuel Córrego vence Prémio Literário Miguel Torga
O escritor Manuel Córrego é o vencedor do Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra, com a obra “Perpétuas-roxas e o lá de Shumann: camiliana e outros contos”, revelou fonte da câmara municipal. (...)

Manuel Córrego vence Prémio Literário Miguel Torga
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-06-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O escritor Manuel Córrego é o vencedor do Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra, com a obra “Perpétuas-roxas e o lá de Shumann: camiliana e outros contos”, revelou fonte da câmara municipal.
TEXTO: Manuel Córrego, pseudónimo literário do advogado Manuel Pereira da Costa, nascido em 1932, disse à agência Lusa estar contente com a distinção, “por se tratar de um prémio prestigiado”, e ter como patrono Miguel Torga. Distinguida por unanimidade pelo júri, trata-se de uma colectânea de duas dezenas de contos, onde se destaca uma obra que recria ficcionalmente as duas últimas horas de vida de Camilo Castelo Branco. “Constitui uma aproximação lúcida ao ato da criação artística. Uma dose de ternura emotiva contribui para dar originalidade ao conjunto dos diversos temas abordados”, refere o júri, que contou com as professoras universitárias Maria José Azevedo Santos, Cristina Robalo Cordeiro e Eloísa Alvarez, Com duas dezenas de obras publicadas, em teatro e romance, o autor foi distinguido em 1998 com o Prémio Ler Círculo de Leitores, com “Campo de Feno com Papoilas”. Por quatro vezes conquistou o Grande Prémio de Teatro do Inatel. A arte dramática foi um das suas actividades na fase académica, integrado no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), onde teve como contemporâneos, nos finais dos anos 50 e inícios de 60, os poetas Alberto Pimenta e Manuel Alegre, tendo contracenado com este último na peça “Antígona”. O jornalismo é também uma actividade a que se dedica, como director do semanário “O Regional”, de S. João da Madeira, cidade onde reside. Actualmente tem para edição duas peças de teatro e um romance. O Júri do Prémio Literário Miguel Torga distinguiu ainda com uma menção honrosa o romance “O homem que fazia círculos”, de António Galrinho. Com uma dotação pecuniária de cinco mil euros, o prémio contou este ano com 48 concorrentes, de Portugal, Brasil, Moçambique e Cabo Verde. A sua entrega será feita em cerimónia marcada para 4 de Julho. Na primeira edição, em 1984, foi distinguido o açoriano Vasco Pereira da Costa, com “Plantador de Palavras, Vendedor de Lérias”. Madalena Caixeiro venceu por duas vezes, com “Sementes de Só, raízes de mim” (1986) e “O Declive” (1998). Dupla distinção receberam também os escritores Serafim Ferreira, com as obras “Mar de Palha” (1994) e “Crónica de Damião” (1996), e Cristóvão de Aguiar, com “Trasfega” (2002) e “A Tabuada do Tempo” (2006). Idalécio Cação, com “Daqui ouve-se o mar” (1990), Maria Júlia Matos Silva, com “A Noite Americana” (2000), José Hugo Sarmento Santos, com “As mulheres que amaram Juan Tenório” (2004), e Marlene Correia Ferraz, com a obra “Na Terra dos Homens” (2008), foram os restantes galardoados. Em 1988 e 1992 o Prémio Literário Miguel Torga / Cidade de Coimbra não foi atribuído por falta de qualidade das obras apresentadas a concurso.
REFERÊNCIAS:
Menos horas, menos tempo
Apenas cerca de 10 por cento dos portugueses trabalham mais de 49 horas por semana. Segundo dados do INE, para a maioria a jornada média de trabalho tem vindo, pelo contrário, a diminuir - em 20 anos passou de 44 para 39 horas. Só que a queixa de falta de tempo é comum. (...)

Menos horas, menos tempo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2010-06-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Apenas cerca de 10 por cento dos portugueses trabalham mais de 49 horas por semana. Segundo dados do INE, para a maioria a jornada média de trabalho tem vindo, pelo contrário, a diminuir - em 20 anos passou de 44 para 39 horas. Só que a queixa de falta de tempo é comum.
TEXTO: No estudo da Tese sobre as necessidades em Portugal, coordenado pelo ISCTE, lembra-se a propósito que a entrada das mulheres no mercado de trabalho levou a que as horas que o agregado familiar trabalha no seu conjunto tenham, em contrapartida, aumentado. Em 2008, em 66, 5 por cento das famílias portuguesas com filhos de menos de seis anos, ambos os pais trabalhavam a tempo inteiro. Muito longe dos valores registados na Alemanha: 19 por cento. Outros factores que contribuirão para a sensação de que se registou uma contracção deste factor: aumento do tempo das deslocações; do número de trabalhadores em horários atípicos e da competitividade no local de trabalho.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo mulheres
ADN pode prever quem chega aos 100 anos
Não é o elixir da eterna juventude, mas certas variantes do genoma permitem adiar doenças e a morte para lá dos 90 anos. Um estudo na Science previu quem pode chegar a centenário. (...)

ADN pode prever quem chega aos 100 anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não é o elixir da eterna juventude, mas certas variantes do genoma permitem adiar doenças e a morte para lá dos 90 anos. Um estudo na Science previu quem pode chegar a centenário.
TEXTO: Ainda existem 66 pessoas nascidas no século XIX. A portuguesa Maria Luiza Nunes da Silva é uma delas, está em 22º lugar na lista oficial dos super centenários (pessoas com mais de 110 anos) e vai completar os 112 anos a 7 de Julho. Em primeiro lugar desde 2 de Maio está uma francesa com 114. A explicação para a longa vida destas duas mulheres está intimamente ligada à sua genética. Pelo menos é o que sugere um estudo publicado na Science que encontrou 19 perfis genéticos associados a pessoas com uma vida muito longa. As fotografias destas super-velhinhas, normalmente sentadas e com um ar encolhido, podem não causar inveja aos portugueses que têm uma esperança média de vida de 78 anos. Mas ultrapassar os 110 anos significa ter uma vida saudável até muito mais tarde. “Noventa por cento dos centenários estão livres de ter doenças incapacitantes até à idade média de 93 anos. Comprimem o aparecimento de doenças para o final das suas vidas”, disse Thomas Perls, último autor do artigo. O cientista da Universidade de Boston falava juntamente com Paola Sebastiani, a primeira autora, numa entrevista telefónica aos media proporcionada pela Science. Calcula-se que exista um centenário por cada 5000 pessoas e um super centenário em 6000, mas normalmente nascem em famílias em que vários elementos vivem vidas longas. Esta informação e estudos prévios apontaram a genética como causa importante. “Não poderia ser só devido a um ou dois genes, é uma característica bastante complexa que envolve diferentes caminhos celulares”, explicou Perls, que trabalha neste estudo desde 1995. A equipa de vários investigadores lançou-se nesta procura. Utilizaram 801 centenários sem nenhuma relação entre eles, que nasceram entre 1890 e 1910, e 962 controlos. Compararam perto de 300 mil locais genéticos chamados SNP (single nucleotide polymorphisms ou snips), onde residem mutações pontuais que podiam trazer vantagens para as pessoas. Conseguiram identificar 150 SNP importantes para construir um modelo para prever se alguém é um potencial centenário. O mais provável é que várias variantes genéticas se conjuguem para permitir esta longevidade. O modelo genético explora esta possibilidade. “Testámos este modelo numa população independente de centenários e obtivemos uma precisão de 77 por cento”, disse Paola Sebastiani, explicando que em cada cem centenários, o modelo não consegue explicar 33 casos. Ficam de fora características genéticas que não se conhecem e os factores ambientais e estilo de vida de cada pessoa, defende a cientista. Descubra o seu perfilA equipa conseguiu dividir os centenários em 19 grupos, que definem perfis genéticos associados a padrões de longevidade diferentes. “Alguns estão relacionados com uma sobrevivência mais prolongada, outros perfis correlacionam-se com um atraso no começo de doenças associadas à idade, como a demência ou problemas cardiovasculares, como a hipertensão”, explicou. Os super centenários reúnem dois ou três perfis. A equipa comparou ainda se os centenários tinham mais ou menos características genéticas que os predispusessem para doenças do que a população controlo. O resultado mostrou que eram iguais. “O que faz com que uma pessoa viva uma vida longa não é a falta de predisposição genética para doenças, mas um número maior de variantes genéticas que podem ser protectoras e até cancelar efeitos negativos das variantes associadas a doenças”, disse Sebastiani. A equipa tem planos para lançar um site onde quem tiver a informação do seu genoma pode verificar se tem algum destes perfis. O estudo feito mostra ainda que 15 por cento da população de controlo tem potencial para ser centenária. Mas o número que lá chega é muito menor. “Pode-se morrer na guerra, ser-se atropelado por um autocarro, [ter problemas por] fumar”, sugere Perls. Além de todas as doenças genéticas e normais. Por isso, esta previsão está longe da perfeição. “As limitações confirmam que os factores ambientais também contribuem para a capacidade de os humanos sobreviverem até idades avançadas”, conclui o artigo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra humanos estudo mulheres
Número de menores que se prostituem tem diminuído em Portugal
No ano passado foram sinalizadas 12 menores que se prostituíam em Portugal. Os números têm vindo a descer, mas a estatística pode ser enganadora: o Instituto de Apoio à Criança (IAC) teme que o crime esteja agora escondido em pensões ou hotéis de luxo. (...)

Número de menores que se prostituem tem diminuído em Portugal
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2010-07-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: No ano passado foram sinalizadas 12 menores que se prostituíam em Portugal. Os números têm vindo a descer, mas a estatística pode ser enganadora: o Instituto de Apoio à Criança (IAC) teme que o crime esteja agora escondido em pensões ou hotéis de luxo.
TEXTO: Nas rondas semanais que a carrinha do IAC faz pela cidade de Lisboa, os técnicos raramente se deparam com menores a prostituírem-se. Dizem que, desde o escândalo Casa Pia, este crime quase “desapareceu das ruas”. “Desde 2007, as equipas depararam-se com uma diminuição de casos. O processo da Casa Pia despertou muitas consciências. Se nos deixou mais alerta e denunciamos mais, também alertou o lado mais obscuro e fê-los pensar que têm de se precaver”, disse à agência Lusa a responsável pela Equipa da Área das Crianças em Contexto de Rua, do IAC, Paula Paço. De acordo com o último relatório da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, divulgado no mês passado, em 2009 foram sinalizados 12 menores a prostituírem-se em todo o país, entre os quais um menino e três meninas entre os 11 e os 14 anos e sete jovens (três rapazes e quatro raparigas) com 15 ou mais anos. Só na zona de Lisboa, o IAC confirmou no ano passado a existência de cinco casos. Em 2008, entre giros e denúncias, acabaram por detectar outros dez. Os números da Polícia Judiciária não andam muito longe: no ano passado foram abertos seis inquéritos de recurso à prostituição de menores e 17 de lenocínio de menores, revelou à Lusa a responsável daquela polícia Alexandra André. Mas a diminuição de casos apontada pela estatística pode não reflectir a realidade, alerta Paula Paço. “Eu acredito que ainda há crianças e jovens que estão a ser utilizados por pessoas menos escrupulosas para os fins mais perversos, mas as coisas estão muito camufladas”, explica. A responsável lembra relatos de jovens que revelam que os encontros ocorrem em pensões, sobretudo da baixa lisboeta, sendo marcados muitas vezes de forma “discreta” através de telemóveis ou da Internet. “Não é visível aos nossos olhos mas não quer dizer que não existam”, resume. Nas rondas, as equipas do IAC encontram “um pouquinho de tudo”. “Jovens que tinham um historial de abuso já muito longo e acabaram por enveredar pela prostituição” e outros que começaram porque precisavam de dinheiro e os amigos lhes disseram “anda lá, esqueces logo a seguir e ganhas bem”, recorda. O problema é que a capacidade de intervenção do IAC é, muitas vezes, quase nula. “Quando são menores que avistam a carrinha acabam por fugir”, lamenta Paula Paço. “Se conseguirmos chegar à fala com eles e estar alguns minutos é pura sorte. Porque são jovens que estão normalmente altamente vigiados. Já procurámos intervir mas somos logo afastados”, acrescenta. Mas as equipas nunca desistem, mesmo quando a sua vida corre risco, como aconteceu uma vez no Parque Eduardo VII quando os técnicos do IAC pararam para falar com umas jovens e foram interceptados por três homens, que, com o seu carro, bloquearam a carrinha do instituto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens prostituição abuso
Morreu o ayatollah Fadlallah, antigo mentor do Hezbollah
O ayatollah Mohammad Hussein Fadlallah, que chegou a ser considerado o mentor do partido libanês pró-iraniano Hezbollah e um dos nomes mais influentes do islão xiita, morreu hoje num hospital de Beirute, aos 75 anos, confirmou a sua família. (...)

Morreu o ayatollah Fadlallah, antigo mentor do Hezbollah
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: O ayatollah Mohammad Hussein Fadlallah, que chegou a ser considerado o mentor do partido libanês pró-iraniano Hezbollah e um dos nomes mais influentes do islão xiita, morreu hoje num hospital de Beirute, aos 75 anos, confirmou a sua família.
TEXTO: Há várias semanas que Fadlallah não fazia os sermões da oração de sexta-feira. Anteontem, deu entrada num hospital da capital libanesa com uma hemorragia interna. A família confirmou hoje que o ayatollah morreu. Fadlallah era considerado como o guia espiritual do Hezbollah durante os primeiros anos do movimento xiita fundado no Líbano, em 1982, com o apoio dos Guardas da Revolução iranianos. No entanto tanto Fadlallah como o Hezbollah recusaram sempre esta ideia. O seu nome surge na lista de terroristas internacionais criada pelos Estados Unidos em 1995, depois de ter sido acusado de na década de 80 ter estado na origem da tomada de reféns norte-americanos no Líbano por grupos radicais ligados ao Irão. Por outro lado, houve quem considerasse que tenha sido um mediador para a resolução do incidente, mas o verdadeiro papel que assumiu no caso continua até hoje por esclarecer. Autor de várias obras teológicas, ficou conhecido pela sua abertura ao desenvolvimento científico e a sua audácia na interpretação de textos do islão. O ayatollah Fadlallah era também conhecido pela sua posição moderada em relação às mulheres no islão. Emitiu éditos religiosos, ou fatwas, proibindo a circuncisão feminina, ou ainda permitindo que as mulheres usassem verniz durante os sermões religiosos. O ayatollah oponha-se ainda aos “assassínios de honra” das mulheres pelas suas famílias quando são infiéis, por exemplo. Notícia corrigida e actualizada às 13h
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres feminina
Morreu a escritora Matilde Rosa Araújo
A escritora Matilde Rosa Araújo morreu hoje de madrugada, na sua casa, em Lisboa, aos 89 anos. O corpo da autora estará a partir das 17h30 de hoje em câmara ardente na Sala-Galeria Carlos Paredes da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). O funeral realiza-se a partir das 15h00 de amanhã para o Cemitério dos Prazeres, informou a SPA. (...)

Morreu a escritora Matilde Rosa Araújo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: A escritora Matilde Rosa Araújo morreu hoje de madrugada, na sua casa, em Lisboa, aos 89 anos. O corpo da autora estará a partir das 17h30 de hoje em câmara ardente na Sala-Galeria Carlos Paredes da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). O funeral realiza-se a partir das 15h00 de amanhã para o Cemitério dos Prazeres, informou a SPA.
TEXTO: Nascida em Lisboa a 20 de Junho de 1921, numa quinta dos avós em Benfica, Matilde Rosa Araújo licenciou-se, em 1945, em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, tendo feito uma tese sobre jornalismo. Depois, foi professora do ensino técnico profissional em várias cidades do país, tendo ficado efectiva no Porto. Foi também professora do primeiro curso de Literatura para a Infância, na Escola do Magistério Primário de Lisboa. Enquanto estudante, foi aluna de Jacinto do Prado Coelho e Vitorino Nemésio e colega de Sebastião da Gama, Luísa Dacosta, David Mourão-Ferreira e Urbano Tavares Rodrigues. Autora de livros de contos e poesia para adultos e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças - como "O Sol e o Menino dos Pés Frios", "História de uma Flor" e "O Reino das Sete Pontas" - dedicou-se intensamente à defesa dos direitos das crianças através da publicação de livros e de intervenções em organismos com actividade nesta área, como a UNICEF em Portugal. Três eixos da infânciaNos seus livros, a autora centrou-se sempre em três grandes eixos de orientação: a infância dourada, a infância agredida e a infância como projecto. Em 2004, quando recebeu o Prémio de Carreira da SPA, Matilde Rosa Araújo afirmou que "os jovens lhe ensinaram uma espécie de luz da vida", porque "o seu olhar é de uma verdade intensa e absoluta". Entre os seus livros mais importantes para a infância contam-se "Os direitos das crianças", "O palhaço verde" e "O livro da Tila" - nome pelo qual era conhecida entre os amigos. Ávida pelos jornais, Matilde Rosa Araújo foi colaboradora da imprensa nacional e regional, como “A Capital”, “O Comércio do Porto”, “República”, “Diário de Lisboa”, “Diário de Notícias” e “Jornal do Fundão” e nas revistas “Távola Redonda”, “Graal”, “Árvore”, “Vértice”, “Seara Nova” e “Colóquio/Letras”. Desde cedo preocupada com os direitos das crianças, tornou-se sócia fundadora do Comité Português da Unicef e do Instituto de Apoio à Criança. Escreveu váias vezes sobre o interesse da infância na educação e na criação literária para adultos e sobre a utilidade da literatura infanto-juvenil na formação dos mais novos. Apesar da sua actividade em diferentes campos, foi sobretudo como escritora que Matilde Rosa Araújo se tornou mais conhecida, dado ter desenvolvido intensa actividade literária para o público adulto e infanto-juvenil, obtendo nesta área diversos galardões e tendo vários volumes publicados no estrangeiro. Estreia em 1943A sua estreia na literatura teve lugar em 1943 com "A Garrana", uma história sobre a eutanásia com a qual venceu o concurso "Procura-se um Novelista", do jornal “O Século”, em cujo júri de encontrava Aquilino Ribeiro. Para o público adulto escreveu também "Estrada Sem Nome", obra galardoada num concurso de contos da Faculdade de Letras, "Praia Nova", "O Chão e as Estrelas" e "Voz Nua". Na literatura para crianças, o primeiro título publicado foi "O Livro da Tila" (1957) - escrito nas viagens de comboio entre Lisboa e Portalegre, onde leccionava, e cujos poemas foram musicados por Lopes Graça. Seguiram-se "O Palhaço Verde", "História de um Rapaz", "O Sol e o Menino dos Pés Frios", "O Reino das Sete Pontas", "História de uma Flor", "O Gato Dourado", "As Botas de Meu Pai", "As Fadas Verdes" e "Segredos e Brincadeiras" e os mais recentes "A saquinha da flor" e "Lucilina e Antenor", entre cerca de 40 títulos. Com ela colaboraram várias gerações de ilustradores portugueses, de Maria Keil a Gémeo Luís e a João Fazenda. Em 2009, foi publicada a obra "Matilde Rosa Araújo - um olhar de menina", uma biografia romanceada da escritora com texto de Adélia Carvalho e ilustração de Marta Madureira. Membro da Sociedade Portuguesa de Escritores (actual APE), Matilde Rosa Araújo ocupava um cargo directivo quando, em 1965, a instituição premiou o angolano José Luandino Vieira, então preso no Tarrafal, o que levou a PIDE a invadir as instalações e a demitir a direcção. Muitos prémios e uma condecoraçãoO Grande Prémio de Literatura para Criança da Fundação Calouste Gulbenkian (1980), que lhe foi atribuído ex-aequo com Ricardo Alberty, foi um dos primeiros entre os muitos que a sua obra literária viria a conquistar. Em 1991, recebeu o Prémio para o Melhor Livro Estrangeiro da Associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil, por "O Palhaço Verde", e cinco anos depois viu a obra de poesia "Fadas Verdes" ser distinguida com o prémio Gulbenkian para o melhor livro para a infância publicado no biénio 1994-1995. Já em 1994, Matilde Rosa Araújo fora nomeada pela secção portuguesa do IBBY (Internacional Board on Books for Young People) para a edição de 1994 do Prémio Andersen, considerado o Nobel da Literatura para a Infância. Em 2003, a escritora foi ainda condecorada, a 8 de Março, Dia da Mulher, pelo Presidente Jorge Sampaio, e em Novembro a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) decidiu, por unanimidade, agraciá-la com o Prémio Carreira (entregue em Maio de 2004), pela sua "obra de particular relevância no domínio da literatura infanto-juvenil". "É uma generosidade muito grande por uma carreira que me deu mais a mim do que eu dei a ela", disse a escritora na altura em que recebeu o prémio da SPA. Matilde Rosa Araújo - que dizia conhecer dezenas de estabelecimentos de ensino do continente e ilhas - mantém-se viva através da Escola Básica 2, 3 de São Domingos de Rana e da Biblioteca Municipal de Alcabideche, em Cascais, que foram baptizadas com o seu nome, tal como sucedeu a um prémio revelação na literatura infantil e juvenil instituído pela autarquia daquela vila em 1998. Notícia actualizada às 11h04
REFERÊNCIAS:
Vem aí mais calor, com os alertas a subir para vermelho, mas ainda há oásis no país
O calor vai continuar forte até sábado, mas na Foz do Arelho o vento do mar não vem apenas fresquinho, chega mesmo frio. No Oeste "está-se bem". (...)

Vem aí mais calor, com os alertas a subir para vermelho, mas ainda há oásis no país
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2010-07-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: O calor vai continuar forte até sábado, mas na Foz do Arelho o vento do mar não vem apenas fresquinho, chega mesmo frio. No Oeste "está-se bem".
TEXTO: A Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu passar para o alerta máximo (vermelho) os distritos de Lisboa, Santarém, Setúbal, Portalegre, Évora e Beja, devido às elevadas temperaturas que se têm feito sentir nos últimos dias e que se devem prolongar até sábado, segundo o Instituto de Meteorologia (IM). O alerta vermelho accionado para hoje significa que os cuidados devem ser redobrados porque as "temperaturas muito elevadas podem trazer graves problemas para a saúde". Nos restantes distritos mantém-se o alerta amarelo e o Porto e Viana do Castelo continuam com o verde. A passagem para alerta máximo é determinada também pelas elevadas temperaturas mínimas que se têm feito sentir e pelo grande número de incêndios, entre outros factores, adiantou ao PÚBLICO o chefe da Divisão de Saúde Ambiental da DGS, Paulo Diegues. O alerta vermelho implica que as administrações regionais de saúde tomem medidas suplementares, que passam pelo reforço das equipas nos serviços de saúde. Por enquanto, a procura dos serviços de urgência aumentou apenas ligeiramente. O calor vai continuar em Portugal continental até sábado. As temperaturas voltarão a subir hoje, com previsão de 40 graus em Évora, 39 em Lisboa e Beja, e 38 em Setúbal, Santarém e Castelo Branco. Em Portalegre, a noite será quente como se fosse dia, não devendo a temperatura mínima descer abaixo dos 29 graus. Mas há excepções, claro. Ontem, nas Caldas da Rainha estavam 28 graus. E na Foz do Arelho uns agradáveis 23 graus. Para mês de Julho, a praia está invulgarmente pouco povoada e até nem é difícil encontrar estacionamento. Bandeira vermelha. O mar está batido e do oceano não sopra uma brisa fresquinha, mas sim um verdadeiro vento frio. Por isso, os veraneantes deixaram quase deserta a praia atlântica e concentram-se junto à lagoa, protegidos do vento, em torno de uma gigantesca poça onde as crianças tomam banho. Do lado do mar, até o nadador-salvador tem um blusão vestido e vigia meia dúzia de banhistas estendidos nas toalhas. O céu está limpo. Não se vê uma nuvem, mas a típica neblina do Oeste não deixa que se avistem as Berlengas nem, sequer, Peniche lá ao fundo. "Assim é que se está bem. Nem calor nem frio". O comentário de um recém-chegado à praia resume o "estado da arte" no que toca à meteorologia da região. O resto do país escalda. No Oeste "está-se bem". Não por acaso, as Caldas da Rainha era sítio privilegiado de veraneio, não só da aristocracia lisboeta desde os finais do séc. XIX até à segunda metade do séc. XX, como também de famílias alentejanas e de muitos espanhóis de Badajoz, que ali procuravam refúgio durante os meses de estio. Hoje, de termal, a cidade já só quase guarda a memória, mas o clima ameno mantém-se. Por isso, nos últimos dias, à hora do calor, quando no resto do país a ruas ficam desertas e as pessoas fogem à canícula, nas Caldas o centro fervilha de gente às compras, as esplanadas estão cheias e o comércio parece mais vivo do que nunca. Para muitos caldenses, 28 graus é calor a mais, mas para muitos forasteiros, são uma bênção. Ou até uma excentricidade: Antónia Troya, uma andaluza de férias na região, está ao telemóvel e vai contando entusiasmada para as amigas de Sevilha: "E aqui à noite até durmo com uma manta por cima". PoluiçãoAlgumas regiões do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo ultrapassaram os níveis de ozono sobre os quais é necessário avisar a população para as consequências na saúde, mas a Quercus alerta que a informação não está a chegar em todos os casos. Esta situação "já tem consequências para a saúde pública. Provoca desconforto ao nível das vias respiratórias e pode acentuar sintomas das doenças que as pessoas já têm", como no caso da asma, avança a associação.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha
Grace Kelly - Já não se fazem ícones como ela
Uma exposição no Victoria & Albert Museum de Londres serve de pretexto para analisar a anatomia do style icon loiro, elegante e paradoxalmente acessível e distante. De Hitchcock a Dior, foi vestida e vestiu uma geração de imitadoras. Hoje não tem sucessoras — só candidatas. Do restolhar destes vestidos, seis décadas nos contemplam. (...)

Grace Kelly - Já não se fazem ícones como ela
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma exposição no Victoria & Albert Museum de Londres serve de pretexto para analisar a anatomia do style icon loiro, elegante e paradoxalmente acessível e distante. De Hitchcock a Dior, foi vestida e vestiu uma geração de imitadoras. Hoje não tem sucessoras — só candidatas. Do restolhar destes vestidos, seis décadas nos contemplam.
TEXTO: Como se enfia o mundo num vestido? Assim: o vestido é bonitinho, elegante, simples e cintado. Tamanho 38, pertencente a Grace Kelly, feito por Oleg Cassini, seu ex-namorado costureiro que viria a vestir também Jacqueline Kennedy. Nesse vestido imaginário cingem-se ao corpo as décadas 1950 e 1960, a do new look pós-II Guerra e a do advento da música pop e da cultura juvenil, a de um ícone loiro e a de outro, moreno. Mas há mais vestidos. Outro, bem real, verde-esmeralda, feito pela Givenchy: eis Grace Kelly de verde e Jackie antes de ser O, juntas em 1961 na Casa Branca. Enchemos, finalmente, com mais planeta e uns tamanhitos acima, um derradeiro vestido: roxo, com laço, Yves Saint-Laurent sobre Grace Kelly princesa junto a Diana princesinha, em 1981. Europa e América, sonho e realidade. Passado e futuro. A cena passou-se cerca de um ano antes da morte da predecessora de Diana nestas coisas das plebeias tornadas princesas, das loiras tornadas ícones de estilo. Um acidente de viação, como aquele que viria a reclamar a vida de Diana de Gales em 1997, punha fim a uma influência já em perda de Grace Kelly, então princesa Grace, mãe de três crianças acarinhadas pela imprensa rosa e ex-estrela de Hollywood. Em perda porque, apesar do postulado de Karl Lagerfeld — o kaiser criativo da Chanel que diz que se Grace Kelly fosse viva continuaria a arrasar, como nos lembra Paulo Morais-Alexandre, docente da Escola Superior de Teatro e Cinema —, Grace já não ditava todas as tendências. Na década de 1960 criticava as mini-saias (odiava mostrar os joelhos, que, dizia, ninguém tinha bonitos), nos anos 1970 retraía-se nos comentários às colecções parisienses e nos anos 1980 abraçou o exagero típico da década, ao mesmo tempo que mantinha algumas das suas peças fetiche (os lenços, chapéus e toucados) mas na suas mais feéricas versões. É que Grace Kelly é um produto dos anos 1950. Através dela, e da roupa dela, podemos ver um mundo em mutação. Os seus 11 filmes foram feitos num tempo recorde de seis anos, com três Hitchcock e um John Ford pelo meio e uma catapulta para o estrelato mundial que em 1956 culminava com o casamento com Rainier do Mónaco. A sua educação numa família abastada e católica de Filadélfia fê-la à medida para o teatro (fora a voz, tida como muito estridente), depois para a televisão e cinema, finalmente para a realeza — ela que, quando menina, tinha dito que o seu sonho era ser princesa; mais tarde, queria ser actriz, séria, o que só se podia ser no teatro. De permeio houve o trabalho como modelo, qual Carla Bruni a treinar para o cargo de primeira-dama, que depois foi artista da canção e finalmente sra. Sarkozy. Mas dizíamos que Kelly estava feita à medida para esse mundo 50’s, das saias rodadas com muito tecido, a luz do pós-II Guerra, a era new look de Christian Dior, para a qual ela levou as suas inconfundíveis luvas brancas e postura elegante. “Quando Dior lançou o new look”, era “um apelo ao consumo” e “com essa loucura ele fez reanimar as indústrias têxteis. Parte-se para uma época diferente”, diz Paulo Morais-Alexandre. “Sob a aparente futilidade, gera-se optimismo: os anos 1950 são profundamente optimistas e Kelly simboliza isso mesmo. ” Kelly é quase global, imitada nas compras pelas citadinas norte-americanas e pelas londrinas. É o caso de Barbara Hulanicki, a criadora que viria a fundar a influente boutique dos 60’s Biba, cadinho de modas e correntes artísticas, e de outras mulheres ouvidas por Jenny Lister, comissária da exposição Grace Kelly: Style Icon do Victoria & Albert Museum de Londres, para o livro que acompanha a mostra. Era a década, talvez a última, em que as estrelas eram as do cinema. Essa “importância do cinema nos anos 1950, que nos anos 1960 se perde para as rock stars e nos 1980 para as supermodelos”, recorda o docente de Dramaturgia do Vestuário e Psico-sociologia da Moda, fez com que na década “os grandes ícones fossem os que eram vistos no cinema, de Brigitte Bardot às italianas”. E porquê ela e não, por exemplo, Marilyn? “Há qualquer coisa na vida de Grace Kelly que trespassou a ideia de como ela se apresentava perante a imaginação popular. Muito disso prende-se com as imagens de Hollywood e as revistas que mostravam a roupa dela no ecrã e fora dele. É esse ângulo mediático, e também a forma como compunha os seus trajes, que eram muito simples, não eram bizarros nem inovadores. Eram coisas que todos podiam copiar, como pequenas camisolas e os twin-sets [os da marca britânica Pringle tornaram-se numa referência por causa dela]. Por isso é que as pessoas emulavam o seu look nos anos 1950 e é algo que remete para a ideia de clássicos e de peças de investimento”, explica Jenny Lister, muito grávida, no local da exposição repleto de senhoras compostas e jovens estudantes de artes a visitar a mostra. Ela podia ser considerada uma rainha dos básicos, uma figura de proa das listas de “dez peças que tem de ter no seu roupeiro”. Era simples e, ao mesmo tempo, “a mais bela actriz da era de ouro de Hollywood”, como escrevia um entusiasmado Independent, a tal rainha de gelo, a loira gélida — “Remota como uma rainha de neve”, descrevia a Vogue; “Vulcão coberto de neve”, dizia Hitchcock; “A rapariga das luvas brancas”, escrevia a Time na capa que lhe dedicou em 1956. De um lado tinha a sofisticação e elegância de uma rainha, a pele virginal nevada. E era também uma mulher normal, uma açambarcadora que nada deitava fora e que usava os mesmos vestidos e jóias em público repetidas vezes, sem as vergonhas das starletts de hoje quando são apanhadas com a mesma peça duas vezes pelos paparazzi ou na passadeira vermelha. Inatingível mas pragmáticaEra míope e foi capa da Paris Match grávida, de lilás e com os seus óculos fundos. Para o seu encontro com o então desconhecido príncipe Rainier, depois de uma falha de electricidade que não lhe permitia passar a ferro os vestidos trazidos a Cannes em 1955, onde se veriam pela primeira vez, usou um vestido florido com o qual tinha posado para a capa de uma marca de moldes de papel para fabrico caseiro de roupa. Grace Kelly era inatingível como uma estrela de cinema mas pragmática como uma rapariga de classe média de Filadélfia e por isso era adorada. Uma capa da revista Screen Stars, de Maio de 1955, dá-lhe o destaque maior: “A rapariga mais falada de Hollywood”; na mesma capa, uma chamada para um texto sobre Marilyn Monroe, a blond bombshell por excelência: “Franca! Reveladora! A Vida Privada de Marilyn Monroe. ” Esta era a diferença entre ambas. O vestido do molde e outros estão no V&A, protegidos pelas vitrinas e escrutinadas por milhares de pessoas. Estão lá porque Kelly era assim, uma hoarder, uma coleccionadora impulsiva de recordações, desde os vestidos de menina às peças americanas levadas para o Mónaco. Na tarde de Junho que a Pública visitou a exposição, as entradas, pagas e por marcação, estavam já esgotadas. Tem sido assim, embora haja um decréscimo agora, mas uma expectativa de que os turistas a façam esgotar novamente durante o Verão. A mais bem sucedida exposição recente do museu foi The Golden Age of Couture, com cerca de 200 mil visitantes, e a comissária não espera que esta ultrapasse esse sucesso, mas que se aproxime do número redondo. O espaço circular dedicado a Grace Kelly no centro da exposição de moda e têxtil do V&A complementa a exposição permanente. E existe muito graças à pesquisa de mais de um ano de Jenny Lister, que conseguiu mostrar pela primeira vez alguns vestidos, como o negro de Janela Indiscreta (1954) que estava numa colecção particular de Los Angeles, e à cedência por parte do principado do Mónaco de muitas das peças. Mesmo assim perderam-se muitos figurinos — restam bastantes peças do filme Alta Sociedade (1956) porque o estúdio MGM ofereceu o guarda-roupa à sua actriz de partida para o Mónaco. Já o vestido de casamento de igreja no principado é demasiado frágil para viajar, conta-nos Lister, mantendo-se no Mónaco, mas o do casamento civil está lá. Actriz, Noiva, Princesa, Ícone Duradouro. Estas são as secções da exposição, complementadas por filmes, newsreels da época e cartazes. Fotografias em que usa algumas das peças pretendem transformar a exposição em algo mais do que uma colecção de vestidos, especialmente para o público geral que não frequenta exposições de moda. O objectivo de Grace Kelly Style Icon é “mostrar como o estilo mudou e pôr em contexto a colecção do museu em geral. Tem sido óptimo porque pessoas que normalmente não vêm a exposições de moda têm vindo porque é Grace Kelly”, explica Lister. É mais fácil abordar uma exposição de moda através do foco de um ícone de estilo de Hollywood? “Torna-a muito mais acessível. A alta-costura é algo muito isolado e remoto que não é experienciado por muitas pessoas e quando podemos dizer que uma pessoa como Grace Kelly precisa mesmo de couture e que os criadores de alta-costura precisam de alguém como ela para promover as suas criações… É uma óptima forma de dar sentido a tudo isso. ” E, ao mesmo tempo, de dar corpo à ideia de que o estilo mudou, de que há um motivo para que as saias tenham subido nos anos 1960 e as cores explodido nos anos 1970. De evidenciar que uma estrela era uma estrela naqueles anos e que hoje uma estrela é um “famoso” ou “celebridade”. Mas porquê Kelly e porquê hoje? “A ideia de ícone de moda é tão usada — demasiado — na imprensa e escolhemos o título da exposição com muito cuidado, mas provou-se que ela é uma das poucas pessoas que merece o título”, avisa Jenny Lister. Na era da cultura de celebridades levada ao extremo, dos paparazzi e das estrelas instantâneas, da vigilância constante a cada passo e da intromissão corriqueira dos reality-shows, a moda e o estilo são associados à eterna busca pela imagem perfeita. Em termos de valores, não podíamos estar mais longe da Filadélfia ou do Mónaco de Grace. A moda desdobrou-se em milhentas declinações, dos stylists aos wardrobe advisors, passando pelos personal shoppers, closet makeovers, assistentes, relações públicas, agentes responsáveis pela imagem de milhares de homens e mulheres por todo o mundo. A fast fashion de usar esta estação e deitar fora na próxima é a antítese da praxis de Grace Kelly. Exemplo: o casaco azul de Ben Zuckerman que usou para chegar ao Mónaco, à vista na exposição. Usou-o dez anos depois, em plenos anos 1960. Simplicidade calculadaTanto Paulo Morais-Alexandre quanto Jenny Lister, a países de distância, insistem que talvez hoje, neste tempo de recessão, devamos olhar com optimismo para as capas que nos protegem da dura realidade. Lister formula mesmo um desejo: “Talvez isso possa mudar outra vez com a recessão e as pessoas talvez precisem de voltar a valorizar as suas roupas. ” Mas Kelly, Grace Kelly, a profissional de moda de Janela Indiscreta, a mulher conspiradora de Chamada para a Morte (1954), a actriz secundária de Mogambo (1953), tem um fascínio que vai além do ecrã. “As pessoas conhecem a ideia de Grace Kelly, mas penso que um dos motivos pelos quais ela se manteve tão popular é porque as pessoas não sabem assim tanto sobre ela. Morreu em 1982 e vemos muitas pessoas jovens aqui à descoberta de muito sobre a sua vida através das suas roupas”, comenta Lister. Era, de facto, uma outra era. “Grace Kelly só era fotografada em eventos muito especiais e não quando ia ao supermercado ou beber café com as amigas”, lembra Maria Guedes, com formação pelo IADE e pela Parsons – New School for Design de Nova Iorque, ilustradora e stylist, entre outras actividades fashion. Fomos poupados a “todas as cenas da sua vida quotidiana — ninguém consegue estar sempre impecável”, comenta, fazendo o contraste com as estrelas de hoje. O ideal de Grace Kelly está por aí. Continuam a escrever-se livros sobre a sua imagem e estilo, outros sobre a sua relação com o seu realizador Alfred Hitchcock, muitos sobre a sua vida pessoal namoradeira mais ou menos branqueada (uns escrevem que era ninfomaníaca, outros que era quase santa). Na televisão, voltámos ao passado com Mad Men (em Portugal na Fox Next e RTP2), em que January Jones, loira e elegante, canaliza sem sombra para dúvidas (e com a confirmação da figurinista Janie Bryant) para a sua personagem Betty Draper uma Grace Kelly dos arrumados e asfixiantes subúrbios americanos do início dos anos 1960. A série do canal AMC já inspirou uma colecção de Michael Kors e podem ver-se vestígios do look Kelly não só na Kelly bag da Hermés mas também nas propostas da Lanvin, de Zac Posen ou mesmo na história de vida e inspirações confessas de Tommy Hilfiger (tem a serigrafia de Grace feita por Warhol à cabeceira). O Guardian identifica uma campanha da Ferragamo com a atmosfera de Ladrão de Casaca (1955). Mas, tal como a imagem Kelly, é tudo muito etéreo e não se pode dizer que há um revivalismo ou um regresso em força do estilo 50’s que pôs, como na época, “a imagem stylish de Grace Kelly em todo o lado”, como escreve Kristina Haugland, curadora de moda e têxtil do Museu de Arte de Filadélfia, outra das autoras do livro Grace Kelly Style — Fashion for Hollywood’s Princess que acompanha a exposição. “Quando alguém surge na passadeira vermelha com muito bom gosto e estilo senhoril, com uma elegância refreada, ainda é comparada a Grace Kelly”, diz Haugland ao New York Times. Lister complementa com exemplos: Gwyneth Paltrow, Kate Winslet. É o arquétipo da loira. Kelly, ela própria, corresponde a um arquétipo que vai além da cor do cabelo. A tal elegância e simplicidade resultava tão bem e perdura de tal forma que só pode ter sido pensada. “É a ingénua chique, é um arquétipo que se opõe às louras explosivas como Marilyn Monroe e às fatais como a Rita Hayworth e a Ava Gardner. Há uma igualzinha [na época], mas não tão chique: Audrey Hepburn”, pensa Paulo Morais Alexandre. E a modelo, depois a actriz e mais tarde a noiva e a princesa trabalham essas imagens. Podia não haver personal stylists, mas havia costureiros amigos, figurinistas chegadas e realizadores estetas e controladores. São eles, juntamente com a própria loira de Filadélfia, que trabalham o ícone Kelly, cujos looks estavam nas montras de todas as lojas e grandes armazéns, cujo vestido de noiva inspirou gente de todo o Ocidente. “Ela é muito inteligente porque fez um trabalho dramatúrgico sobre si mesma. Há uma ligação entre o vestuário e o teatro, não só como figurino mas também como guião, ligado à pessoa. Quem a veste no casamento é uma figurinista [Helen Rose], que é a mesma que vestiu Audrey Hepburn no [filme] Férias em Roma (1953). Nada é inocente, ela quer uma dramaturgia do casamento”, garante o docente. E “é engraçado ver que a Lady Di vai fazer isto”, acrescenta, “na célebre entrevista televisiva em que se faz inocente — usa Ralph Lauren, com um ar Ivy League ‘benzoca’” — é a verdadeira herdeira do brilho Grace Kelly na opinião de Jenny Lister. Que, ainda assim, hesita — Kelly é única, dificilmente se fabricará outra assim, tão transversal e contida que quase chega a ser sensaborona. Talvez, surpreende-nos Lister, Carrie Bradshaw, a personagem de Candace Bushnell interpretada por Sarah Jessica Parker em Sexo e a Cidade seja outro ícone actual que resista, no futuro, à passagem do tempo. “Hoje os ícones são outros. Lady Gaga é a reencarnação do tipo Madonna, mas haverá provavelmente outra princesa ingénua a fazer capas” no futuro, estima Paulo Morais Alexandre. Maria Guedes evidencia o contraste entre o tipo Kelly, “perfeitinha, arranjadinha”, e o look trashy das mulheres mais perseguidas de hoje, de Sienna Miller a Kate Moss, passando pelas diminutas gémeas Olsen. Essas têm-se a si mesmas, às suas stylists e às suas marcas de roupa em nome próprio para criar uma imagem. Os artesãos de Kelly foram outros. Em Janela Indiscreta, Alfred Hitchcock faz um dos seus únicos planos em câmara lenta, senão o único. O alvo: um beijo de Grace Kelly. Inicialmente, o realizador só confiava em si mesmo e nas ordens precisas sobre as texturas, as cores e as peças do guarda-roupa dos seus filmes. Depois, em Chamada para a Morte, o filme que era para ter sido de Ingrid Bergman, não tivesse ela fugido enlevada por Roberto Rosselinni, ela convenceu-o numa escolha. A partir daí, estabelecia-se o verdadeiro triunvirato: actriz, realizador fascinado pelas loiras e Edith Head, a figurinista da Paramount cujas palavras nos permitem insistir: a simplicidade era pensada com toda a complexidade. “Ela selecciona roupas, histórias e realizadores com a mesma certeza”, diz a mulher que não chegou a vestir a sua noiva (mas que desenhou o guarda-roupa de partida para o Mónaco), Edith Head. “Ela percebia muito bem a linguagem das roupas e tendo trabalhado como modelo sabia como vestir-se correctamente para cada ocasião, sabia usar a sua altura e a sua pose para fazer as roupas parecer elegantes. Mas há a frase de Oleg Cassini sobre o facto de ela escolher roupas que não chamavam muito a atenção para que ela fosse notada. É algo muito subtil, mas tudo se resume à simplicidade e austeridade”, analisa Jenny Lister, rodeada de casais idosos que suspiram em torno das cores das roupas ou comentam como “ela era muito magra”. “Grace Kelly tinha aquele glamour de Hollywood”. Hoje, na idade do Flickr e do Gawker (um dos maiores sites de “caça à celebridade” com mapas para localizar onde foram vistas pela última vez e respectivas imagens) não há o mesmo sentido de “exclusivo” e de “inacessível”. A imagem pública de Kelly é uma construção do trio. “É uma coisa a três, entre ele, Edith Head, que já tinha um estilo muito contido antes de começar a trabalhar com Grace Kelly, [e a actriz]. Foi um acidente feliz que os três se tenham juntado e, se virmos Ladrão de Casaca, que é basicamente uma desculpa para mostrar Grace Kelly com um aspecto espantoso, e Cary Grant, talvez o equivalente masculino de Grace Kelly, em figurinos cuidadosamente coordenados e cores que mostram como ela se destaca repetidamente em todas as cenas, está simplesmente luminosa. Ele [Hitchcock] sabia o que queria e sabia que elas lhe dariam o que queria”, conta-nos Jenny Lister. Em Alta Sociedade ou Ladrão de Casaca, cujos figurinos desapareceram quase na totalidade porque os estúdios não tinham o hábito de os guardar, o estilo deusa, os drapeados, os vestidos trabalhados mas simultaneamente simples são tanto um testemunho da elegância da década, das propostas de nomes venerados como o de Madame Grés ou Jean Dessès, como um presságio de transição iminente. Kelly conhece Rainier no Festival de Cannes de 1955, o seu último filme, Alta Sociedade, é terminado em 1956 a tempo de ir noivar. Rainier viria a proibir a exibição dos filmes da sua mulher no principado, Hitchcock chegou a contar com ela para Marnie (1961), a MGM oferece-lhe Rose e o figurino na esperança de que o presente seja uma garantia de regresso, mas Grace Kelly deixaria definitivamente o estilo descontraído e semidesportivo dos EUA para rumar às compras na Hermés, Dior, Chanel, Balenciaga, para esconder a sua barriga de Carolina com uma mala que a Hermés baptizaria como Kelly bag e fazer a ponte entre a imagem americana saudável e a fotografia de palácio inalcançável. À entrada da exposição, mãe e filha entregam os bilhetes. “Estou tão entusiasmada! Yay!”, guincha a rapariga de 20 e poucos anos. Sorrisos embevecidos assistem ao noticiário que passa em repeat junto à fase “actriz”. O vestido de seda multicolor tipo túnica, de seu nome La bayadére, de Marc Bohan para a Dior (1967), não chama tanta atenção quanto os vestidos que usou com Diana ou Jacqueline Kennedy. “Duas pessoas com estilo concorrentes”, acotovela um reformado britânico. “Se eu experimentasse um destes chapéus, ficava ridícula”, comenta uma adolescente para outra. “Mas são lindos”, suspira. A exposição termina com dois fatos para festas de máscaras — dois Dior desenhados por Marc Bohan, um deles negro e renascentista, bordado a dourado. O outro uma túnica escarlate, com um detalhe em dourado a fazer de peitilho tribal e um complexo toucado feito de trancinhas e dourados. É imponente, feérico, indelével. A exposição termina em tom de festa, mas também com ironia. Afinal, já se diz que a vida é um baile de máscaras, que as roupas podem ser extensões de nós e da forma como queremos que nos percepcionem. Mas, para uma modelo tornada actriz tornada princesa, a ideia de uma mascarada é algo bem mais profundo. Reportagem publicada na edição da revista Pública de 4 de Julho de 2010
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Eleva-se a 102 o balanço de mortos no atentado de ontem no Paquistão
Há já 102 mortos e 98 feridos hospitalizados devido ao atentado de ontem no Noroeste do Paquistão. (...)

Eleva-se a 102 o balanço de mortos no atentado de ontem no Paquistão
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há já 102 mortos e 98 feridos hospitalizados devido ao atentado de ontem no Noroeste do Paquistão.
TEXTO: O Therik-e-Taliban Pakistan (TTP, Movimento dos Taliban do Paquistão) reivindicou a autoria do duplo atentado ocorrido no distrito pashtun de Mohaman, na fronteira com o Afeganistão. Foi o mais grave incidente verificado em território paquistão desde que em Outubro do ano passado o ataque a um mercado em Peshawar causou pelo menos 125 mortos. Entre os mortos há cinco crianças e algumas mulheres, tendo as brigadas de socorro trabalhado durante a noite nos escombros de dezenas de estabelecimentos, de modo a recolher mais corpos. Um bombista fez-se explodir junto a uma fila de pessoas que esperavam a distribuição de cadeiras de rodas nas imediações do gabinete do administrador local Rasool Khan, que considera que teria sido ele o alvo em mente. Depois disso, verificou-se uma segunda explosão, aparentemente de um carro armadilhado, tendo ambas demonstrado os desafios de segurança que ainda se apresentam ao Paquistão, um aliado dos Estados Unidos cujo apoio é essencial para a estabilização do vizinho Afeganistão, onde as tropas da NATO combatem rebeldes taliban. Os militares paquistaneses conseguiram durante o último ano afastar elementos rebeldes do vale de Swat, a noroeste de Islamabad; e em Outubro o Exércitou iniciou uma ofensiva na Waziristão Sul, junto à fronteira com o Afeganistão.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO