As feministas francesas pegaram na barba
Em França há um movimento feminista que tem pêlo na venta. Chama-se, muito apropriadamente, La Barbe e consiste em enviar mulheres com barbas postiças para reuniões e assembleias masculinas, onde lêem o seu manifesto anti-machista. (...)

As feministas francesas pegaram na barba
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-07-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em França há um movimento feminista que tem pêlo na venta. Chama-se, muito apropriadamente, La Barbe e consiste em enviar mulheres com barbas postiças para reuniões e assembleias masculinas, onde lêem o seu manifesto anti-machista.
TEXTO: É um grupo de acção directa que se pretende humorístico e pantomineiro. Da última vez que este grupo de mulheres resolveu sacar das barbas e usá-las em público foi no Festival de Cinema de Cannes. Protestavam então contra o facto de, dos 22 filmes a concurso, nenhum deles ter sido realizado por uma mulher. “Genericamente, os acontecimentos feministas giram todos à volta das mulheres. Mas nós centramo-nos nos homens porque, para nós, o problema não está nas mulheres, mas nos homens”, disse à BBC um dos membros deste colectivo, Colette Coffin. É por isso que adoptaram as barbas postiças, um look roubado aos antiquados e todo-poderosos protagonistas da Terceira República francesa, num tempo em que as mulheres tinham muito pouco relevo na vida pública francesa. Em francês coloquial a expressão “La Barbe” também significa qualquer coisa como “já basta”. O grupo inclui mulheres de todas as idades - de adolescentes a avós - e afirma que está unido em torno de um único objectivo: lutar contra o sexismo que ainda vigora na sociedade francesa, dizem. Isto apesar de o actual governo francês de François Hollande incluir um número recorde de mulheres - 17 -, ainda que muito poucas estejam à cabeça dos ministérios mais importantes. Recentemente a BBC testemunhou uma das acções do colectivo feminista, quando este penetrou numa reunião de Franco-Mações, ainda que estes tenham permitido o acesso a mulheres em 2010. As feministas argumentam que esta entrada a mulheres foi muito criticada e muitos membros continuam a ser contra esta alteração e, fundamentalmente, bastante machistas. Daí o protesto, que acabou com a retirada das mulheres do local da reunião e uma queixa apresentada na polícia por maus tratos. A primeira ministra francesa para os direitos das mulheres desde a década de 1980, Najat Vallaud-Belkacem, já admitiu recentemente que a França caiu diversos lugares nos rankings internacionais sobre igualdade de direitos e já prometeu lutar pela promoção da igualdade entre os géneros. A governante também já fez saber que está a rever a actual legislação sobre assédio sexual e que serão apresentadas novas propostas sobre esta matéria ao novo Parlamento, já nas próximas semanas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens mulher igualdade sexual mulheres feminista assédio
Falsos familiares de menina atacada pelos taliban detidos no hospital
Um grupo de pessoas que se fizeram passar por próximas da activista paquistanesa de 14 anos ferida a tiro pelos taliban tentou na noite de segunda para terça-feira entrar na unidade em que está internada num hospital de Birmingham, em Inglaterra. (...)

Falsos familiares de menina atacada pelos taliban detidos no hospital
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento -0.40
DATA: 2012-10-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um grupo de pessoas que se fizeram passar por próximas da activista paquistanesa de 14 anos ferida a tiro pelos taliban tentou na noite de segunda para terça-feira entrar na unidade em que está internada num hospital de Birmingham, em Inglaterra.
TEXTO: “Pelo que entendi várias pessoas se apresentaram como membros da família de Malala [Yousafzai], o que achamos ser falso, e foram interceptadas”, disse aos jornalistas Dave Rosser, director clínico do hospital do Hospital Rainha Isabel. “Não achamos que a segurança possa ter estado ameaçada”, acrescentou o responsável. Nenhuma das pessoas foi detida, segundo um porta-voz da polícia local ouvido pela AFP. A activista pelo direito das mulheres à educação no seu país, que se tornou num símbolo da resistência contra os taliban, foi transferida na segunda-feira de um hospital militar de Rawalpindi para a unidade de cuidados intensivos daquele hospital de Birmingham, especializado no tratamento de feridos de guerra. O processo de recuperação será longo. Malala foi atingida há uma semana a tiro na cabeça e num ombro em Mingora, a principal cidade do Vale de Swat, no Norte, quando regressava a casa da escola. O ataque viria a ser reivindicado pelos taliban do Paquistão, que fizeram saber tentarão de novo matá-la, se ela sobreviver. As autoridades paquistanesas oferecem uma recompensa de 100. 000 dólares (77. 500 euros) por informações que levem à detenção do responsável pelo atentado. O país está todo a olhar para ela. O Presidente Asif Ali Zadari afirmou nesta terça-feira, à margem de um fórum económico no Azerbaijão, que “o ataque dos taliban contra esta jovem menina de 14 anos, que desde os 11 anos se envolveu na luta pelo direito à educação das mulheres, é um ataque contra todas as meninas do Paquistão, um ataque contra a educação e todas as pessoas civilizadas”. Malala sempre quis ser médica, mas o pai traçou-lhe objectivos diferentes: uma carreira política. Quando tinha apenas 11 anos, começou a escrever, sob pseudónimo, um diário para a BBC Urdu, onde denunciava as práticas dos taliban na sua região. No ano passado, recebeu o prémio nacional para a paz.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra escola educação ataque rainha mulheres
Malala Yousafzai, a menina que lutou contra taliban, luta agora contra a morte
Eram muitas as noites em que Malala Yousafzai sonhava com soldados, helicópteros ou os taliban, também muitas aquelas em que não conseguia dormir. Mas tudo ficou ainda pior no dia em que a sharia (lei islâmica) passou a ser lei no Vale de Swat – uma concessão do Governo paquistanês para o cessar-fogo com os combatentes na região, em 2009. (...)

Malala Yousafzai, a menina que lutou contra taliban, luta agora contra a morte
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-16 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20121016151657/http://www.publico.pt/1567128
SUMÁRIO: Eram muitas as noites em que Malala Yousafzai sonhava com soldados, helicópteros ou os taliban, também muitas aquelas em que não conseguia dormir. Mas tudo ficou ainda pior no dia em que a sharia (lei islâmica) passou a ser lei no Vale de Swat – uma concessão do Governo paquistanês para o cessar-fogo com os combatentes na região, em 2009.
TEXTO: Na noite de 14 de Fevereiro o pai pegava no rádio uma última vez para ter a certeza que nada tinha mudado, num gesto meio ingénuo, quase ridículo. Na manhã seguinte terminava o prazo dado pelos taliban: mais nenhuma menina poderia ir à escola. Malala, que já era conhecida pela sua luta pelo direito das mulheres à educação, foi. Apesar do medo. “No caminho para a escola eles podem matar-nos, atirar-nos com ácido para a cara, fazer o que entenderem”, dizia então ao New York Times, que a acompanhava para o documentário Class Dismissed. “Mas eles não podem parar-me, eu vou ter a minha educação. ” Tinha 11 anos. No diário que escrevia para o site da BBC Urdu ja nessa altura (que assinava com o nome Gul Makai), descrevia a vida na sua cidade, Mingora, controlada pelos taliban. Insurgia-se sobretudo pelo direito das mulheres à educação. Via outros activistas mortos e exibidos pelas ruas e praças de Mingora, e sabia que um dia poderia chegar a sua vez. Quando na terça-feira regressava da escola, apareceram dois homens armados que a atingiram na cabeça e num ombro. Gravemente ferida, está em estado crítico num hospital militar em Rawalpindi, a recuperar de uma operação à cabeça. Os próximos dias serão cruciais, não se sabe se sobreviverá ou não. A jovem activista paquistanesa de 14 anos era já um símbolo da resistência contra os taliban do Paquistão – venceu o National Peace Award for Youth, no Paquistão, e foi nomeada para o International Children’s Peace Prize, da Dutch Kids Rights Foundation. Mas nos últimos dias o país esteve como nunca de olhos postos nela. As orações semanais desta sexta-feira foram dedicadas a Malala por todo o Paquistão, dois dias antes as escolas tinham estado fechadas. O Presidente Asif Ali Zadari condenou o ataque, quis que ela fosse tratada no Dubai. No Vale de Swat são organizados protestos. Os taliban já garantiram que se sobreviver voltarão a atacar. “Apesar de ela ser nova e uma menina e de os taliban não acreditarem em ataques a mulheres, qualquer um que faça campanha contra o islão e a sharia deve ser morto, segundo a sharia”, explicava há dias o porta-voz do grupo no comunicado em que o ataque foi reivindicado. “Não é apenas permitido matar uma pessoa assim, mas obrigatório. ”“Claro que vão tentar matá-la”, escreve o editor de política internacional da Slate. “Uma adolescente a falar no direito das mulheres à educação é a coisa mais assustadora no mundo para os taliban”, escreveu. “Ela não pertence a uma ONG estrangeira. Ela é muito mais perigosa do que isso: uma local, defensora do progresso da educação e do esclarecimento. Se pessoas como ela se multiplicarem os taliban não têm futuro. ”Pelo Paquistão já outras adolescentes disseram que não deixarão que o que aconteceu a Malala tenha sido em vão. Os dirigentes políticos fizeram o mesmo. Um ícone“Malala é o nosso orgulho. Tornou-se num ícone para o país”, disse o ministro do Interior, Rehman Malik. O primeiro-ministro, Raja Pervez Ashraf, foi visitá-la e pediu a todos os líderes paquistaneses que se juntassem a ele e o chefe das Forças Armadas, Ashfaq Parvez Kayani, afirmou que chegou a hora de “combater os que propagam esta mentalidade bárbara e os seus simpatizantes”. Também Bushra Gohar, do Partido Nacional Awami, parte da frágil coligação governamental com o Partido do Povo do Paquistão (PPP) e no poder no Vale de Swat, já disse no Parlamento que “o tempo para acabar com o terrorismo chegou”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens escola educação ataque adolescente medo mulheres morto
Rainha Beatriz da Holanda abdica a favor do filho Guilherme
A três dias de comemorar 75 anos de idade, Beatriz cumpre uma tradição das últimas décadas na Holanda: ceder o trono. (...)

Rainha Beatriz da Holanda abdica a favor do filho Guilherme
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: A três dias de comemorar 75 anos de idade, Beatriz cumpre uma tradição das últimas décadas na Holanda: ceder o trono.
TEXTO: A rainha não está morta, viva o rei! Nas últimas seis décadas, tem sido esta a proclamação que acompanha o anúncio da subida ao trono de um novo monarca na Holanda, uma tradição sem igual nas restantes monarquias europeias. Esta segunda-feira, foi a vez da rainha Beatriz abdicar voluntariamente do topo da monarquia constitucional do país. O sucessor é o seu filho Guilherme Alexandre, que será investido no final de Abril. "É com a maior confiança que entregarei o trono ao meu filho Guilherme e à sua esposa Máxima, no dia 30 de Abril", anunciou a monarca numa comunicação ao país — a três dias de comemorar 75 anos de idade —, em que se declarou "convencida" de que ambos estão "preparados para assumir a responsabilidade". Beatriz rejeitou a ideia de que a idade começava a pesar e apontou outro motivo para a sua decisão: "Não abdiquei porque o cargo era pesado de mais para mim, mas porque a responsabilidade por este país deve recair nas mãos de uma nova geração. "Na hora da saída, as palavras da rainha Beatriz curvaram-se perante o povo holandês: "Agradeço-vos muito a confiança que em mim depositaram nestes anos em que tive o privilégio de vos servir como rainha. "A decisão da rainha Beatriz mereceu uma reacção imediata do primeiro-ministro, Mark Rutte, que destacou o envolvimento da monarca no acompanhamento de desastres naturais no país. "A rainha esteve sempre presente nos bons momentos, mas também nos maus momentos. O seu conhecimento e compaixão fizeram dela um ícone da Holanda", lê-se num comunicado do primeiro-ministro, citado pelo site do jornal britânico The Guardian. Os rumores sobre a saída de Beatriz do trono da Holanda já circulavam há mais de um ano. Em Janeiro de 2012, no dia do seu 74. º aniversário, tudo levava a crer que Guilherme Alexandre iria ser investido ainda nesse ano. Era o próprio Governo de centro-direita que o dava a entender. "O príncipe herdeiro, Guilherme, está pronto para reinar", frisou então um porta-voz governamental. A própria rainha admitiu esta segunda-feira que a ideia estava a ser equacionada há muito tempo: "É uma boa altura para tomar esta decisão, que já estava a ser pensada há alguns anos. "A confirmação chegou pela boca da própria rainha, mas o acto em si não é uma novidade para os súbditos holandeses. Desde que a rainha Guilhermina abdicou do trono a favor da sua filha Juliana, em 1948, a casa real da Holanda não tem abdicado desta tradição: o herdeiro não precisa de esperar pela morte do regente para ser investido. Trinta e dois anos depois, foi a vez de Juliana sair de cena e deixar o trono a Beatriz, que tem chefiado o Estado desde 1980. O futuro rei, o príncipe Guilherme Alexandre, tem 45 anos e é casado com a argentina Máxima Zorreguieta, de 41 anos, filha de Jorge Zorreguieta, ministro da Agricultura no regime de Jorge Rafael Videla, considerado por muitos o ditador mais cruel da América Latina. Guilherme e Máxima casaram-se no dia 2 de Fevereiro de 2002, numa cerimónia que não contou com a presença da família da noiva devido à imagem negativa de Jorge Zorreguieta na Holanda. Com a cerimónia de investidura marcada para 30 de Abril, Guilherme Alexandre será também o primeiro rei da Holanda em mais de 100 anos, depois de Guilhermina (1890-1948), Juliana (1948-1980) e Beatriz.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha filho rainha morta
As marmitas, a Rainha de Inglaterra e os quatro mil milhões
É incomparavelmente maior o desperdício associado à restauração que o que existe associado à cozinha feita em casa. (...)

As marmitas, a Rainha de Inglaterra e os quatro mil milhões
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-03-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: É incomparavelmente maior o desperdício associado à restauração que o que existe associado à cozinha feita em casa.
TEXTO: Eu, marmiteiro desde sempre me confesso. Não entendo o tom negativo com que se escreve sobre o saudável hábito de levar para o trabalho o que se decidiu comer. Eu sei que os tempos vão maus para quem, como eu, defende a frugalidade como condição de sustentabilidade: é meio caminho andado para ser acusado de lacaio do governo, da troika e do grande capital, que mexe os cordelinhos de tudo isto. A verdade é que é incomparavelmente maior o desperdício associado à restauração que o que existe associado à cozinha feita em casa, por medida e aproveitando restos, sem as restrições da legislação paranóica que regulamenta o uso de alimentos. E ainda com um uso menor de equipamentos de elevado consumo energético. Para além da sustentabilidade e economia, há outra tendência que aconselha esta prática: saber exactamente o que se come, um luxo hoje acessível a pouca gente nas cidades. Quando nos séculos XVIII e XIX, no coração da revolução industrial inglesa, se começou a desenvolver o conceito de horta urbana, a ideia era eminentemente social, pretendia-se melhorar a alimentação dos operários, a baixo custo, abrindo-lhes a possibilidade de usarem uma horta. Nos anos 40 do século XX, quando Caldeira Cabral escreveu os primeiros textos portugueses a defender a mesma ideia, era ainda a preocupação social, associada à da gestão do território, que dominava. E essa visão das hortas urbanas como um apoio social manteve-se durante os muitos anos que Ribeiro Telles leva a defendê-las. Mas olhando para a campanha Eat the View, a que aderiram, por exemplo, Michele Obama e a Rainha de Inglaterra, percebemos que não é por falta de recursos que as duas têm hortas, respectivamente na Casa Branca e no Palácio de Buckingham. O verdadeiro luxo não é almoçar um carré de borrego vindo da Nova Zelândia, o verdadeiro luxo é comer uns grelos colhidos nessa manhã e que se sabe exactamente como foram produzidos. É por isso que me entristece que não haja uma horta no Palácio de Belém e outra em S. Bento. As hortas não têm de ser as traseiras do espaço urbano, como não o eram nas quintas de recreio, com os caminhos, os sistemas de rega e elementos chave, como os alegretes (o nome diz tudo), a criarem um ambiente de grande qualidade estética, sem que o espaço perdesse a sua função produtiva. Ainda não desesperei de ver o tabuleiro central do Parque Eduardo VII cheio de hortas, num espaço bem desenhado para acolher as funções urbanas de uma das zonas mais nobres de Lisboa. As vantagens seriam muitas, desde a liberdade de escolher o que se come, na época certa, no momento certo de maturação, até ao contributo para o corte dos 4000 milhões de despesa do Estado, através da redução na factura da manutenção do jardim.
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA
O Papa Francisco lavou os pés a duas raparigas e uma delas é muçulmana
O Papa deslocou-se a uma prisão para cumprir uma tradição da Páscoa. (...)

O Papa Francisco lavou os pés a duas raparigas e uma delas é muçulmana
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-03-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Papa deslocou-se a uma prisão para cumprir uma tradição da Páscoa.
TEXTO: O Papa Francisco celebrou nesta quinta-feira a cerimónia pascal do lava-pés de uma forma inédita: numa casa prisão de Roma (Itália), o Casal del Marmo, que alberga jovens delinquentes. Não foi inédita pelo acto, mas pelos escolhidos: lavou e beijou os pés de dez rapazes e, pela primeira vez, de duas raparigas, uma muçulmana de origem sérvia, relatou a Rádio Vaticano que disse que se tratou de um momento “muito emocionante”A cerimónia da lavagem dos pés relembra o momento em que Jesus, num gesto de humildade, lavou os pés dos seus 12 discípulos depois da última ceia, antes de ser preso e, mais tarde, crucificado. Na capela da prisão, Francisco, o Papa argentino eleito a 13 de Março — depois da renuncia de Bento XVI —, celebrou uma missa, que improvisou, e na qual usou uma linguagem acessível, simples e calorosa, diz a agência noticiosa francesa AFP. Lavar os pés, explicou Francisco, é “um gesto que simboliza um carinho de Jesus”, é um “gesto que vem do coração” e que disse fazer “como padre e como bispo” — não se identificou como Papa, este Francisco que já renunciara aos adornos vermelhos, que manteve a cruz de ferro que usava como arcebispo de Buenos Aires, que não quis a viatura oficial e que não dorme nos aposentos oficiais. “Jesus veio para nos servir, para nos ajudar. Pensemos bem: estamos mesmo dispostos a servir os outros?”, perguntou o Papa aos jovens deste Instituto Penal para Menores. “O Senhor deu o exemplo. Não se trata aqui de lavar os pés dos outros todos os dias, mas de sabermos que temos de nos ajudar. Se estivermos em cólera uns contra os outros, perdemo-nos”, disse, usando uma expressão popular junto dos jovens italianos, “lascia perdere”. Houve cantos e música de guitarra a acompanhar toda a cerimónia. O Papa foi à Casal del Marmo, não foram os jovens que viajaram até à sua presença — a cerimónia costuma acontecer na imensa e fria (descrição da AFP) basílica de São João Latrão, a catedral do bispo de Roma (o Papa é bispo de Roma, por isso as primeiras palavras de Francisco foram para os romanos, pedindo-lhes a bênção). “A fé, dentro de uma prisão, é muito importante. É um sinal de esperança. Eles são activos durante o dia, mas chega sempre o momento em que a porta se fecha e ficam sozinhos”, disse aos jornais italianos uma voluntária do Casal del Marmo, Annalisa Marra. Falou na surpresa que foi o anúncio da visita do Papa e na importância que tem para os 50 jovens em reabilitação que lá vivem saberem que “alguém acredita neles”, que “alguém pensa neles e lhes dá o perdão”. O lavar e o beijar dos pés e a missa que o acompanha são uma tradição da Igreja Católica na Quinta-Feira Santa, que antecede a Páscoa — quando terá acontecido a última ceia de Cristo e dos 12 apóstolos. Francisco quis que esta celebração fosse uma continuidade de discurso desde que foi eleito: uma chamada de atenção sobre os mais desprotegidos, os mais necessitados e vulneráveis; antes falou dos mais pobres, agora dos jovens em sofrimento. “Não deixem que vos roubem a esperança — ouviram?”, disse-lhes, à despedida. Na Argentina, o então cardeal Jorge Bergoglio visitava com frequência instituições de jovens em recuperação. No Casal del Marmo informaram-se sobre o novo Papa e propuseram que, entre os menores, houvesse rapazes de fés diferentes, representando toda a comunidade de 50 (católicos, ortodoxos, muçulmanos), e também raparigas, e que uma delas não fosse católica. “Do Vaticano não houve resistência, aceitaram”, explicou ao jornal italiano La Repubblica o padre Gaetano Greco, capelão em Marmo. O diálogo entre religiões também está entre as prioridades deste Papa, o primeiro que se chama Francisco, em referência a São Francisco de Assis e do seu trabalho evangélico e social entre os mais pobres e desprotegidos. A missa foi à porta fechada, mas a popularidade do Papa levou centenas de pessoas às portas da Marmo, nos arredores de Roma.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave prisão comunidade social
Estudo conclui que existem traços ligeiros de autismo em raparigas com anorexia
Através da medição de três quocientes, investigação concluiu existirem semelhanças quando à obsessão por sistemas e detalhes. (...)

Estudo conclui que existem traços ligeiros de autismo em raparigas com anorexia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento -0.16
DATA: 2013-08-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Através da medição de três quocientes, investigação concluiu existirem semelhanças quando à obsessão por sistemas e detalhes.
TEXTO: Um estudo realizado com raparigas anorécticas revelou que estas manifestaram comportamentos com características ligeiras de autismo, o que pode abrir caminho a novos métodos de tratamento de pessoas que sofrem deste distúrbio alimentar. Segundo Simon Baron-Cohen, que liderou a equipa do Centro de Investigação de Autismo da Universidade de Cambridge, que realizou o estudo, “a mente de uma pessoa com anorexia pode partilhar muito com a mente de uma pessoa com autismo”. Para esta investigação foram analisados dois grupos de adolescentes. Um com 66 raparigas com anorexia confirmada clinicamente, com idades entre os 12 e os 18 anos. Um segundo grupo era formado por 1609 adolescentes sem o distúrbio alimentar, com o mesmo intervalo de idades. Ambos foram submetidos a testes de medição dos quocientes do espectro de autismo, de sistematização e de empatia. Quando comparadas com raparigas sem qualquer perturbação no quociente do espectro de autismo, as adolescentes anorécticas mostraram um número de traços autistas acima da média. O mesmo se passou ao ser analisado o seu interesse em repetição de padrões e sistemas com regras previsíveis. Ficaram, no entanto, abaixo da média quanto à empatia, uma característica semelhante, ainda que menos pronunciada, ao verificado em pessoas com autismo. Segundo o estudo, divulgado esta terça-feira, estas conclusões sugerem que as duas disfunções podem ter em comum traços subjacentes. Simon Baron-Cohen, citado no comunicado publicado pela Universidade de Cambridge, sublinha que “tradicionalmente, a anorexia tem sido vista apenas como um distúrbio alimentar”. O especialista em autismo diz tratar-se de uma conclusão “razoável”, uma vez que “o perigo do baixo peso e o risco de malnutrição ou mesmo morte tem que ser a principal prioridade” em casos de anorexia. Mas Baron-Cohen argumenta que há novos dados que podem mudar a forma como deve ser abordado um determinado caso de anorexia. “Esta nova investigação sugere que subjacente ao comportamento superficial, a mente de uma pessoa com anorexia pode partilhar muito com a mente de uma pessoa com autismo”. SemelhançasO investigador realça depois algumas semelhanças encontradas no estudo, nomeadamente o facto de na anorexia e no autismo existir “um forte interesse em sistemas”. No caso das raparigas com anorexia, estas adoptam sistemas rotineiros centrados no peso, alimentos ingeridos e estrutura do corpo. Surgem assim traços semelhantes quanto à existência de comportamentos e atitudes rígidas ou a obsessão com os detalhes. Bonnie Auyeung, um dos elementos da equipa que realizou o estudo, sublinha outra das conclusões que podem ser retiradas deste trabalho. A especialista, que trabalha no Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, realça que o autismo é “diagnosticado mais frequentemente nos homens” mas que a “proporção de mulheres com autismo pode estar a ser negligenciada ou mal diagnosticada, por serem casos que chegam às clínicas com sendo de anorexia”. E de que forma o estudo agora apresentado pode ajudar? Tony Jaffa, outro dos responsáveis pela investigação, explica que, por exemplo, nas anorécticas pode tentar alterar-se os seus interesses obsessivos pelo peso e dietas para uma forma equilibrada de trabalhar o modo como vêem o corpo. “Reconhecer que alguns doentes com anorexia podem também precisar de ajuda com competências sociais e de comunicação e na adaptação à mudança, também nos dá um novo ângulo de tratamento”, defende.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens ajuda estudo mulheres corpo alimentos
Lançada aplicação para smartphone que ajuda as mulheres a engravidarem
Gratuita e disponível desde quinta-feira, a aplicação pretende ajudar na concepção mas também no estudo da infertilidade. (...)

Lançada aplicação para smartphone que ajuda as mulheres a engravidarem
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.333
DATA: 2013-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gratuita e disponível desde quinta-feira, a aplicação pretende ajudar na concepção mas também no estudo da infertilidade.
TEXTO: Chama-se Glow e é uma aplicação (app) para smartphones que pretende ajudar as mulheres a calcularem qual é a melhor altura para engravidarem. Através da inserção de dados como a última data menstrual, temperatura do corpo, estado emocional e de saúde, estabelece um calendário com os dias férteis da mulher. A aplicação pretende aumentar as hipóteses para uma gravidez, ficando ao cargo da mulher a inserção diária e o mais rigorosa possível dos dados que possam estabelecer uma janela de tempo correcta para ficarem grávidas. Todos os dias, devem ser dadas indicações sobre o estado de humor, stress ou ansiedade, bem como a temperatura corporal e o peso. Através dos dados inseridos, a app cria uma série de alertas para a mulher, que podem ir desde a hora a que deve tomar as vitaminas pré-natais ou a altura certa para comprar um teste para saber se está a ovular. Quem utilizar a app pode ainda aderir ao programa Glow First, sem fins lucrativos. Por 50 dólares (37 euros) por mês e durante dez meses, os casais inférteis entram num projecto de ajuda financeira para tratamentos de fertilidade nos EUA. Quando a mulher fica grávida, os pagamentos são suspensos e o dinheiro com que contribuiu até então será utilizado para ajudar outras mulheres a engravidarem. Se ao final de dez meses, não houver uma gravidez, a mulher recebe uma doação do programa para iniciar tratamentos de fertilidade. A mulher ou casal devem manter-se como utilizadores activos durante dez meses ou até ser confirmada a gravidez. Estudar a infertilidadeEsta não é a primeira aplicação destinada a ajudar mulheres a engravidarem. Outras como a FemiCycle, iOvulation ou iFertility Log estão disponíveis para iPhone. No caso da Glow, a informação que vai ser inserida pela mulher irá ter utilidade científica. A app Glow tem o mesmo nome de uma start-up criada em Maio e que teve como co-fundador Max Levchin, um dos criadores do PayPal e da Slide. Para já, está disponível gratuitamente desde quinta-feira na Apple Store online e deverá ter uma versão para Android em breve. Max Levchin explica que o projecto, que contou com um investimento de cerca de seis milhões de dólares (4, 4 milhões de euros), tem como principal objectivo reunir as informações que são prestadas pelas mulheres, de forma anónima, e ajudar o estudo da infertilidade. Levchin, citado pelo New York Times, explica que este projecto foi lançado depois de ter percebido que existem pouco estudos que estabeleçam, por exemplo, uma relação entre o estado emocional da mulher e a concepção. Os dados que serão reunidos pela Glow serão entregues a equipas de investigação mas este não é o único objectivo de Levchin. Com a iniciativa Glow First pretende mostrar que é possível encontrar formas alternativas de financiamento de tratamentos de saúde quando não há respostas por parte dos sistemas nacionais de saúde. No caso dos Estados Unidos, os tratamento de fertilidade têm pouca ou nenhuma cobertura por parte das companhias de seguro. “Este é um primeiro passo de transição para criar uma nova forma de financiamento”, conclui.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Morreu Karen Black, a actriz que nos trouxe mulheres complicadas e sedutoras
O grande Gatsby, Destinos Opostos e Nashville são alguns dos filmes que marcaram a sua carreira. (...)

Morreu Karen Black, a actriz que nos trouxe mulheres complicadas e sedutoras
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento -0.33
DATA: 2013-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O grande Gatsby, Destinos Opostos e Nashville são alguns dos filmes que marcaram a sua carreira.
TEXTO: A actriz norte-americana Karen Black morreu aos 74 anos, vítima de cancro, anunciou o seu marido e produtor Stephen Eckelberry. "É com grande tristeza que tenho de informar que a minha mulher e melhor amiga, Karen Black, acaba de falecer”, escreveu Eckelberry, no seu perfil no Facebook. “Obrigado a todos pelas orações e pelo amor, que significaram tanto para ela, quanto para mim. ”Black, que protagonizou alguns filmes produzidos na década de 1970 como O Grande Gatsby ou Nashville, nasceu nos subúrbios de Chicago e desenvolveu uma carreira que ficará para sempre ligada a papéis em que representa mulheres neuróticas e problemáticas, ao lado de algumas das maiores estrelas masculinas da Hollywood do seu tempo, como Jack Nicholson e Peter Fonda. É precisamente com Nicholson que contracena num dos títulos que mais marcariam o seu percurso - Destinos Opostos (1970). Neste êxito a actriz é Rayette, uma empregada de mesa que se envolve com Bobby Dupea (Nicholson, é claro), um ex-pianista prodígio que nasceu numa família endinheirada e muito tradicional. O filme dirigido por Bob Rafelson acaba por ser sobre o confronto de dois mundos, o do conflituoso e sedutor Dupea e o da sonhadora Rayette, que ele acaba por deixar sozinha num restaurante de beira de estrada a caminho da Califórnia. Já em 1969, Black e Nicholson se tinham encontrado num dos filmes mais icónicos da indústria norte-americana deste período – Easy Rider, com Peter Fonda e Dennis Hopper nos principais papéis (o primeiro seria também o produtor e o segundo o realizador). Neste road movie que viria a transformar-se num marco da contracultura, questionando temas sociais tão sensíveis no seu tempo como o movimento hippie ou o consumo de drogas, a actriz é a prostituta que partilha LSD com os dois motociclistas (Fonda e Hopper) que se fizeram à estrada à procura da liberdade. Como lembra hoje o diário norte-americano The New York Times, Karen Black, que se estreou no teatro em papéis ingénuos, notabilizou-se no cinema dando vida a mulheres contraditórias e sedutoras em filmes que eram geralmente dominados por homens (Robert Redford, Cary Grant, Omar Sharif, Charlton Heston e Donald Sutherland, entre outros). O Grande Gatsby (1974), adaptação do clássico homónimo de F. Scott Fitzgerald dirigida por Jack Clayton e com guião do próprio autor e de Francis Ford Coppola, não foi excepção. Nele a actriz é Myrtle Wilson, a amante rude, patética e pouco inteligente de Tom Buchanan (desempenhado por Bruce Dern). É como Rayette e Myrtle que ganha os seus dois globos de ouro como Melhor Actriz Secundária, sendo ainda nomeada para o Óscar pelo seu papel em Destinos Opostos. Mas foi em Nashville, filme em que Robert Altman explora o universo da música country e o estatuto das celebridades, com política e tensões sociais à mistura, que Karen Black mostrou que não era só uma actriz. Na pele de uma veterana da country, interpretou uma série de canções que ela mesma tinha composto. No seu currículo com títulos de qualidade e resultados de bilheteira bastante desiguais, lembra esta sexta-feira a imprensa internacional, incluem-se ainda Airport 1975 (1974), um filme-catástrofe; Portnoy's Complaint (1972), baseado no romance homónimo de Philip Roth (O Complexo de Portnoy, editado pela D. Quixote); Rhinoceros (1974), que adapta ao grande ecrã uma das peças do teatro do absurdo de Ionesco; e Intriga em Família (1976), o último filme de Alfred Hitchcock em que Black é uma ladra de jóias, naquele que viria a ser um dos seus papéis mais populares. “Black traz para os seus papéis uma combinação livre de vulgaridade e ingenuidade”, escreveu a revista Time em 1975, lembra hoje o New York Times. “Às vezes brinca, outras mostra uma certa decadência que faz dela aquele tipo de mulher que tem o nome tatuado nos marinheiros. ”Karen Blanche Ziegler nasceu nos arredores de Chicago, em 1939, filha de uma autora de livros infantis bastante premiada e de um violinista que fazia parte da orquestra sinfónica da cidade. Estudou teatro dois anos na universidade, mas interrompeu o curso para ir para Nova Iorque, onde começou a trabalhar na Broadway e a ter aulas com Lee Strasberg, o célebre pedagogo com quem nunca se deu bem. Dos musicais passou para o cinema e para a televisão, muitas vezes em filmes e séries que não faziam justiça ao seu talento. Em 2010, Black foi diagnosticada com um cancro semelhante ao do pâncreas. Em Março a notícia chegou às televisões e jornais porque a família lançou uma campanha de angariação de fundos na Internet para que a actriz pudesse ser sujeita a um tratamento experimental (conseguiram cerca de 80 mil euros ). Cinco anos antes, Black estivera em Portugal, a convite do festival de cinema Fantasporto. Notícia corrigida às 11h07. Karen Black entrou no filme Intriga em Família, de 1976, e não no Intriga Internacional. O filme Five Easy Pieces tem em português o título Destinos Opostos
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Partidos LIVRE
O dia em que se escreveu história no Brinco de Ouro da Princesa
Ninguém acreditava, mas o Guarani obteve há 35 anos um feito memorável, que colocou o interior no mapa do futebol brasileiro. (...)

O dia em que se escreveu história no Brinco de Ouro da Princesa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ninguém acreditava, mas o Guarani obteve há 35 anos um feito memorável, que colocou o interior no mapa do futebol brasileiro.
TEXTO: Brinco de Ouro da Princesa é um nome espectacular para um estádio de futebol. A história conta que a denominação foi inspirada por um jornalista do Correio Popular, jornal de Campinas, onde se situa o recinto. A forma circular do estádio lembrou o jornalista João Caetano Monteiro Filho de um brinco. E como Campinas é conhecida por “Princesa d’Oeste”, foi um pequeno passo até achar o título: “Brinco de ouro para a ‘princesa’”. O nome Brinco de Ouro da Princesa ganhou raízes entre a população e ficou para a posteridade. O Brinco de Ouro da Princesa é um estádio importante na história do futebol brasileiro. Foi lá que, há 35 anos, o Guarani escreveu um capítulo tão memorável quanto inesperado. Contra todos os prognósticos, uma equipa na qual ninguém acreditava sagrou-se campeã do Brasil. O Guarani continua a ser a única equipa de uma cidade interior – ou seja, que não é a capital estadual nem as cidades adjacentes a ela (áreas metropolitanas) – a conquistar o ceptro de campeão brasileiro. Hoje debate-se com sérias dificuldades financeiras e disputa a Série C (terceiro escalão do futebol brasileiro). Liderado por um treinador desconhecido de 38 anos, de seu nome Carlos Alberto Silva (técnico cuja carreira passaria por Portugal, no FC Porto e Santa Clara, para além dos maiores clubes brasileiros e a selecção canarinha), o Guarani encantou o Brasil. Uma das estrelas mais brilhantes da equipa campeã em 1978 era um adolescente de 17 anos, chamado Antonio de Oliveira Filho que ficou na história como Careca. Vestiu a camisola da selecção brasileira nos Mundiais de 1986 e 1990 e jogaria ao lado de Diego Maradona no Nápoles. Numa altura de convulsão no futebol brasileiro, o campeonato de 1978 não fugiu à regra da confusão: 74 equipas (divididas por seis grupos) disputaram a primeira fase do torneio. Com algumas regras bizarras, como aquela que dava três pontos às equipas que vencessem por três ou mais golos de diferença, mas apenas dois a quem ganhasse só por um ou dois golos de diferença. A caminhada do Guarani até começou mal, com uma derrota em casa (1-3), frente ao poderoso Vasco da Gama. Mas as coisas foram correndo bem: a equipa de Carlos Alberto Silva ultrapassou a primeira fase, a segunda e a terceira. Nos quartos-de-final não deu hipóteses ao Sport de Recife (2-0 e 4-0). Seguiu-se um reencontro com o Vasco da Gama. Mas o Guarani já era uma equipa diferente: na primeira mão ganhou 2-0 em casa, e na visita ao Maracanã não se intimidou. Um “bis” de Zenon garantiu o triunfo por 2-1 e calou o Maracanã. O Guarani estava na final do campeonato. O Palmeiras (em cujo currículo havia seis títulos de campeão) era o adversário da equipa de quem se dizia que “jogava por música”. Primeiro o Guarani jogou fora: 343 autocarros saíram de Campinas rumo a São Paulo, para apoiar Careca e companhia. E o adolescente foi decisivo – provocou o guarda-redes Leão, que lhe tentou dar uma cotovelada e acabou expulso. Zenon não desperdiçou o penálti. Foi essa curta vantagem que o Guarani levou para o Brinco de Ouro da Princesa, onde se decidiu o campeonato. Os adeptos saudaram a subida da equipa ao relvado com bandeiras e foguetes. Careca, como se não fosse nada, brilhou: antes do intervalo fez o 1-0, e na segunda parte quase marcava um golo brilhante, de calcanhar. Não importa, o Guarani fez a festa. Osmar Santos, histórico locutor desportivo brasileiro, disse palavras históricas: “Vai terminar o jogo! (. . . ) [É uma resposta] à falta de liberdade, de liberdade no drible, de liberdade no toque, de liberdade no jeito à brasileira. O jogador brasileiro, como o povo, precisa da liberdade para jogar, para se expressar, para se comunicar. O Guarani dá demonstração da necessidade dessa liberdade”. Isto num Brasil em plena ditadura militar. No dia seguinte, em Campinas, viveu-se uma espécie de dia feriado. Uma multidão juntou-se no centro da cidade para receber autógrafos. A ditadura militar só cairia em 1985. * Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias e campeonatos de futebol periféricos
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